Sunday, February 24, 2019

O Que Está Acontecendo Com a França? - 24/02/2019


Suásticas em lápides nos cemitérios judaicos e fotos de sobreviventes do Holocausto pregadas nelas. Um judeu é baleado com uma carabina de ar na porta de uma sinagoga em Paris. Um judeu intelectual de 69 anos, membro da Academia Francesa de Letras é chamado de “judeu sujo” nas calçadas de Paris. Uma árvore plantada em memória de um judeu assassinado em um ataque antissemita brutal é cortada pela raiz horas antes de um serviço de lembrança a ele.

Estes são apenas alguns dos ataques viciosos, tenebrosos e antissemitas que ocorreram na França nos últimos dias, gerando uma preocupação real com o crescente sentimento anti-judaico no país da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

A pergunta é: o que está provocando essa onda de ataques?

A recente onda de turbulência social na França e a atmosfera febril gerada pelo chamado movimento “jalecos amarelos” foram identificados como fenômenos que provocaram estes sentimentos antissemitas.

Este movimento dos jalecos amarelos começou como um protesto contra o aumento do imposto sobre o combustível, mas rapidamente se transformou em um movimento de protesto contra a condição socioeconômica da classe trabalhadora e média, com uma retórica populista altamente anti-"elite".

Ao mesmo tempo, o sentimento antijudaico e anti-sionista, vivo e desavergonhado na significativa população muçulmana da França, tem sido um motor de ataques antissemitas no país nas últimas duas décadas.

Yonathan Arfi, vice-presidente do grupo de comunidades judaicas francesas do CRIF, diz que elementos significativos dentro do movimento "jalecos amarelos" identificaram judeus franceses como parte da “elite" que está reprimindo e oprimindo os trabalhadores franceses comuns.

Mesmo que judeus franceses estejam em grande parte nas mesmas circunstâncias econômicas que muitos na classe média e média-baixa, eles estão associados à elite e portanto são culpados pelas injustiças infligidas a outros cidadãos franceses. O sentimento anticapitalista do movimento deu lugar aos estereótipos e preconceitos antijudaicos.

Mas será que é só isso? Antes disso a França não era antissemita? Esta ideia de que a Europa largou seu antissemitismo para trás no dia 7 de maio de 1945 com a rendição incondicional da Alemanha, é uma falácia, uma mentira.

É o mesmo antissemitismo da década de 30 e da década de 70 quando eu ouvia piadinhas escondidas sobre judeus e fornos crematórios na escola. Mas hoje não é preciso mais esconder, não é?

A Polônia insiste em reescrever a história, passando leis asininas sobre a não colaboração dos poloneses com os nazistas. Seu governo deveria sim, revisitar os pogroms que ocorreram depois de 1945 como, por exemplo, o de Kielce de 1946 aonde 42 judeus foram brutal e furiosamente massacrados. De acordo com Yad Vashem 2 mil judeus que tentaram voltar para suas comunidades em busca de parentes foram assassinados depois da Guerra pelos poloneses.

A França não ficou para trás. Em 1941 haviam exibições intituladas “Este Judeu e a França”, junto com as leis raciais e o uso da estrela de Davi nas roupas. Um das mais brutais batidas, visando mulheres e crianças judias, ocorreu em Julho de 1942 no Vel’ d’Hiv quando 13 mil foram judeus presos pelas autoridades francesas. Dos 75 mil judeus franceses deportados para campos de concentração na Polônia, somente 2,500 sobreviveram.

Isto foi o ápice, a culminação da expressão antissemita que putrefava e continua a putrefar a sociedade francesa, justo abaixo de sua hipócrita indignação em defesa do politicamente correto.

Como outrora, manifestantes do jaleco amarelo se agarraram ao fato de que o presidente francês Emmanuel Macron trabalhou no Banco Rothschild e o está acusando de fazer parte de uma conspiração judaica global.  Como não?

Macron tem sido descrito por manifestantes como a "prostituta dos judeus", uma "marionete" dos judeus e "presidente dos ricos", entre outros “elogios”.

Alguns observadores dizem que o movimento do "jaleco amarelo" é composto por membros das mais diversas posições políticas - incluindo tanto a extrema esquerda, que tem um foco anticapitalista, quanto a extrema direita que quer "recuperar" o controle do governo. Mas entre os extremos e o meio, o fator comum que vemos neste movimento é o antissemitismo!

Ariel Kandel, diretor da organização Qualita para imigrantes franceses em Israel, acertou em cheio quando disse que o antissemitismo expresso pelo movimento “jaleco amarelo” é o caso de crenças antissemitas clássicas se manifestando mais uma vez na sociedade moderna.

“Tudo volta aos judeus: 'Eles têm dinheiro, têm poder, são sionistas' e, apesar de não terem nada a ver com os problemas na França, quando há problemas, os judeus são culpados”, disse Kandel. "É triste ver o retorno de atitudes medievais em que os judeus são reflexivamente culpados pelos problemas de um país".

Kandel ainda disse que a recente onda de ataques é parte de uma bola de neve na qual um ataque antissemita causa outras pessoas a deixarem suas inibições de lado sobre a ilegitimidade do antissemitismo. E isso leva a outros incidentes e ataques cada vez mais sérios.

E os muçulmanos da França, como vimos recentemente, não têm qualquer inibição em expressar seu antissemitismo. E aí os outros seguem. Incidentes antissemitas que até 20 anos atrás eram contados nas dezenas por ano, hoje contam nas centenas.

Independentemente da razão precisa destes ataques antissemitas, a França está claramente no meio de uma onda de ataques preocupante à sua comunidade judaica e seu lugar na república.

Sim, na noite de terça-feira passada, políticos de todo o espectro político manifestaram-se contra o fenômeno e os comícios mostraram que uma grande parte da população ainda se opõe ao antissemitismo.

Mas o antissemitismo, em várias formas e disfarces, também se tornou mais legítimo aos olhos de muitos que finalmente se sentem livres de seus estigmas, a ponto de repetir insultos e difamações antigas contra seus concidadãos.

Como disse o presidente da Agência Judaica, Isaac Herzog, na terça-feira, o vírus do antissemitismo voltou mais uma vez ao coração da Europa. E este talvez seja o começo do alerta para esta comunidade procurar sua Liberdade, Igualdade e Fraternidade em outro lugar.

Este é meu comentário, mas não posso deixar passar o que está se passando na Venezuela. Duas pessoas deram suas vidas neste final de semana tentando fazer passar a ajuda americana para dentro do país. Enquanto isso, Maduro dançava nas ruas de Caracas, aproveitando a adulação dos seus apoiadores. Esta é a lição da semana sobre o socialismo meus amigos: Que ele não sobrevive sem tirania. Nem na União Soviética, nem na China, nem em Cuba e nem na Venezuela. Maduro é um tirano porque quer o poder acima de tudo. Ele proibiu a entrega da ajuda humanitária americana, de comida, de remédios, porque não se importa de modo algum com a sorte de seu povo que está morrendo de fome e penúria devido a anos de mal gerenciamento e corrupção. Esta é a hora da verdade do socialismo minha gente. E quem continuar a apoiar este regime criminoso, sejam seus capangas, ou os militares, deve ser igualmente julgado por crime contra a humanidade.

No comments:

Post a Comment