Sunday, May 26, 2024

As Cortes Internacionais da Injustiça - 26/05/2024

 

Tem um ditado dos nossos sábios que diz: quem tem piedade com o cruel, será cruel com o piedoso.

Nunca isso foi mais verdadeiro do que em nossos dias.

Hoje estamos no dia 233 da guerra mais justa que Israel lutou em todos seus 3.800 anos de existência depois de ser brutalmente atacada com centenas de mísseis, 1400 dos seus cidadãos selvagemente mortos, incluindo bebês, crianças, mulheres, homens, idosos e deficientes, mais de 250 raptados, torturados, estuprados e mortos. Sim, eu repito isso a cada semana porque gente demais na mídia propositalmente retira o contexto, só focando nas ações de Israel em Gaza, como se no dia 8 de outubro, o Estado judeu acordou e decidiu declarar guerra à Faixa de Gaza sem qualquer provocação.

E, no entanto, apesar deste horrendo pogrom, o mundo condena Israel, e não os terroristas. O mundo não se importa, ou mesmo menciona os reféns, e nem se incomoda em reportar os ataques diários do Hamas e da Hezbollah.  Mas se você colocar no Google, “ataques da Hezbollah a Israel hoje”, você só obtém resultados sobre o que Israel tem feito em Gaza. 

Neste final de semana, Israel recuperou os corpos de mais 3 reféns, entre eles, do brasileiro Michel Nisenbaum, de 59 anos, natural do Rio de Janeiro, que foi enterrado hoje em Ashkelon por sua família. O presidente do Brasil, poderia ter usado sua amizade com o Irã, para pedir a libertação dele, vivo ou morto, mas não o fez. O Itamaraty poderia nos ter poupado de suas condolências hipócritas.

E isso me leva à decisão da Corte Internacional de Justiça. Depois da defesa de Israel em 12 de janeiro deste ano, contra a absurda e nojenta alegação da África do Sul a mando do Irã, de que Israel estaria cometendo genocídio em Gaza, a corte superior da ONU ordenou Israel a suspender imediatamente sua operação militar em Rafah. Notem que é lá, em Rafah, que se encontram os últimos 4 batalhões do Hamas. Foi de lá que há menos de uma hora, uma barragem de mísseis foi lançada contra Tel Aviv e Herzelia pelo Hamas. E é lá que se encontram sua liderança e provavelmente os reféns que ainda estão vivos.

É como se a corte ordenasse aos aliados a não entrarem em Berlin em 1945. Não vamos esquecer que no final da Segunda Guerra, os defensores alemães da capital alemã eram não mais que adolescentes. Era o que tinha sobrado do exército alemão. Hoje, esta corte diria aos aliados, não só para não entrar em Berlin e acabar com a guerra prendendo Hitler, mas para enviar “ajuda humanitária” a ele. Absurdo!

Mas mesmo a corte, presidida pelo juiz Nawaf Salam do Líbano, um país que está em guerra com Israel e deveria ter recusado participar da decisão, disse que Israel deveria parar imediatamente a sua ofensiva militar e qualquer outra ação em Rafah que pudesse provocar a destruição física, total ou parcial do grupo palestino. Agora, o que é “parcial”? Um palestino morto, mesmo um terrorista, pode ser considerado como destruição parcial do grupo palestino?

Até agora, essa corte, que lida com matérias de genocídio não encontrou o suficiente para declarar que Israel é culpada deste crime. Ela diz não ter jurisdição para decidir sobre as ações do Hamas porque ele não é um país e não é parte da convenção.

Mas para não ficar para trás, o promotor muçulmano Karim Khan, da Corte Penal Internacional, da qual Israel, Estados Unidos, China e Russia não fazem parte, emitiu mandados de prisão, vejam bem, contra o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu e seu ministro da defesa Yoav Galant, por crimes de guerra, especificamente de matar a população de Gaza de fome. Isso enquanto centenas de caminhões entram em Gaza diariamente com alimentos, remédios, roupas e toda outra ajuda humanitária.

Para adicionar insulto à injuria, o tribunal penal ainda emitiu mandados de prisão contra Mohamed Deif, Yahya Sinwar, que estão em Gaza e Ismail Hanyah que mora no Qatar. Isto é como se o tribunal mandasse prender o presidente americano Theodore Rosevelt, o premier inglês Winston Churchill e Adolf Hitler na mesma oportunidade.

