Sunday, May 2, 2021

A Nova Onda de Antisemitismo Desenfreado - 02/05/2021

No começo de abril, um casal jovem de judeus ortodoxos da Bélgica veio para Nova York visitar familiares junto com sua bebê e num passeio no final de uma tarde, os três foram esfaqueados por um afro-americano que tinha saído da cadeia há apenas um mês. No meio de abril, o motorista de uma minivan foi preso por ter deliberadamente atropelado chassidim em Brooklyn dando ré duas vezes para atropelar os que estavam na calçada. No Bronx, no sábado passado, quatro sinagogas foram vandalizadas, suas janelas e portas de vidro destroçadas. Estes e outros incidentes em Nova Iorque comprovam que apesar da pandemia e das restrições que a acompanharam, atos antissemitas não reduziram nem em número nem em intensidade.

No Canadá a coisa também não está fácil. Ocorreram 2,483 incidentes em 2020 inclusive 9 casos de violência física. Isso significa mais de 7 incidentes antissemitas por dia durante o ano.

Mais chocante ainda, é você ver um sistema judiciário aparentemente sólido e na maioria das vezes justo, desmoronar completamente colocando a justiça de lado para defender antissemitas assassinos. Foi exatamente isso o que aconteceu. Não em algum país do terceiro mundo, mas na França.

A parisiense Sara Halimi de 65 anos foi morta em abril de 2017 por seu vizinho de 27 anos, Kobili Traoré. Ele invadiu o apartamento dela enquanto ela dormia, espancou-a impiedosamente, esmagou seu o crânio e ao final, jogou seu corpo ainda vivo do terceiro andar como se fosse um saco de lixo.  Sara Halimi era uma médica aposentada e ex-professora. Ela era também uma judia ortodoxa.  Os vizinhos contaram ter ouvido Traoré gritar repetidamente "Allahu Akbar" e gritar "Eu matei o sheitan", usando a palavra árabe para "satanás", enquanto a polícia ficava de fora tentando supostamente “negociar” com ele.

Existe uma palavra chique para jogar alguém pela janela - defenestração. Mas nenhuma palavra sofisticada pode descrever o que aconteceu com Halimi. Ela foi assassinada brutalmente. Uma judia ortodoxa morta por um imigrante muçulmano. Halimi perdeu a vida; e Traoré irá literalmente escapar impune deste assassinato horrível.

Em dezembro de 2019, um tribunal decidiu que Traoré não era criminalmente responsável por suas ações porque seu uso pesado de maconha havia desencadeado um episódio psicótico e comprometido seu “discernimento”.

Em vez de perguntar o que o juiz do caso fumou antes de ter tomado essa decisão bizarra, na semana passada, o mais alto tribunal de apelações francês concordou que Traoré não poderia ser considerado criminalmente responsável por suas ações na noite em que matou Halimi. A apelação, assim como Halimi, foi jogada pela janela.

Ninguém na França agora pode se sentir seguro. Qualquer assassino tem agora uma defesa: “Estava chapado. Desculpe aí."

Por esta lógica, dirigir bêbado exonera o motorista de atropelar alguém, Isso não é mais um crime. O absurdo deste tipo de decisão, mostra como os valores socialistas deturpam o instinto mais básico de justiça. Na França hoje, você pode pegar um ano de prisão por atirar um cachorro pela janela, mas sai solto se você atira um judeu para sua morte enquanto drogado.

E não adianta Emmanuel Macron dizer que a República está determinada a proteger os judeus.  A comunidade judaica francesa já conta com uma longa lista de vítimas - incluindo crianças mortas no ataque em Toulouse em 2012 e os mortos no supermercado kasher em Paris em 2015. Na época, Barack Obama insistiu que os alvos eram aleatórios num delicatessen, em vez de admitir a possibilidade de ter sido um ataque antissemita. E certamente estas mortes teriam sido ignoradas pela imprensa se não tivessem ocorrido logo após o massacre do Charlie Hebdo.

O assassinato de Halimi nos lembrou outra morte chocante em Paria. O judeu Ilan Halimi de 23 anos foi sequestrado, torturado e assassinado por uma gangue muçulmana francesa em 2006. Também nos lembra o assassinato brutal em 2018 de uma sobrevivente do Holocausto de 85 anos, Mireille Knoll que foi esfaqueada e deixada para morrer em seu apartamento em Paris, que foi incendiado por dois agressores, um deles, um vizinho muçulmano que mais tarde alegou estar bêbado durante o ataque.

Neste mês ainda, agora em Londres, um homem se aproximou de uma mulher ortodoxa grávida, colocou um saco em sua cabeça e lhe deu um soco no estômago. ?Isso foi um crime vil de puro ódio? - ou apenas uma brincadeira de alguém que não pode ser considerado responsável por suas ações?

Em Jerusalém, houve uma série de ataques de jovens muçulmanos a judeus ortodoxos desde o início do Ramadã, no que foi chamado de "Ataques TikTok". Longe de negar os crimes, os perpetradores se gabaram deles nas redes sociais, levando outros a copiarem os ataques.

