O ataque a civis por islamistas ocorrido no
Shopping Center em Nairobi na semana passada que deixou pelo menos 74 mortos não
foi uma coisa extraordinária. Ele seguiu um roteiro similar a outros ataques que
ocorreram nos últimos dias. No Paquistão, no domingo passado, 84 cristãos foram
mortos no bombardeamento de uma igreja e na Nigéria, 159 pessoas foram chacinadas
por islamistas perto de Maiduguri. Tudo no mesmo final de semana.
Infelizmente, a reação da mídia e dos políticos
também seguiram um roteiro cuidadosamente trabalhado a que nos acostumamos há
tempos: primeiro, terroristas islâmicos atacam civis tentando separar os
muçulmanos dos não-muçulmanos para matar somente o último grupo. Há “condenações”
pelos “atos de violência sem sentido” e apelos para mantermos a “calma e
unidade”. E logo tudo é esquecido. Os terroristas presos são julgados por
cortes civis e dependendo do lugar, talvez pegarão a pena de morte a ser
executada daqui há uma década. E voltamos aos nossos refrões diários, que os “terroristas
não prevalecerão”.
O problema é que este roteiro não leva em conta
um fator central do terrorismo islâmico: que é preciso parar de tratar estes
ataques como crimes isolados. Chegou a hora de defini-los como crimes contra a
humanidade.
Testemunhas do ataque no Kenia contaram para a
BBC que quando o grupo terrorista Al-Shabaab entrou no Shopping Center, eles reuniram
os civis e pediram aos muçulmanos ficarem de pé e sairem”. “Um homem com um
nome cristão mas um sobrenome que parecia árabe, conseguiu escapar cobrindo seu
primeiro nome com o dedo em sua carteira de identidade. Mas um indiano que
estava do seu lado e não conseguiu responder o nome da mãe de Maomé foi
sumariamente abatido na frente de todos”.
Do mesmo modo em 2004, quando 17 terroristas
entraram no complexo residencial de Khobar, na Arábia Saudita, eles pararam o
primeiro transeunte e perguntaram se ele era cristão ou muçulmano. Porque não
queriam matar muçulmanos. Pediram à ele mostrar aonde estavam os americanos. Ao
final, os terroristas caçaram e mataram 22 residentes, trabalhadores dos
Estados Unidos, Africa do Sul, Sri lanka, India, Suécia, Filipinas e Egito.
O mesmo ocorreu nos ataques em Mumbai na India
em 2008. Numa conversa telefonica entre os terroristas gravada pelas
autoridades, um grupo pediu ao outro para se assegurar que entre os reféns não
houvessem muçulmanos. Quando recebeu confirmação, o primeiro grupo deu a ordem
para matar todos os reféns deixando o telefone ligado para que ouvissem os
tiros. Quando isso ocorreu pode-se ouvir as comemorações do outro lado da
linha.
É interessante como reportagens destes ataques tentam
logo minimizar a culpa dos terroristas e filtram as referências e o foco nos
não-muçulmanos. Em novembro de 2009, Fareed Zakaria da CNN fez um programa
especial sobre os ataques em Mumbai. Ele simplesmente disse que os terroristas
foram instruidos para matarem o máximo de civis. De fato eles foram instruidos
a matarem o máximo possível de infiéis não-muçulmanos. Aí Zakaria descreveu os
terroristas como meninos pobres do campo. Ao falar do ataque à sede do Beit
Chabad ele falou do “ânimo contra os judeus”. Só que até os anos 80, a maioria
dos muçulmanos indianos não sabiam nem aonde estava a Palestina.
Zakaria comparou as ações dos terroristas à “lavagem
cerebral” tentando enfatizar a juventude dos terroristas, “estes meninos do
campo”… “estas crianças que parecem adolescentes”. A frequência com que Zakaria
os chama de “meninos” é incrível. O único terrorista capturado vivo tinha 21
anos na época. O mais velho deles tinha 28 anos. O mais novo tinha 20.
Mas isso não foi só em Mumbai. Nos ataques à
Maratona de Boston no ano passado, a mídia em massa definiu os dois irmãos como
“jovens” que não conseguiram se integrar nos Estados Unidos como se a culpa
fosse nossa e não deles.