Para quem viu a entrevista de Khan na CNN, ele conseguiu distorcer o raciocínio para estes mandados de tal modo que os menos avisados podem mesmo acreditar em sua justeza. Ele disse à entrevistadora Christiane Amanpour que Israel tinha o direito de se defender, mas não era porque o Hamas precisava de água que Israel poderia suspender o fornecimento de toda a água para os inocentes civis da Faixa de Gaza.

Dar ajuda humanitária aos civis palestinos em Gaza parece ser a coisa mais misericordiosa que Israel possa fazer durante esta guerra. Nenhum outro país do mundo jamais forneceu e nem hoje está fornecendo ajuda humanitária a seus inimigos, exceto Israel. Peguem qualquer conflito. Chega a ser absurdo pensar que o governo do Mali estaria enviando ajuda humanitária aos islamistas do tipo Boko Haram que massacram suas aldeias. Ou que a Rússia estaria enviando centenas de caminhões com comida e remédios para a Ucrânia. Ninguém, não amigos ou inimigos do Sudão está enviando ajuda aos milhares que estes sim, estão morrendo de fome.

A grande verdade é que nenhum país, pela lei internacional está obrigado a alimentar e medicar seu inimigo. Ninguém espera isso de um país quando ele é atacado. Isso vai simplesmente contra todo o instinto humano ou comunitário de sobrevivência.

Para qualquer pessoa com uma conta nas redes sociais e que tem acompanhado esta guerra, fica claro que imediatamente após estes caminhões passarem para dentro de Gaza, o Hamas domina os caminhões e rouba seu conteúdo. Com mais  de 531 mil toneladas de alimentos entregues a uma população de 1.7 milhão de pessoas, só há uma explicação se for verdade que o povo de Gaza está com falta de alimentos: é que o Hamas está desviando a ajuda humanitária. Isto quer dizer que os alimentos e os mantimentos enviados para a população civil de Gaza não chegam a eles mas estão beneficiando somente o Hamas e seus terroristas. A negação deste ponto é a negação da realidade.

Os israelenses já reconhecem que a ajuda enviada não chega nas mãos dos civis palestinos e o que está acontecendo é que Israel está praticamente reabastecendo seu inimigo – algo que não deveria ser permitido pela lei internacional. E não o é, exceto no caso de Israel.

Imaginem que a Relatora Especial da ONU para a Palestina, Francesca Albanese, que tem uma longa história de declarações anti-Israel e adora um tete a tete com oficiais iranianos, pediu sanções internacionais, embargos e suspensões das relações com Israel em uma postagem no X, antigo Twitter, no sábado.

Ela afirmou no seu post que a única forma de Israel cessar a sua campanha para desenraizar o Hamas da cidade de Rafah, seria se fosse forçada a parar. Quer dizer, na opinião dela, não podemos desenraizar ou acabar com um grupo terrorista desalmado e brutal. Temos que deixá-lo fazer o que ele quer. Não poderia haver melhor mensagem para os grupos terroristas. Vamos amarrar as mãos dos países que vocês atacam e contra vocês não vamos fazer nada porque vocês não são países e não são afiliados à nossa organização. Muito bom, não?

Expressar compaixão com uma população civil em qualquer guerra pode parecer a coisa certa a fazer até você morrer nas mãos de um inimigo que deveria ter passado fome e se rendido meses atrás. Ou até que a população, sentindo a fome, revelasse aonde estão mais de 100 reféns para acabar com a guerra. Não seria exatamente esta situação sobre a qual nossos rabinos alertaram quando disseram que a compaixão descabida se torna cruel para os piedosos?

Por mais de 3.000 anos, o Judaísmo tem sido a razão pela qual vivemos e morremos. Hoje Israel é essa razão. Finalmente voltamos e voltamos para ficar. Não temos para onde ir. Mesmo os países que nos receberam de braços abertos no final nos expulsaram, converteram a força ou nos mataram. E é por isso que o líder sionista Joseph Trumpledor, que morreu defendendo Tel Hai, disse a famosa frase: “É bom morrer pelo nosso país”.  Não porque seja bom morrer. Nunca. Nós somos o povo que sempre escolheu a vida. É bom morrer por nosso país, porque é bom viver por ele.

 

 

Sunday, May 19, 2024

Biden Recusa Armas a Israel - 19/05/2024

 

Hoje eu dedico esta opinião ao meu pai que nos deixou esta semana. Meu pai, meu amigo, aquele que me guiou e me fez quem eu sou.

Vamos começar com um resumo do final de semana em Israel até agora que a mídia internacional não publica.