Mas esta onda incontrolável de antissemitismo não se restringe às pessoas comuns. Depois de John Kerry, que negociou o acordo nuclear com o Irã, ter sido acusado de passar informações sobre as ações israelenses contra alvos iranianos na Síria, o ex-diretor da CIA, durante o governo Obama, John Brennan, twitou um ataque aos judeus na terça-feira, exigindo, que eles sejam julgados por padrões mais altos que outros povos por causa do sofrimento que passaram. O twit dele disse: “Sempre achei difícil compreender como uma nação de pessoas profundamente marcadas por uma história repleta de preconceitos, perseguições religiosas e violência indizível perpetrada contra eles não têm empatia para defender aqueles cujos direitos e liberdades ainda são tolhidos.”

Brennan fez seu comentário sobre a busca palestina por um Estado. Com essa declaração, ele deu a entender que os judeus devem ter uma empatia especial pelos outros, de se sacrificarem de novo pelos outros enquanto os não judeus não têm.

Brennan não fez comentários semelhantes sobre outras pessoas vitimadas, como os descendentes de escravos nos Estados Unidos ou o tratamento dos índios americanos que foram relegados a reservas; tampouco impôs a outros países um padrão mais elevado com base nas origens étnicas e religiosas de seus cidadãos. O ataque de Brennan a Israel, com base nem em valores universais nem no direito internacional, não é único. Outros fizeram comentários semelhantes.

David Ward, um parlamentar liberal democrata britânico, escreveu em 2013 que "tendo visitado Auschwitz duas vezes, estou triste que os judeus, que sofreram níveis inacreditáveis ​​de perseguição durante o Holocausto, pudessem em poucos anos de libertação dos campos de extermínio infligir atrocidades aos palestinos no novo Estado de Israel, e continuam a fazê-lo diariamente na Cisjordânia e em Gaza.” A hipocrisia é inacreditável quando pensamos no Império Britânico, e as atrocidades que cometeram na India e como traíram o Mandato de estabelecer um estado judeu na Terra de Israel.

Resumindo, o que eles dizem é que pelo fato dos judeus terem sofrido o genocídio, eles e Israel têm que viver de acordo com um padrão mais elevado do que aqueles que perpetraram o genocídio. Desde quando a existência de algum estado depende do comportamento moral de seus líderes ou cidadãos?

Esta moralidade superior exigida dos judeus e agora de Israel não é coisa nova do antissemitismo europeu. Desde Shakespeare e seu Mercador de Veneza, se os judeus não se comportam como santos, eles são nada menos que nazistas. De forma alguma os judeus podem se comportar como outros grupos em situações semelhantes, mesmo ao defender sua própria existência. Os abusadores históricos - aqueles que praticaram a escravidão, o colonialismo, o genocídio e as cruzadas – estes não precisam de qualquer padrão.

E aí temos as ONGs como a Human Rights Watch que emitiu um relatório esta semana chamando Israel de um estado “apartheid”. O grupo decidiu desconsiderar a existência da Autoridade Palestina na Judeia e Samária e do Hamas em Gaza declarando que existem 14 milhões de pessoas que vivem entre o Mediterrâneo e o rio Jordão, metade deles são judeus, a outra metade árabe, que vivem baixo a um regime de supremacia Judaica. É um regime que governa toda a área e as pessoas que vivem nela. A verdade é que nem a liderança palestina nem o Hamas pensam em ceder sua autonomia a Israel. E todos os acordos e resoluções da ONU reconhecem que os palestinos não são governados por Israel. Mas esta verdade destrói o argumento de apartheid, então mudam a realidade para conformar com a retórica. Da mesma maneira que os nazistas fizeram.

Essa obsessão patológica com os judeus - retratados como santos ou nazistas, vingativos ou prontos a ajudar- está ligada ao fato de que os judeus nunca são retratados como seres humanos iguais aos outros. Antes do Holocausto, os judeus eram acusados de não se assimilarem nos países em que viviam, ou de se assimilarem demais e de dominá-los. Depois da Shoah, o mundo passou a exigir a perfeição deles em sua capacidade de Estado soberano. Essas demandas sempre beneficiam a narrativa ocidental, que pode culpar o estado judeu por não se comportar de acordo com um padrão cristão de moralidade pessoal que eles próprios jamais impuseram a si mesmo ou a outros.

Brennan, Ward, e o resto do mundo fariam melhor primeiro manter a si próprios em padrões mais altos, em vez de tratar todos os abusos que eles próprios cometem como resultado de “erros históricos”. E pararem de uma vez por todas de exigir que todas as ações israelenses passem por um teste religioso antes de dar ao país o direito de existir.

Este é meu comentário mas ainda gostaria de expressar minha solidariedade, e oferecer minhas orações às famílias dos nossos irmãos que morreram ou se feriram no Har Meron. Como quando Aarão perdeu seus filhos, não há palavras de consolo que possam diminuir a dor e a tristeza que estas famílias estão passando. HaMakom Yenachem Etchem Betoch Shaar Avelei Tzion ve Yerushalaim.

 

 


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