Um dia após a
eleição de Donald Trump em 2016, Teresa Shook, uma avozinha aposentada no Havaí
criou uma página no Facebook para organizar uma marcha de mulheres para
protestar não só o resultado da eleição, mas promover direitos das mulheres,
dos homossexuais, reformas da imigração, da saúde, do meio-ambiente, defender a
justiça racial e igualdade racial. A ideia pegou fogo e a primeira marcha
ocorreu no dia 21 de janeiro de 2017, um dia após a inauguração de Trump com a
participação de milhões de mulheres nas principais cidades americanas e do
mundo.
Apenas dois
anos depois, o movimento está severamente dividido e Teresa Shook foi à publico
para exigir a resignação das co-organizadoras do evento que, desviaram de seu
propósito e sequestraram o movimento e o estão usando para promover sua própria
agenda ideológica.
As
co-organizadoras de Nova Iorque são, a designer Bob Bland, e as ativistas Tamika
Mallory, Linda Sarsour e Carmen Perez. Estas três últimas, conseguiram expulsar
Vanessa Wruble do movimento por ser judia. Evvie Harmon, uma outra
organizadora, disse que viu Carmen Perez gritar com Vanessa dizendo: vocês
detêm toda a riqueza. Elas também simpatizam abertamente com o líder da Nação
do Islão, Louis Farrakhan. É o mesmo que chamou os judeus de cupins no ano passado.
E este foi quase um elogio porque ele chama os judeus regularmente de Satans, de
inimigos da América, responsáveis pelo homossexualismo de Holywood e pelos
ataques de 11 de setembro de 2001.
Há alguns
anos, Louis Farrakhan era um pária. Mas hoje, tais comentários não são
suficientes para cancelarem sua conta no Twitter. Mas opiniões conservadoras o
são como as contas de Dennis Prager, Jessy Kelly, Dan Bongino e Michael Flynn
Junior.
Isto tudo tem
a ver com a controvérsia sobre o antissemitismo que permeou a Marcha das
Mulheres que adotou o rótulo de judeus como “brancos”, como em “brancos
privilegiados”.
É incrível
que apenas 70 anos depois do Holocausto e toda a história do antissemitismo
anterior que hoje os judeus sejam considerados como brancos suprematistas. Isto
quando o termo “branco” se tornou algo pejorativo.
De repente,
para a esquerda, os judeus não mais são diversos racial e culturalmente. Ela
não reconhece a existência de judeus vindos do Iêmen, Marrocos, Iraque, Irã,
Turquia, Etiópia, Índia com cores de pele e culturas diferentes.
Os judeus na
América até hoje têm sido considerados como vítimas do racismo e como tal, não
podem ser atacados. O único grupo na América que não pode dizer que sofre é o "branco".
Quando os americanos dizem que os "judeus são brancos", a ideia é
arrancar essa diversidade e branquear todos até que não haja história do povo
judeu. E com isso pode-se justificar o aumento astronômico de atentados
antissemitas na America que subiu no ano passado em mais de 60% ao ano
anterior.
Só na semana
passada, dois judeus em Brooklyn foram surrados em frente à sinagoga de Crown
Heights, aonde fica a sede do Chabad, por nenhuma razão aparente. O FBI
publicou que de todos os crimes de ódio, ataques a judeus ou à sua propriedade
está em primeiro lugar no ranking.
Interessante
que ninguém chama muçulmanos de “brancos” apesar de uma grande parte dele o
serem. E isso revela algo importante: o antissemitismo não morreu. Só mudou de
roupa. E de desculpa, que hoje se resume a se declarar anti-Israel.
Isso me traz
ao Brasil.
Não foi desde
meus tempos de colegial, quando ouvi manifestações anti-judaicas na escola
durante a transmissão do seriado Holocausto, que senti o antissemitismo tão crú
no Brasil. Logo que o grupo de 130 soldados, médicos, e outros especialistas de
Israel desembarcaram em Minas para ajudar no resgaste de Brumadinho, artigos e
cartoons antissemitas foram publicados em toda a imprensa. Soldados descendo do
avião com sangue nas mãos dizendo que não vieram antes porque estavam matando
palestinos, o Brasil sob nova gerência amarrado com a bandeira de Israel e
muitos outros. Alguns chegaram a afirmar que o objetivo de Israel era na
verdade de implantar um núcleo do Mossad no Brasil ou até de mexer com
evidências de culpa da Vale – que com certeza, de acordo com eles, está nas
mãos dos judeus.
Nenhum se deu
ao trabalho de verificar o que esta equipe de resgate tem feito mundo afora
desde sua fundação em 1984. Já em 85 estiveram resgatando sobreviventes de 4
terremotos no México e novamente em 2017. Em 1988 foi o terremoto na Armênia.
Em 1994 participaram no resgate das vítimas do ataque à AMIA na Argentina e no
Congo ajudaram refugiados da Guerra Civil de Ruanda. Em 1998 Israel foi ajudar
resgatar os sobreviventes do ataque terrorista à embaixada americana no Kenya; trabalharam
em outros terremotos em 99 na Turquia e na Grecia. Em 2001, foi a vez do
terremoto na India e muitos outros eventos no Egito, Sri Lanka, Estados Unidos,
Haiti, Colombia, Japão, Bulgaria, Ghana, Filipinas, Nepal, e até na Siria.
É uma
verdadeira tragédia quando há pessoas que não sabem reconhecer o bem que
recebem de outros. E usam este bem para derramarem seu veneno. É verdade também
que muitos outros por outro lado, inundaram as contas do Twitter do Exercito de
Israel e do Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu com palavras de agradecimento.
Não estou
minimizando este fato, mas é nossa obrigação denunciar estes antissemitas.
È realmente
muito difícil compreender de onde vem este sentimento, especialmente num país
que é uma verdadeira mistura de todas as raças e credos. Sabemos que o
antissemitismo na Europa não morreu no dia seguinte à rendição dos nazistas aos
aliados em 1945. Pogroms se seguiram na Polônia e em outros lugares aonde os
judeus tiveram a temeridade de retornar.
Mas tínhamos
sempre a esperança que o mundo aprendera a lição. Infelizmente parece que não.
Dizer que não tem nada contra judeus mas contra o Estado de Israel - que
encorpa a autodeterminação judaica, é uma falácia. Dizer hoje que os judeus não
são uma minoria, mas são “brancos” é outra.
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