Na sexta-feira recuperamos os corpos de 4 reféns: Itzik Gelernter de 57 anos, Ron Biniamin de 53, Amit Bouskila de 28 anos e Shani Louk de 22 anos. O corpo semi-nú de Louk estava na caçamba de uma caminhonete, sendo exibido nas ruas de Gaza num vídeo postado pelos terroristas que circulou nas redes sociais logo após os ataques.

Ontem perdemos mais dois soldados na Faixa de Gaza: Nachman Meir Haim Vaknin, de Eilat, e Noam Batan, do Moshav Yad Rambam ambos com 20 anos.

Durante o sábado, dez mísseis foram lançados de Gaza a Ashkelon. 5 foram interceptados e 5 cairam em locais despopulados. Hoje pela manhã mísseis enviados de Gaza a Sderot também foram interceptados. Notem que o Hamas continua a enviar mísseis diariamente contra Israel.

Na Judeia e Samaria, durante esta noite, o exército de Israel entrou em Kalkilya e em Shechem atrás de terroristas dos grupos Mártires da Al-Aqsa e Cova dos Leões. Vários foram capturados.

No norte de Israel, um veículo militar foi atacado ontem por um drone suicida em Metulla, sem vítimas; nesta manhã a Hezbollah lançou drones suicidas contra Malkia, Dishon, Iftach, Mevuot Hermon, Ramot Naftali, Yir'on, Baram, Avivim. Alem disso, mísseis anti-tanque foram disparados contra o Monte Dov e contra o vilarejo Arab al-Aramsha.

Que país normal aceitaria uma situação como esta? Que país aceitaria ser atacado do norte, do sul, de dentro, ter seus jovens, velhos, crianças brutalmente mortos, violentados e sequestrados e ter suas mãos atadas para se defender por seu maior aliado? Com certeza não os Estados Unidos que não tiveram qualquer problema em matar meio milhão de Afegãos em sua guerra para chegar nos responsáveis pelos ataques do 11 de setembro.

E é por isso que é ainda mais desconcertante quando o próprio Estados Unidos, o maior aliado de Israel, decide suspender o envio de armas e munições críticas para Israel vencer esta guerra, acabar com o Hamas e trazer os reféns de volta.

Há evidências de que os reféns israelenses estão passando fome, estão sendo estuprados, torturados e assassinados. O Estado de Israel tem o dever de tentar de tudo para traze-los de volta e por um ponto final às ameças diarias à sua população. No entanto, esta administração americana parece disposta a impedir Israel de alcançar este objetivo, negando os meios para salvar os seus cidadãos.

Os Estados Unidos não aprenderam nada com as falhas passadas. As memórias angustiantes do St. Louis, o navio de refugiados judeus que chegou à costa dos EUA, mas foi impedido de entrar e forçado a regressar à Europa, onde os seus passageiros foram todos enviados para as câmaras de gás. Não aprenderam nada sobre quando os judeus não tinham seu estado, milhões pereceram. Hoje, Israel está na linha de frente contra o terrorismo – e a América está lhe negando as ferramentas de que necessita para erradicar este mal da forma mais humana possível.

Não há outro país lutando uma guerra de defesa, que ele não começou, ao qual lhe é sistematicamente negado a vitória completa como Israel. Ninguém diz à Ucrania que ela não pode ganhar contra a Russia. Aliás, a cada pequena vitoria militar ucraniana, líderes europeus parecem tomar uma dose de testosterona. Mas não com Israel.

Muitos comentaristas culpam os “conselheiros” de Biden por suas declarações e ações contraditórias. Uma hora ele diz ser absolutamente pró-Israel, e na seguinte ameaça o estado judeu se ele for, em sua opinião, “longe demais”.

Não são os conselheiros. Biden nunca foi pro-Israel.

Há quarenta anos, o então senador Joe Biden, numa sessão da Comissão de Relações Exteriores do Congresso, com a presença do primeiro-ministro de Israel, Menachem Begin, Biden ameaçou suspender a ajuda a Israel por causa dos assentamentos. Menachem Begin, visivelmente alterado o repreendeu duramente: “Não nos ameace com o corte da ajuda para renunciarmos aos nossos princípios. Nós os defenderemos. E, quando necessário, morreremos por eles, com ou sem a sua ajuda.”

Desde então, Biden perdeu poucas oportunidades de desafiar ou criticar Israel. Numa outra sessão da Comissão de Relações Exteriores em 2004, ele disse que Israel deveria abandonar a maioria dos seus assentamentos na Judéia e Samaria bíblicas. Ao visitar Israel, condenou os planos de construção de unidades habitacionais na parte norte de Jerusalém, onde os árabes não eram a maioria da população.

