Sunday, May 9, 2021

A Traição de John Kerry - 09/05/2021

Há duas semanas ficamos sabendo que o ex-secretário de Estado dos EUA, John Kerry, compartilhou com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, inteligência sobre as operações secretas de Israel na Síria contra os interesses do Irã.

Zarif diz que Kerry o informou sobre “pelo menos” 200 ataques israelenses contra alvos iranianos na Síria. "Você não sabia?" o entrevistador pergunta duas vezes. Ao que Zarif respondeu em ambas: “Não, não”.

Infelizmente, a notícia sobre Kerry divulgar segredos de segurança para Zarif é totalmente crível. Quer que Zarif esteja ou não dizendo a verdade. E se isso aconteceu antes dos ataques de Israel serem de conhecimento público (o que tornaria as ações de Kerry uma traição) ou apenas depois - a história fede. É plausível, infelizmente, porque a desonestidade caracteriza Kerry e ele está disposto a obter o favor de adversários para provar sua própria sabedoria poderosa, enquanto persegue Israel.

Quando ele se tornou Secretário de Estado no governo Obama, a visão de Jerusalém era que John Kerry era um político idealista e ingênuo. Seu ardente entusiasmo por negociações de paz basicamente impossíveis entre Israel e uma Autoridade Palestina corrupta e extremista foi visto por Jerusalém como diplomacia de apaziguamento ou uma missão tola.

Mas em uma entrevista de televisão em         2013 para repórteres israelenses e palestinos, um Kerry diferente apareceu: desagradável, ameaçador, unilateral, cego à ruindade e falta de confiabilidade dos líderes palestinos e indiferente à situação explosiva que ele próprio estava criando.

Mais que uma vez ele ameaçou um “isolamento futuro” de Israel e de uma terceira intifada, a menos que Israel rapidamente permitisse o surgimento de uma “Palestina íntegra” e acabasse com sua “ocupação militar perpétua” da Judéia e Samaria. Não se tratava apenas de uma pressão hostil. Kerry basicamente expôs a intenção do governo Obama de deslegitimar e isolar Israel. Ele estava negociando traiçoeiramente fazendo profecias repugnantes autorrealizáveis, dando aos palestinos uma desculpa para a violência e para a renovação de sua “guerra legítima” contra Israel em fóruns internacionais.

Claro, Kerry não fez qualquer ameaça semelhante aos palestinos. Ele não fez nenhum esforço para desiludir os palestinos da noção de que eles podem continuar a exigir o máximo como o mínimo aceitável. Ele não fez nenhum esforço para pressionar a Autoridade Palestina a aceitar os laços históricos do povo judeu com a Terra de Israel e a legitimidade da existência de Israel no Oriente Médio como um estado judeu, ou para dar um fim à glorificação de homens-bomba, aos constantes ataques contra a população civil de Israel como estamos vendo agora, ou ao pagamento dos salários nababescos a assassinos sanguinários.

Em vez disso, Kerry escolheu lançar um ataque a Netanyahu e a todos os israelenses que (nas palavras de Kerry) obstinadamente "se sentem seguros hoje" e "sentem que estão indo muito bem economicamente". Para Israel ele expôs as consequências de desobedecer aos Estados Unidos – isto é, o fim da segurança e da prosperidade - mas não expôs consequências semelhantes aos palestinos se eles permanecessem intransigentes.

Na verdade, Kerry e seu chefe, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foram responsáveis ​​por moldar o maior contexto inflamatório que gerou a onda de terror palestino contra Israel de 2014. Eles apoiaram o líder palestino Mahmoud Abbas em sua campanha de mentiras descaradas, confronto violento e ataque diplomático contra Israel.

Kerry friamente observou que "não iria atribuir a culpa pelo ciclo de violência" na região, e que "ambos os lados" estavam apresentando "desafios" para a solução de dois estados. Esse é o mantra usado para justificar a violência palestina. Ele então sugeriu – muito covardemente - que havia justificativa para os ataques palestinos, explicando que "a violência ocorre porque há uma frustração que está crescendo entre os palestinos que não veem nenhum movimento diplomático".

Ah, sim?

KERRY não abriu a boca quando Abbas sugeriu que “pés imundos de judeus” estavam “poluindo” as mesquitas no Monte do Templo ou quando Abbas negou a existência dos Templos de Salomão como um fato histórico.

Em 2014, Kerry, do alto de sua hipocrisia, voltou ao tema "oy-vey-Israel-vai-ser-boicotado", fingindo estar preocupado com o caráter judeu e democrático de Israel ao mesmo tempo que ameaçava sua prosperidade econômica.

Em tom apocalíptico Kerry declarou “Com certeza. Eu prometo a vocês 100%, o status quo de hoje não pode ser mantido. Não é sustentável. É ilusório. Veja que há uma campanha cada vez maior de deslegitimação de Israel que está se formando. As pessoas são muito sensíveis a isso, fala-se em boicote e outros tipos de coisas.”

