Sunday, May 5, 2019

450 Mísseis de Gaza - 05/05/2019


Um dia, uma noite e outro dia de terror que continua no sul de Israel. Mais de 450 mísseis foram lançados da Faixa de Gaza desde ontem de manhã, 180 somente durante esta noite. Moshe Agadi de 58 anos, residente da cidade costeira de Ashkelon, se tornou a primeira de várias vítimas fatais destes mísseis às 2:45 desta manhã. Israel contou hoje outros dois mortos e vários feridos por estilhaços.

Às 6:10 da manhã o aplicativo red alert - que avisa quando mísseis estão sendo lançados em Israel – começou a soar furiosamente num inferno que durou mais de uma hora ininterruptamente. O alerta ainda está ligado e pode ser que ele toque durante esta transmissão.

Milhares de israelenses, especialmente crianças, estão desde ontem de manhã sem dormir com as constantes sirenes que lhes dão em alguns casos, apenas 15 segundos para correrem para os abrigos. Hoje as escolas foram canceladas (e graças a D-us porque um jardim de infância foi atingido) e o comércio fechado até a situação se acalmar ao custo de bilhões de dólares para a economia israelense.

Israel por seu lado, faz o que pode fazer: atacou mais de 220 alvos, entre eles depósitos de armas e casas de líderes do Jihad Islâmico e Hamas mas claro, avisando antes para os moradores saírem.

A pergunta é por que isto está acontecendo agora?

Todos conhecem as táticas de extorsão da máfia, não? Eles chegam e dizem que se não pagarem proteção, vão explodir seu negócio. Sim? então vamos lá.

A situação econômica de Gaza está um desastre. Não há dinheiro para salários, a energia elétrica é bastante racionada, água potável é rara, e a pobreza está aumentando, menos claro para a liderança do Hamas e do Jihad Islâmico. Esta foi a causa do maciço protesto popular que ocorreu na Faixa em março, brutalmente reprimido pelo Hamas - pela primeira vez causando consternação e condenações da mídia mundial.

Esta repressão fez mal à imagem do Qatar que estava financiando o governo do Hamas, enviando mensalmente malas com 30 milhões de dólares em dinheiro, com o objetivo de aliviar o problema econômico da Faixa. Só que o dinheiro não foi para isso. Como em toda a tirania que se preze, o dinheiro foi para comprar carros luxuosos para os filhos dos líderes da Faixa, e como estamos vendo, para financiar a produção de mísseis contra Israel.

O enviado de Qatar que deveria ter levado o dinheiro este mês não foi e o Hamas culpou Israel.

Amanhã ou depois, depende da lua aparecer, começa o mês do jejum muçulmano do Ramadan e do jeito que a situação está, o Hamas não sabe se conseguirá segurar o descontentamento da população. Assim, deu a luz verde para o Jihad Islâmico atacar Israel alcançando dois objetivos: pressionar Israel a cumprir suas exigências de dinheiro e liberação de restrições e desviar a atenção dos moradores de Gaza para o “objetivo maior” de guerra.

O Jihad Islâmico é o segundo grupo mais forte da Faixa de Gaza e é financiado pelo Irã. Mas não se mexe sem a permissão do Hamas. Os aiatolás continuam loucos para se vingarem de Israel pelos ataques às suas bases e soldados na Síria. Assim, quando o Hamas lhe dá a luz verde, o Jihad Islâmico não se faz de rogado e ataca Israel impiedosamente.

Desde o fim da Operação Borda de Proteção em 2014, o Hamas e o Jihad Islâmico tentam melhorar a precisão dos mísseis que produzem e como vimos em março, misseis de Gaza chegaram até Tel Aviv. Como disse na época, estes lançamentos pareciam mais como testes e de fato, o Hamas avisou que se Israel não atender às suas exigências imediatas, várias cidades israelenses, e não mais somente as comunidades do sul, estarão sujeitas a seus mísseis. O Jihad Islâmico foi mais especifico dizendo que irá atacar  o Centro de Pesquisas Nucleares Shimon Peres no Negev e o Aeroporto Ben-Gurion além de impedir que a competição de musica Eurovision ocorra em Tel Aviv neste mês.

O Egito está em meio às negociações dos termos de trégua entre Israel e o Hamas e o Jihad Islâmico. No entanto, o Jihad Islâmico avisou que estava perdendo a paciência com Israel.

A decisão de Israel na semana passada de reduzir a zona de pesca em Gaza em resposta a vários ataques de mísseis e pipas incendiárias por membros do Jihad Islâmico foi vista por eles como uma tentativa de torpedear os acordos de trégua patrocinados pelo Egito. Israel publicou mais tarde as fotos dos membros do grupo que estavam por trás dos ataques. E isto foi visto como um aviso de que Israel retomaria os assassinatos dirigidos aos principais agentes do Jihad Islâmico.

O momento deste último surto de violência também é um fator que precisa ser levado em consideração. O Hamas acredita que Israel não está interessada em uma guerra na véspera do Dia de Lembrança aos Soldados, do Dia da Independência e a duas semanas do concurso da Eurovision em Tel Aviv. O Hamas sente que este é o momento certo para extorquir concessões de Israel. Exatamente como a máfia.

Amigos, qual o país do mundo que aceitaria uma situação desta? Imaginem se algum país começasse a bombardear o Brasil com centenas de mísseis por dia causando mortos do nosso lado da fronteira e não reagíssemos. O problema é que Israel, com sua preocupação da situação humanitária da Faixa mandou a mensagem que ela está pronta a aguentar isto.

É claro que nestas circunstâncias uma guerra total trará muito sofrimento aos dois lados mas se Israel continuar a se recusar a tomar uma medida drástica para realmente ferir a liderança do Hamas e do Jihad Islâmico, ela nunca mais terá qualquer força de dissuasão. Israel ficará à mercê dos misseis cada vez mais precisos destes grupos terroristas e a população e a economia é que pagarão o preço. Parece que Israel, com o domo de ferro se colocou na situação do sapo. Se jogá-lo na água fervendo ele pula mas se coloca-lo na água fria e for esquentando, ele cozinha até morrer. Esperemos que não.

Parece que o historiador grego Tacitus é quem tinha razão: Uma paz ruim é pior que uma boa guerra.  

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