Nesta semana,
como vocês sabem, tive a honra e o privilégio de estar com nosso presidente
Jair Bolsonaro em Jerusalem. Esta viagem histórica foi extremamente proveitosa
para o Brasil. Vários acordos de cooperação importantes foram assinados que
trarão não só tecnologias novas, mas criarão milhares de empregos no Brasil.
As áreas que
o governo brasileiro se concentrou foram as de ciência e tecnologia, segurança
pública, defesa, segurança e serviços aéreos, saúde e medicina. Tive o prazer
de presenciar a seriedade e a vontade de trabalhar dos membros da comitiva que
estiveram o tempo todo focados em seu trabalho.
Netanyahu, por
seu lado, organizou uma recepção única, abrindo as tecnologias mais avançadas
para o Brasil. Fiquei na cola das minhas amigas, a deputada Federal pelo
Distrito Federal Bia Kicis, uma defensora implacável de Israel e Soraya
Thronicke, a senadora pelo Mato Grosso do Sul que passou cada minuto procurando
ideias e meios que pudessem ajudar o pequeno agricultor. Realmente parabéns a
todos!
Um ponto que
não pôde deixar de ser discutido foi a situação precária da Venezuela e o
preocupante envolvimento da Rússia naquele país. Nesta semana, Putin resolveu
enviar uns 100 “conselheiros”, ou seja, soldados, junto com equipamento militar
para apoiar o governo ou desgoverno de Maduro. A Casa Branca mandou uma
mensagem inequívoca para os russos saírem da Venezuela.
E porque isto
é importante? Esta não é a primeira vez que a Rússia envia um contingente de
“conselheiros” para um país. Em 2015, Moscou enviou um grupo semelhante para a
Síria. Na prática isto significou que qualquer resolução da guerra civil síria
teria que passar pela Rússia. É o que temos hoje. Ninguém se move no país sem o
ok de Putin. E foi este ok que permitiu o retorno do corpo do soldado israelense
Zecharia Baumel depois de 37 anos! Israel agradeceu a Rússia e ninguém mais.
Na Venezuela,
a presença russa se faz sentir de duas maneiras: econômica e geopolítica.
Durante décadas a Rússia investiu na indústria do petróleo venezuelano e não
vai engolir o prejuízo por seu mau gerenciamento. A Venezuela deve à Rússia
mais de seis bilhões de dólares e irá seguir Maduro aonde ele for para receber
seu dinheiro de volta.
Do lado
geopolítico Putin passou as duas últimas décadas cultivando o relacionamento
com a liderança venezuelana assegurando sua influência do outro lado do globo e
com um país próximo aos Estados Unidos. Isto é algo que só vemos com grandes potencias.
Putin também
está investido em destruir a OTAN. A Organização do Tratado do Atlântico Norte
foi criada em 1949 para barrar o avanço da União Soviética durante a guerra
fria. O foco principal da organização foi declarar que se um membro fosse
atacado, todos os membros o defenderiam.
Em 1955, a
União Soviética criou o Pacto de Varsóvia para contrapor a OTAN. Ironicamente,
todos os países membros do Pacto de Varsóvia, abandonaram a Rússia e se uniram
à OTAN. Putin quer recuperar a imagem de
uma Rússia todo-poderosa e está usando todos os meios para consegui-lo... com
os atuais párias do mundo.
A Rússia
continua a assessorar o Irã em seu programa nuclear. Continua a expandir suas
bases na Síria. Está envolvida na Venezuela, e devagar está minando o
relacionamento dos Estados Unidos com países da Europa Ocidental. A Rússia e a
Alemanha assinaram um projeto pelo qual Moscou irá fornecer gás natural para a
Alemanha através de uma empresa controlada pelo governo russo. Em seu encontro com
membros da OTAN, Trump fez a pergunta óbvia para a Alemanha: porque ela estaria
se sujeitando a se tornar dependente do gás da Rússia?