Por outro lado, Kerry nunca avisou a liderança palestina que esta era sua última chance de formar um Estado palestino. Ele nunca avisou Abbas que sua Autoridade perderia a generosidade internacional e a "prosperidade econômica" se ele - Abbas - não "demonstrasse liderança" ao aceitar as propostas de Kerry.

E quando no final nada deu certo, Kerry culpou Netanyahu e os assentamentos israelenses por terem afundado seus esforços heroicos de paz. Até as últimas horas no cargo, ele denunciou Israel. Que ela estaria cometendo um assassinato sangrento sobre a Judéia e Samaria, se referindo a um aumento inexistente de construção israelense “massiva e ilegal” no berço bíblico da civilização judaica.

Para encerrar tudo, Kerry arrogantemente acrescentou que “não haverá paz ou relações em separado com o mundo árabe sem uma paz com os palestinos primeiro. Todo mundo precisa entender isso. Essa é a dura realidade.”

Quando finalmente (e felizmente!) ele saiu do cargo, Kerry avisou que o Oriente Médio iria “explodir” se o governo Trump transferisse a embaixada dos EUA para Jerusalém. Em seguida, ele avisou que o assassinato do líder da Guarda Revolucionária do Irã, Qasem Soleimani, pelo governo Trump, também causaria "uma explosão absoluta em toda a região".

Kerry estava errado em todos os aspectos: rejeitar suas propostas de paz levaria ao isolamento internacional de Israel; que Abbas estava pronto para a paz, enquanto Netanyahu não; que nenhum país árabe faria a paz com Israel antes do estabelecimento de um estado palestino; que o Oriente Médio “explodiria” se uma embaixada dos Estados Unidos fosse aberta em Jerusalém; e essa “guerra total” resultaria do ataque ao mentor terrorista Soleimani.

Mas isso não esfriou a autoestima, a pomposidade e a arrogância ridícula de Kerry como um oráculo moral e profeta político.

A quebrada bússola diplomática de Kerry também desempenhou um papel no acordo nuclear de Obama com o Irã (o JCPOA). Em 2015 ele jurou que não havia “negócio melhor com o Irã” depois de ter sido enganado por seu colega de negociação, Zarif. Mesmo assim, para salvar sua reputação, ele reiterou que “o acordo tinha eliminado a ameaça de um Irã com uma arma nuclear”. E aí, seguindo Obama, ele acusou os oponentes do acordo, como Netanyahu, de "fomentadores de guerra".

Mas Kerry não parou aí. Mostrando o quanto ele gosta de cortejar tiranos, Kerry fez uma campanha internacional para gerar grandes negócios para os mulás de Teerã. Ele cruzou a América e a Europa em seu jato oficial do governo para persuadir as maiores empresas a investirem no Irã; isso para garantir que o Irã recebesse imediatamente os dividendos de “paz”, além dos bilhões de dólares que Obama liberou para os cofres do regime.

Uma vez fora do cargo, Kerry foi pego novamente em conluio com Zarif. Em 2018, Kerry aconselhou Zarif a esperar o fim do governo Trump e torcer para que democratas mais flexíveis fossem eleitos em 2020.

E então aparece esta história, sugerindo que anos atrás Kerry avisou os iranianos sobre operações secretas israelenses. Novamente, isso pode não ser verdade. Mas é preciso perguntar: que outros segredos, americanos ou israelenses, Kerry pode ter revelado aos iranianos?

Pior ainda, a revelação desta semana se encaixa em um padrão de insensibilidade do governo Obama, e agora de frieza do governo Biden, em relação a Israel. Ele surge no contexto de tensões crescentes entre Washington e Jerusalém sobre a sabotagem (supostamente israelense) do programa nuclear iraniano e ataques a alvos da Guarda Revolucionária iraniana na Síria e no Mar Vermelho; ataques que parecem ter sido reprovados pelo novo governo americano.

A pergunta agora é: até onde os nomeados por Biden irão para minar os esforços diplomáticos e militares de Israel contra o Irã? Em seu desprezo a Israel, poderia o governo Biden - no qual John Kerry atua como enviado climático, mas seus protegidos continuam a supervisionar a política do Irã – poderiam eles “punir” Israel por sua posição resoluta contra Teerã? Poderiam eles suspender o apoio diplomático a Israel em outras frentes? Poderia Biden chantagear Israel, suspendendo seu apoio em relação ao Tribunal Penal Internacional, se Israel não se dobrar à sua política em relação ao Irã?

Pela reação do governo Biden ao que está se passando hoje, culpando apenas Israel pela volta dos ataques terroristas palestinos e pela violência árabe em Jerusalém, o tradicional apoio americano está agora seguido de um grande ponto de interrogação.


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