Uma década mais tarde, depois de o Hamas e a Autoridade Palestina terem formado um governo de união, o Vice-Presidente Biden apoiou a solução de dois Estados. Ele estava convencido de que “a grande maioria dos israelenses e a grande maioria dos palestinos acreditavam… que a paz é possível, a paz é necessária e a paz é justa”. Numa celebração do Dia da Independência de Israel em 2015, ele afirmou com orgulho: “Todo mundo sabe que amo Israel”.

Mas o seu “amor” foi limitado e de curta duração. Dois anos depois, após um ataque terrorista ter ferido mais de 20 israelenses, Biden culpou o governo de Israel por supostamente ter “minado o processo de paz, a perspectiva de uma solução de dois Estados e... se mover na direção errada...”.

Biden não é nada senão um oportunista que expressa uma ou outra opinião de acordo com o barômetro eleitoral. Durante a sua campanha presidencial de 2020, ele prometeu que “dadas as graves ameaças que Israel enfrenta”, não condicionaria a ajuda ao Estado judeu. Ele insistiu que o seu apoio a Israel “é sólido e inabalável”. Após o massacre do Hamas em 7 de outubro, ele prometeu: “Devemos ser absolutamente claros. Estamos com Israel. E garantiremos que Israel tenha o que precisar para cuidar dos seus cidadãos, defender-se e responder a este ataque.” Ele assegurou ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o seu “compromisso férreo com a segurança de Israel”.

Não demorou muito, porém, para que seu apoio “sólido e inabalável” começasse a ruir. Numa recente entrevista à CNN, ele disse que suspenderia a entrega de bombas americanas para Israel se ela invadisse Rafah – que é o último reduto do Hamas em Gaza – onde os seus líderes se escondem nos famigerados túneis subterrâneos e onde devem estar os reféns, vivos ou mortos. Ele disse: “deixei claro a Bibi e ao gabinete de guerra [que] eles não vão obter o nosso apoio, se de fato atacarem Rafah”. Já na semana passada, a Casa Branca confirmou um atraso na transferência de 3.500 bombas para Jerusalém.

Mas o apoio “inabalável” de Biden a Israel está implodindo principalmente por causa da pressão dos eleitores da esquerda anti-Israel que ameaçam sua reeleição. Ele está de olho nos eleitores jovens, progressistas e árabes-americanos, especialmente no estado do Michigan, que tem uma grande população árabe pró-palestina. Não foi coincidência que ele tenha anunciado a sua intenção de suspender o envio de armas para Israel enquanto fazia campanha naquele estado.

Biden percorreu um longo caminho desde a sua visita a Israel em 2010 como vice-presidente, quando disse que os Estados Unidos, “estão resolutamente ao lado de Israel contra o flagelo do terrorismo”. Agora ele quer que Israel se dobre para satisfazer suas necessidades políticas.

Mas como Menachem Begin disse há quarenta anos, não somos judeus com joelhos trêmulos. Somos judeus orgulhosos com 3.700 anos de história civilizada. Ninguém veio em nosso auxílio quando estávamos morrendo nas câmaras de gás e nos fornos. Ninguém veio em nosso auxílio quando estávamos nos esforçando para criar nosso país. Nós pagamos por isso. Nós lutamos por isso. Morremos por isso. Manteremos nossos princípios. Nós os defenderemos. E, quando necessário, morreremos por eles novamente, com ou sem a sua ajuda.” Estas palavras sábias e destemidas ainda são a melhor resposta às ameaças de Biden de hoje, assim como foram no passado. Não temos escolha. Vamos derrotar nossos inimigos. Israel está aqui para ficar. Am Israel Chai.

Sunday, May 5, 2024

O Antissemitismo nos Campus Universitários - 5/5/2024

 

Finalmente os reitores das universidades americanas criaram uma espinha dorsal e chamaram a polícia para dispersar os manifestantes pró-palestinos dos seus campi. Eu sou completamente a favor do direito de protesto e até de acampar frente às instituições que queremos engajar. Mas isso é muito diferente de trazer arruaceiros profissionais, incitar a violência, promover o racismo e tolher o direito de acesso de estudantes judeus ao campus.  E é isso que vimos. 30% das pessoas presas pela polícia não têm qualquer relação com a universidade e estão sendo pagos por ONGs de esquerda para gerar a violência.

