Um dia, uma noite e outro dia de terror que
continua no sul de Israel. Mais de 450 mísseis foram lançados da Faixa de Gaza
desde ontem de manhã, 180 somente durante esta noite. Moshe Agadi de 58 anos,
residente da cidade costeira de Ashkelon, se tornou a primeira de várias
vítimas fatais destes mísseis às 2:45 desta manhã. Israel contou hoje outros dois
mortos e vários feridos por estilhaços.
Às 6:10 da manhã o aplicativo red alert -
que avisa quando mísseis estão sendo lançados em Israel – começou a soar
furiosamente num inferno que durou mais de uma hora ininterruptamente. O alerta
ainda está ligado e pode ser que ele toque durante esta transmissão.
Milhares de israelenses, especialmente
crianças, estão desde ontem de manhã sem dormir com as constantes sirenes que
lhes dão em alguns casos, apenas 15 segundos para correrem para os abrigos.
Hoje as escolas foram canceladas (e graças a D-us porque um jardim de infância
foi atingido) e o comércio fechado até a situação se acalmar ao custo de bilhões
de dólares para a economia israelense.
Israel por seu lado, faz o que pode fazer:
atacou mais de 220 alvos, entre eles depósitos de armas e casas de líderes do
Jihad Islâmico e Hamas mas claro, avisando antes para os moradores saírem.
A pergunta é por que isto está acontecendo
agora?
Todos conhecem as táticas de extorsão da
máfia, não? Eles chegam e dizem que se não pagarem proteção, vão explodir seu
negócio. Sim? então vamos lá.
A situação econômica de Gaza está um
desastre. Não há dinheiro para salários, a energia elétrica é bastante
racionada, água potável é rara, e a pobreza está aumentando, menos claro para a
liderança do Hamas e do Jihad Islâmico. Esta foi a causa do maciço protesto
popular que ocorreu na Faixa em março, brutalmente reprimido pelo Hamas - pela
primeira vez causando consternação e condenações da mídia mundial.
Esta repressão fez mal à imagem do Qatar
que estava financiando o governo do Hamas, enviando mensalmente malas com 30
milhões de dólares em dinheiro, com o objetivo de aliviar o problema econômico
da Faixa. Só que o dinheiro não foi para isso. Como em toda a tirania que se
preze, o dinheiro foi para comprar carros luxuosos para os filhos dos líderes da
Faixa, e como estamos vendo, para financiar a produção de mísseis contra
Israel.
O enviado de Qatar que deveria ter levado o
dinheiro este mês não foi e o Hamas culpou Israel.
Amanhã ou depois, depende da lua aparecer, começa
o mês do jejum muçulmano do Ramadan e do jeito que a situação está, o Hamas não
sabe se conseguirá segurar o descontentamento da população. Assim, deu a luz
verde para o Jihad Islâmico atacar Israel alcançando dois objetivos: pressionar
Israel a cumprir suas exigências de dinheiro e liberação de restrições e
desviar a atenção dos moradores de Gaza para o “objetivo maior” de guerra.
O Jihad Islâmico é o segundo grupo mais
forte da Faixa de Gaza e é financiado pelo Irã. Mas não se mexe sem a permissão
do Hamas. Os aiatolás continuam loucos para se vingarem de Israel pelos ataques
às suas bases e soldados na Síria. Assim, quando o Hamas lhe dá a luz verde, o
Jihad Islâmico não se faz de rogado e ataca Israel impiedosamente.
Desde o fim da Operação Borda de Proteção
em 2014, o Hamas e o Jihad Islâmico tentam melhorar a precisão dos mísseis que
produzem e como vimos em março, misseis de Gaza chegaram até Tel Aviv. Como
disse na época, estes lançamentos pareciam mais como testes e de fato, o Hamas
avisou que se Israel não atender às suas exigências imediatas, várias cidades
israelenses, e não mais somente as comunidades do sul, estarão sujeitas a seus
mísseis. O Jihad Islâmico foi mais especifico dizendo que irá atacar o Centro de Pesquisas Nucleares Shimon Peres no
Negev e o Aeroporto Ben-Gurion além de impedir que a competição de musica Eurovision
ocorra em Tel Aviv neste mês.
O Egito está em meio às negociações dos
termos de trégua entre Israel e o Hamas e o Jihad Islâmico. No entanto, o Jihad
Islâmico avisou que estava perdendo a paciência com Israel.
A decisão de Israel na semana passada de reduzir
a zona de pesca em Gaza em resposta a vários ataques de mísseis e pipas
incendiárias por membros do Jihad Islâmico foi vista por eles como uma
tentativa de torpedear os acordos de trégua patrocinados pelo Egito. Israel
publicou mais tarde as fotos dos membros do grupo que estavam por trás dos
ataques. E isto foi visto como um aviso de que Israel retomaria os assassinatos
dirigidos aos principais agentes do Jihad Islâmico.
O momento deste último surto de violência
também é um fator que precisa ser levado em consideração. O Hamas acredita que
Israel não está interessada em uma guerra na véspera do Dia de Lembrança aos
Soldados, do Dia da Independência e a duas semanas do concurso da Eurovision em
Tel Aviv. O Hamas sente que este é o momento certo para extorquir concessões de
Israel. Exatamente como a máfia.
Amigos, qual o país do mundo que aceitaria
uma situação desta? Imaginem se algum país começasse a bombardear o Brasil com
centenas de mísseis por dia causando mortos do nosso lado da fronteira e não reagíssemos.
O problema é que Israel, com sua preocupação da situação humanitária da Faixa
mandou a mensagem que ela está pronta a aguentar isto.
É claro que nestas circunstâncias uma
guerra total trará muito sofrimento aos dois lados mas se Israel continuar a se
recusar a tomar uma medida drástica para realmente ferir a liderança do Hamas e
do Jihad Islâmico, ela nunca mais terá qualquer força de dissuasão. Israel
ficará à mercê dos misseis cada vez mais precisos destes grupos terroristas e a
população e a economia é que pagarão o preço. Parece que Israel, com o domo de
ferro se colocou na situação do sapo. Se jogá-lo na água fervendo ele pula mas
se coloca-lo na água fria e for esquentando, ele cozinha até morrer. Esperemos
que não.
Parece que o historiador grego Tacitus é
quem tinha razão: Uma paz ruim é pior que uma boa guerra.
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