E aí temos a
Turquia. O radical distanciamento do ocidente pela Turquia sob o presidente
Recep Erdogan não é nenhuma novidade. O que é novidade é a aproximação dos
turcos com a Rússia. Desde 1952, a Turquia é membro da OTAN se beneficiando de
toda a tecnologia americana e treinamentos conjuntos.
Quem sabe bem
disto é Israel que tem enfrentado uma Turquia militante e agressiva desde a
Operação Chumbo Fundido de Gaza em 2009. Há apenas alguns meses, a Turquia
denunciou o “racismo flagrante” do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu porque
ele chamou Israel de estado-nação do povo judeu. Em resposta, Netanyahu disse
que Erdogan era um "ditador" e uma "piada".
Felizmente na
semana passada, Trump acordou para o que está acontecendo na Turquia e decidiu
agir. Na segunda-feira, o Pentágono anunciou que estava suspendendo a entrega de
caças F-35 depois da Turquia ter declarado que havia comprado o sistema antimísseis
russo S-400.
Esta
suspensão tem importantes consequências estratégicas para o Estado de Israel. A
Força Aérea Israelense tem atualmente uma frota de 14 jatos F-35, conhecidos em
Israel pelo nome de Adir, e espera-se que receba outros 50 para completar dois
esquadrões até 2024. Construídos pela Lockheed Martin, os jatos têm uma
assinatura de radar extremamente baixa, permitindo a operação em território
inimigo sem serem detectados evadindo sistemas avançados de defesa como o S-300
e o S-400.
Há tempo que
Israel se pergunta se a Turquia está se tornando um outro Irã. Até a revolução
islâmica em 1979, Israel e Irã eram aliados muito próximos. Teerã comprava
muitas armas de Israel e chegaram inclusive a trabalhar em sistemas de defesa
conjuntos.
Tudo isso
mudou quando os aiatolás assumiram o controle e as armas vendidas por Israel se
voltaram contra ela. Israel e a Turquia também tiveram uma relação semelhante.
A Força Aérea de Israel, por exemplo, costumava treinar livremente no espaço
aéreo turco, e os chefes de equipe de ambos os países costumavam se reunir para
compartilhar informações.
Agora, porém,
os países não têm mais embaixadores. Em maio do ano passado, num incidente cuidadosamente
orquestrado pelo governo de Erdogan, o embaixador de Israel na Turquia, Eitan
Naeh, foi forçado a passar por um humilhante busca no aeroporto de Istambul com
câmeras de mídia filmando e circulando o incidente.
Com a
contínua radicalização do país, não perguntamos mais se o que aconteceu com o
Irã pode também acontecer com a Turquia. Só quando irá acontecer.
Se por um
lado, como membro da OTAN a Turquia deveria estar comprometida com os valores do
Ocidente, por outro, os Estados Unidos devem ficar atentos à esta guinada em
direção ao radicalismo muçulmano. Erdogan apoia abertamente o Hamas, ataca
Israel e despeja quantias enormes de dinheiro em instituições e organizações
islâmicas em Jerusalém. Ele também usa seu cônsul para enviar ajuda para a
Faixa de Gaza.
Como
esperado, a Turquia está culpando Israel pela suspensão da entrega dos F-35.
Uma fonte turca disse à agência de notícias TRT que Israel havia pressionado os
EUA a suspender o acordo. Nada sobre a flagrante contradição de pertencer a uma
organização militar de combate à Rússia por um lado e estar comprando
armamentos e sistemas de defesa russos por outro. Sistemas estes que deverão
ser integrados aos do país e da OTAN. É a pura hipocrisia.
Os EUA
tomaram a decisão certa de suspender as entregas da aeronave. A Turquia precisa
decidir de que lado está. No meio tempo, este impasse pelo menos assegura a
Israel o continuo e total domínio sobre os ares do Oriente Médio.
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