Com o antissemitismo se espalhando como fogo em todas as capitais, ainda temos que lidar com opiniões completamente parciais de autotitulados “peritos” no conflito árabe-israelense. Primeiro, vamos colocar as coisas em perspectiva.

Israel é um país menor que o estado do Sergipe onde moram 7 milhões de judeus e 2 milhões de árabes, todos cidadãos israelenses. Israel é cercada por 22 países árabes e o Irã, com centenas de milhões de habitantes. E mesmo assim, Israel é vista como sendo uma nação colonizadora. Em sua coluna recente, Thomas Friedman, o arabista do Times declara que Israel tem uma escolha: Rafah ou Riade”, isto é, entrar em Rafah, onde estão as últimas brigadas do Hamas e provavelmente a maioria dos reféns, ou escolher normalizar suas relações diplomáticas com a Arábia Saudita.

Friedman não dá outra opção. Ou Israel se dobra ao que a administração de Joe Biden quer e enterra a operação Rafah e, vejam bem, ao mesmo tempo cria um caminho para um Estado palestino; ou Israel se torna um pária internacional inclusive sofrendo com possíveis embargos de armas e munições.

Quer dizer: os árabes de Gaza não precisam fazer nada, e Israel aceita o Hamas como seu vizinho permanente num estado soberano. Que raciocínio é esse, exatamente? Friedman coloca isso de um modo bem torcido, apelando aos desinformados em busca de palavras de efeito para justificar querer destruir Israel. Ele diz que Israel precisa criar um “horizonte político para uma solução de dois Estados com os palestinos não liderados pelo Hamas”. Parece razoável, não? Como se isso fosse uma grande novidade e ninguém tivesse pensado nisso antes. Só que Israel pensou. Nos últimos 75 anos, Israel ofereceu um estado para os palestinos nada menos que cinco vezes.  

Na última, em 2008, Israel ofereceu tudo o que os palestinos supostamente queriam: 100% da Cisjordânia e de Gaza com trocas de terras e Jerusalém como capital compartilhada. Mas como o Hamas de agora, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, nunca respondeu.

Aqueles que defendem uma solução de dois Estados neste exato momento parecem cegos, parecem não entender que isso seria a maior recompensa possível pelo massacre de 7 de outubro, especialmente com os reféns ainda em cativeiro e os seus abusos sexuais sendo expostos. Apelar a uma Autoridade Palestina supostamente “reformada” é usar de uma linguagem vazia quando não se tem uma definição do que seria, como seria e quando aconteceria essa “reforma”.

Que tal se o primeiro passo desta reforma fosse acabar com os pagamentos das centenas de milhões de dólares anuais para os terroristas e suas famílias? E se não, é aceitável a criação de um estado que pagam seus cidadãos para saírem matando civis inocentes indiscriminadamente? E que garantias temos que a Autoridade irá conseguir governar a Faixa de Gaza com a qual não tem tido qualquer relação nos últimos 19 anos?

Não vamos nos enganar. Chega disto. A verdade é que qualquer eleição entre os palestinos hoje elegeria novamente o Hamas precisamente por causa de seu programa, não de governo, que ele não tem, mas de destruição de Israel.

Friedman acusa Israel de querer se vingar. O que Israel quer de verdade, é acabar com a presença de organizações terroristas nas suas fronteiras que lutam incansavelmente pelo genocídio do povo judeu, com o apoio do Irã.

Friedman fez seu nome e carreira criticando dura e injustamente Israel por décadas. Friedman prefere bajular os líderes palestinos que não fazem parte do Hamas mesmo se eles declararem que fizeram parte do 7 de outubro. De acordo com o The Times of Israel, o primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, apelou à unidade com a organização terrorista Hamas. “Shtayyeh indicou que o mundo precisa esquecer o massacre que aconteceu.”

O líder palestino Jibril Rajoub disse que o dia 7 de outubro foi uma reação natural a este terror [de Israel], pois os líderes de Israel representam um novo modelo nazista.” Depois de 7 de outubro, Abbas disse que o povo palestino tem o direito de autodefesa contra o “terror dos colonos e das tropas de ocupação”.

