Sunday, April 7, 2019

A Visita de Bolsonaro a Israel - 07/04/2019


Nesta semana, como vocês sabem, tive a honra e o privilégio de estar com nosso presidente Jair Bolsonaro em Jerusalem. Esta viagem histórica foi extremamente proveitosa para o Brasil. Vários acordos de cooperação importantes foram assinados que trarão não só tecnologias novas, mas criarão milhares de empregos no Brasil.

As áreas que o governo brasileiro se concentrou foram as de ciência e tecnologia, segurança pública, defesa, segurança e serviços aéreos, saúde e medicina. Tive o prazer de presenciar a seriedade e a vontade de trabalhar dos membros da comitiva que estiveram o tempo todo focados em seu trabalho.

Netanyahu, por seu lado, organizou uma recepção única, abrindo as tecnologias mais avançadas para o Brasil. Fiquei na cola das minhas amigas, a deputada Federal pelo Distrito Federal Bia Kicis, uma defensora implacável de Israel e Soraya Thronicke, a senadora pelo Mato Grosso do Sul que passou cada minuto procurando ideias e meios que pudessem ajudar o pequeno agricultor. Realmente parabéns a todos!

Um ponto que não pôde deixar de ser discutido foi a situação precária da Venezuela e o preocupante envolvimento da Rússia naquele país. Nesta semana, Putin resolveu enviar uns 100 “conselheiros”, ou seja, soldados, junto com equipamento militar para apoiar o governo ou desgoverno de Maduro. A Casa Branca mandou uma mensagem inequívoca para os russos saírem da Venezuela.

E porque isto é importante? Esta não é a primeira vez que a Rússia envia um contingente de “conselheiros” para um país. Em 2015, Moscou enviou um grupo semelhante para a Síria. Na prática isto significou que qualquer resolução da guerra civil síria teria que passar pela Rússia. É o que temos hoje. Ninguém se move no país sem o ok de Putin. E foi este ok que permitiu o retorno do corpo do soldado israelense Zecharia Baumel depois de 37 anos! Israel agradeceu a Rússia e ninguém mais.

Na Venezuela, a presença russa se faz sentir de duas maneiras: econômica e geopolítica. Durante décadas a Rússia investiu na indústria do petróleo venezuelano e não vai engolir o prejuízo por seu mau gerenciamento. A Venezuela deve à Rússia mais de seis bilhões de dólares e irá seguir Maduro aonde ele for para receber seu dinheiro de volta.

Do lado geopolítico Putin passou as duas últimas décadas cultivando o relacionamento com a liderança venezuelana assegurando sua influência do outro lado do globo e com um país próximo aos Estados Unidos. Isto é algo que só vemos com grandes potencias.
Putin também está investido em destruir a OTAN. A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi criada em 1949 para barrar o avanço da União Soviética durante a guerra fria. O foco principal da organização foi declarar que se um membro fosse atacado, todos os membros o defenderiam.

Em 1955, a União Soviética criou o Pacto de Varsóvia para contrapor a OTAN. Ironicamente, todos os países membros do Pacto de Varsóvia, abandonaram a Rússia e se uniram à OTAN.  Putin quer recuperar a imagem de uma Rússia todo-poderosa e está usando todos os meios para consegui-lo... com os atuais párias do mundo.

A Rússia continua a assessorar o Irã em seu programa nuclear. Continua a expandir suas bases na Síria. Está envolvida na Venezuela, e devagar está minando o relacionamento dos Estados Unidos com países da Europa Ocidental. A Rússia e a Alemanha assinaram um projeto pelo qual Moscou irá fornecer gás natural para a Alemanha através de uma empresa controlada pelo governo russo. Em seu encontro com membros da OTAN, Trump fez a pergunta óbvia para a Alemanha: porque ela estaria se sujeitando a se tornar dependente do gás da Rússia?

E aí temos a Turquia. O radical distanciamento do ocidente pela Turquia sob o presidente Recep Erdogan não é nenhuma novidade. O que é novidade é a aproximação dos turcos com a Rússia. Desde 1952, a Turquia é membro da OTAN se beneficiando de toda a tecnologia americana e treinamentos conjuntos.

Quem sabe bem disto é Israel que tem enfrentado uma Turquia militante e agressiva desde a Operação Chumbo Fundido de Gaza em 2009. Há apenas alguns meses, a Turquia denunciou o “racismo flagrante” do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu porque ele chamou Israel de estado-nação do povo judeu. Em resposta, Netanyahu disse que Erdogan era um "ditador" e uma "piada".

Felizmente na semana passada, Trump acordou para o que está acontecendo na Turquia e decidiu agir. Na segunda-feira, o Pentágono anunciou que estava suspendendo a entrega de caças F-35 depois da Turquia ter declarado que havia comprado o sistema antimísseis russo S-400.

Esta suspensão tem importantes consequências estratégicas para o Estado de Israel. A Força Aérea Israelense tem atualmente uma frota de 14 jatos F-35, conhecidos em Israel pelo nome de Adir, e espera-se que receba outros 50 para completar dois esquadrões até 2024. Construídos pela Lockheed Martin, os jatos têm uma assinatura de radar extremamente baixa, permitindo a operação em território inimigo sem serem detectados evadindo sistemas avançados de defesa como o S-300 e o S-400.

Há tempo que Israel se pergunta se a Turquia está se tornando um outro Irã. Até a revolução islâmica em 1979, Israel e Irã eram aliados muito próximos. Teerã comprava muitas armas de Israel e chegaram inclusive a trabalhar em sistemas de defesa conjuntos.

Tudo isso mudou quando os aiatolás assumiram o controle e as armas vendidas por Israel se voltaram contra ela. Israel e a Turquia também tiveram uma relação semelhante. A Força Aérea de Israel, por exemplo, costumava treinar livremente no espaço aéreo turco, e os chefes de equipe de ambos os países costumavam se reunir para compartilhar informações.

Agora, porém, os países não têm mais embaixadores. Em maio do ano passado, num incidente cuidadosamente orquestrado pelo governo de Erdogan, o embaixador de Israel na Turquia, Eitan Naeh, foi forçado a passar por um humilhante busca no aeroporto de Istambul com câmeras de mídia filmando e circulando o incidente.

Com a contínua radicalização do país, não perguntamos mais se o que aconteceu com o Irã pode também acontecer com a Turquia.  Só quando irá acontecer.

Se por um lado, como membro da OTAN a Turquia deveria estar comprometida com os valores do Ocidente, por outro, os Estados Unidos devem ficar atentos à esta guinada em direção ao radicalismo muçulmano. Erdogan apoia abertamente o Hamas, ataca Israel e despeja quantias enormes de dinheiro em instituições e organizações islâmicas em Jerusalém. Ele também usa seu cônsul para enviar ajuda para a Faixa de Gaza.

Como esperado, a Turquia está culpando Israel pela suspensão da entrega dos F-35. Uma fonte turca disse à agência de notícias TRT que Israel havia pressionado os EUA a suspender o acordo. Nada sobre a flagrante contradição de pertencer a uma organização militar de combate à Rússia por um lado e estar comprando armamentos e sistemas de defesa russos por outro. Sistemas estes que deverão ser integrados aos do país e da OTAN. É a pura hipocrisia.

Os EUA tomaram a decisão certa de suspender as entregas da aeronave. A Turquia precisa decidir de que lado está. No meio tempo, este impasse pelo menos assegura a Israel o continuo e total domínio sobre os ares do Oriente Médio.



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