Sexta-feira ocorreram eleições para o parlamento do Irã e o que se espera desta vez é que Ahmadinejad e seu partido sejam os grandes perdedores. Desde 2009 quando recebeu o apoio do Ayatollah Ali Khamenei para se manter no poder, o presidente do Irã tem se indisposto com Supremo Líder que deve ser seguido cegamente. Como os partidos de oposição foram banidos da política e as eleições são fraudadas, mesmo se um outro partido vencer, não haverá mudanças na política externa de Teherã.
Este fato é importante porque muitos analistas indicaram que se Ahmadinejad perder o apoio do parlamento, o Irã poderia dar um rumo diferente ao seu programa nuclear. Isto não deve ocorrer, especialmente porque a ameaça de destruir Israel não partiu somente de Ahmadinejad mas também do Supremo Líder.
Apagar Israel do mapa, efetivamente conclamando um segundo holocausto, é um objetivo bastante real para os Ayatollahs.
Para Israel é uma questão existencial que fica mais urgente a cada dia que passa. E é por isso que Netanyahu está novamente em Washington.
Desta vez, seu encontro com Obama pode determinar se estes dois líderes podem mobilizar um esforço internacional ou apenas bilateral para acabar com os esforços do Irã de se tornar uma potência nuclear.
Netanyahu quer que o mundo livre, liderado pelos Estados Unidos intensifique sua política de dissuasão impondo maiores sanções econômicas, exercendo maior pressão diplomática e lançando operações militares para eliminar as ambições nucleares do Irã.
Obama declarou na sexta-feira que não está blefando quando diz que todas as opções contra o Irã, inclusive uma ação militar, estão na mesa. Apesar de agora os Estados Unidos não serem um alvo direto do Irã, se os ayatollahs puserem as mãos numa bomba nuclear, todo o Oriente Médio estará desestabilizado, o que não é do interesse americano.
E somente dois países – Estados Unidos e Israel – têm a capacidade tática para destruir as usinas nucleares iranianas.
Qualquer ataque contra o Irã terá um efeito significativo. O impacto a curto ou médio prazo dependerá da inteligência acumulada, que não é compartilhada com a mídia, mas que dizem Netanyahu deve entregar a Obama. A presumida capacidade de Israel de obter informações sigilosas no Irã através de seus próprios meios é um fator importantíssimo na sua relação de aliado mais fiel aos Estados Unidos na região.
20% de Israel é árabe muçulmana. Na Judéia e Samária há 1.5 milhão de árabes palestinos, isto sem falar do milhão que vive em Gaza. Todos estariam expostos a uma bomba nuclear. Mas a noção de que milhares de árabes palestinos muçulmanos possam morrer num ataque desses, parece não ser um fator levado em conta pelos ayatollahs. A lógica fornecida é a mesma de Osama Bin-Laden quando perguntado sobre muçulmanos que morreram nos ataques de 11 de setembro de 2001. Ele disse que se eram bons muçulmanos, então ele lhes fez um favor pois estariam agora nos braços das 72 virgens.
O pior é que até agora, não houve qualquer protesto internacional ou mesmo de outros países muçulmanos contra esta ameaça de destruição de lugares que eles mesmo dizem considerar santos, incluindo Jerusalem.
Nas últimas duas décadas ou mais, muçulmanos engajaram em incontáveis atos de violência nos quais outros muçulmanos foram alvejados e mortos. Estas vítimas incluiram peregrinos no Iraque, Paquistão e hoje os massacres diários na Síria. A Turquia que almeja liderar o mundo islâmico, disse que Bashar Assad está cometendo crimes contra a humanidade mas não pretende enviar nenhuma “flotilha” para ajudar os manifestantes.
A história recente mostra que só há escândalo, horror, protestos e condenações quando se trata de ações tomadas por judeus contra muçulmanos.
Agora a questão é o tempo. Só podemos especular que a data de um possível ataque deva estar entre as prioridades das negociações entre Netanyahu e Obama.
O problema é que em política internacional deve existir não só o interesse mútuo das partes para uma ação militar mas elas devem estar em consenso.
A profunda antipatia de Obama para com Netanyahu não é nenhum segredo. Para complicar a situação, Obama pode não concordar com um ataque antes das eleições de Novembro porque pode lhe custar votos se os resultados forem insatisfatórios ou inexpressivos ou se tiver o potencial de arrastar a América para outra guerra interminável. Ainda há a relutância dos americanos em se associarem aos israelenses no nível operacional.
Os Estados Unidos não querem perder a imagem de “intermediário honesto” que se beneficia tanto da relação com os árabes como com Israel. Há 22 anos atrás, durante a primeira guerra contra o Iraque, esta já era a posição americana, quando pediu educadamente para Israel não retaliar os ataques de Saddam Hussein.
Os conselheiros de Obama devem ter lhe dito que uma cooperação militar aberta entre os Estados Unidos e Israel contra o Irã poderá colocar a monarquia saudita em uma situação difícil. A Arábia Saudita vê os shiitas do Irã como uma ameaça à sua sobrevivência mas por outro lado não podem ser vistos do mesmo lado de Israel.
Mas ao final, nem a América, nem os sauditas e muito menos Israel podem viver com um programa nuclear iraniano conduzido em desafio à Agência Internacional de Energia Atômica. O fato dos inspetores da Agência terem sido expulsos do Irã em sua última visita e acesso às usinas negado, deve ser o suficiente para Obama e Netanyahu passarem por cima de suas diferenças e trabalharem num plano realista para acabar com o pesadelo de um Irã nuclear assim que possível.
Obama tem que colocar as considerações políticas de lado e como líder do mundo livre, tomar esta decisão com base somente na segurança e estabilidade internacional. Netanyahu por seu lado não pode deixar a decisão somente para os americanos e têm que desenvolver alternativas para agir sozinho.
Excelente Artigo. Muito bem escrito.
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