Porque sempre a responsabilidade de cessar-fogo deve recair apenas sobre Israel? Foi o estado judeu que sofreu o maior massacre desde o Holocausto incluindo agressões sexuais indescritíveis, e é ele quem deve fazer concessões, inclusive de criar um estado para o povo palestino que 7 meses mais tarde continua a ser esmagadoramente a favor deste massacre? Por que isso chega até mesmo a estar na pauta das negociações conhecendo a história de décadas de terror e intransigência palestina? Friedman também não fala sobre acabar com a incitação e o ódio endêmico aos judeus na sociedade palestina, inculcado já nas crianças nas escolas, mesquitas, na mídia e no governo.

É verdade que Israel ainda não anunciou qual será sua estratégia para sair de Gaza. Mas ele fantasia. Ele recomenda que Israel seja substituída por forças árabes de paz, desde que estas forças árabes sejam “abençoadas por uma decisão conjunta da Organização para a Libertação da Palestina”. Sim, e dá para acreditar nestas forças? Não conseguimos que a ONU faça cumprir as decisões de desarmamento do sul do Líbano e vamos acreditar que forças árabes abençoadas pela OLP tragam a paz a Israel?

Abbas é o chefe do Fatah, da OLP e da AP e tem um índice de desaprovação de 90%. Que tal pedir uma reforma completa da Autoridade Palestina antes de pedir a Israel que se arrisque existencialmente com um parceiro de negociação “reformado” ao qual você não fez qualquer exigência?

Em troca destes riscos substanciais, Friedman diz que “os Estados Unidos reuniriam Israel, a Arábia Saudita, outros estados árabes moderados e os principais aliados europeus numa arquitetura de segurança única e integrada para combater as ameaças dos mísseis iranianos”. E os mísseis do Hamas, da Hezbollah e dos Houthis? E suponhamos que isso signifique que Israel perdesse a opção de agir preventivamente contra as instalações nucleares iranianas. Esse pode ser um momento de “obrigado, mas não, obrigado”. Isso significaria que se o Irã atravessasse alguma linha vermelha delineada pelos Estados Unidos, o governo americano então agiria junto com Israel contra o Irã. O problema, Sr. Friedman, é que já temos experiência com “garantias internacionais” de segurança como estas. A Ucrânia que o diga... Lembram-se de quando o presidente George W. Bush disse ao primeiro-ministro Ariel Sharon que não se esperaria que Israel voltasse à linha do armistício de 1949 (o que o pessoal chama erroneamente de Linha de 67)? Mudou o governo e a administração Obama orquestrou a Resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, tornando qualquer presença israelense além da Linha Verde um crime de guerra.

Do lado árabe, o príncipe herdeiro e primeiro-ministro saudita, Mohammed bin Salman, quer relações diplomáticas com Israel porque ele não quer ser o último país árabe a se beneficiar dos avanços tecnológicos de Israel. Ele também quer fazer da Arábia Saudita uma economia tecnológica de primeiro mundo. E quer estar alinhado com a América e com uma Israel forte.

Apesar do que diz Friedman, os sauditas, os jordanianos e os egípcios querem que Israel seja vitorioso sobre o Hamas, que faz parte da Irmandade Muçulmana e ameaça os seus regimes.

Finalmente, Friedman diz: “O que considero perturbador e deprimente é que não existe hoje nenhum grande líder israelense no governo, na oposição ou nas forças armadas, que possa ajudar ou explicar a Israel essa escolha – um pária global ou um parceiro no Oriente Médio”.  É muita arrogância!

Friedman sabe melhor do que os israelenses o que é bom para eles. Alguma humildade seria adequada. Ele sempre fez parte da multidão que dizia que Israel nunca poderia ter relações com os países árabes, como os Acordos de Abraão, até que um Estado palestino fosse criado.

Assim, quando alguém lhe der uma escolha de pegar ou largar no mundo multi-dimensional que é o Oriente Médio, tenha cuidado; ele com certeza está defendendo uma agenda. Friedman deveria ter vergonha de escrever um artigo tão desequilibrados e fantasiosos dos fatos. Mas por causa de seu nome, ele se acha no direito de enganar seus leitores e ainda ferir os interesses de segurança nacional americanos.

Para terminar, queria recomendar aos ouvintes assistirem o documentário Gritos antes do Silencio. Em inglês “Screams before the Silence” que está disponível gratuitamente no Youtube. Este documentário foi produzido pela ex-chefe de operações do Facebook e autora Sheryl Sandberg. Vou ser sincera. Apesar de não conter imagens explicitas, as descrições não são para os fracos de espírito. Ela documenta em detalhe a violência sexual cometida pelo Hamas no massacre de 7 de outubro. Para aqueles que duvidam, escarneiam, zombam, é uma boa dose de realidade. “Screams before the Silence”.