Aí eu pergunto: porque o esforço consciente
para redefinir estes terroristas como crianças? Porque a decisão consciente de
excluir diálogos com instruções de matar somente não-muçulmanos e pintar o
ataque como “indiscriminado”?
A estória real e verdadeira é que estes homens
saíram para matar o maior número possível de não-muçulmanos. A mídia procura
esconder este lado para promover a narrativa de “unidade”, e apresentar
muçulmanos também como vítimas e isso esconde a natureza genocida do crime.
Estes três exemplos, Mumbai, Khobar e Nairobi,
são apenas a ponta do iceberg. Os rebeldes na Síria entraram na cidade cristã
de Maaloula há algumas semanas e forçaram os residentes a se converterem ao
Islamismo; cristãos coptas no Egito tiveram suas igrejas queimadas e muitos de
seus membros mortos por membros da Irmandade Muçulmana. No começo deste mês 200
cristãos foram sequestrados pelo Fronte Nacional de Libertação Moro nas
Filipinas, que quer instaurar um governo muçulmano no sul do país. O grupo é
reconhecido como membro observador da Organização da Conferência Islâmica.
Quando as Filipinas pediram para se juntar à organização, foi rejeitada.
Do sul da Tailandia, às Filipinas, passando
pela Síria e além, a mentalidade jihadista leva a massacres em massa.
É verdade que em muitos casos não só
não-muçulmanos são alvejados mas membros de outras seitas muçulmanas. No
Paquistão shiitas são mortos todos os dias. Em agosto do ano passado um grupo
vestido com uniformes do governo, entraram num ônibus e pediram para ver as
carteiras de identidade dos passageiros. Os que tinham nomes shiitas foram
alinhados fora do ônibus com as mãos amarradas e executados sumariamente. Já
ouviram isso antes?
Através dos anos, muitos acadêmicos têm identificado
o jihadismo com “islamo-fascismo” porque o jihad prega o genocidio de
não-muçulmanos como um dos pilares da religião. Mas o ocidente se recusa a
aceitar esta premissa. O mundo não julga os terroristas como criminosos de
guerra cometendo crimes contra a humanidade. Em vez disso, estamos todos ocupados
em ofuscar a natureza destes ataques, fingindo que os terroristas são jovens
mal-guiados enviados para matar qualquer um minimizando o caráter genocida
destas missões.
Pudemos ver isso claramente na descrição dada
pelo New York Times ao evento no Kenia esta semana. O jornal descreveu os
perpetradores como “militantes do Al-Shabab”. Quando eles mataram o poeta de
Gana de 78 anos, Kofi Awooner e a radialista queniana de 31 anos Ruhila
Adatia-Sood, isto era parte de uma operação militar?? Dezenas de mulheres
mortas nos andares do Shopping, isso é ser “militante”??
Neste último 15 de setembro, quando marcamos os
50 anos do ataque da Ku Klux Klan à igreja batista de Birmingham, que tirou a
vida de quatro meninas negras, o jornal não chamou os perpetradores de “militantes”.
Mas os objetivos e métodos do Klan não eram diversos do Shabaab ou dos Talibans
de hoje: uns como os outros querem matar um grupo específico. Ninguém falou que
a Ku Klux Klan saiu naquele dia para matar indiscriminadamente. Se estima que o
KKK matou 4.743 pessoas entre 1882 e 1968. Só no Iraque no ano passado, massacres
entre as diversas seitas custou a vida de 4.574 pessoas. E isso é só no Iraque
num só ano. Se somarmos todos os ataques por muçulmanos contra não-muçulmanos,
ou a limpeza étnica de não-muçulmanos em países como o Egito, Iraque e norte da
Nigéria, teremos dezenas de milhares somente na última década. São milhões no
último século.
E o pior é que os muçulmanos não-jihadistas se
calam. Alguém ouviu alguma condenação vinda de algum país muçulmano ao ataque
no Kenia? Ouvimos da comunidade européia, de Ban Ki Moon, de Obama. E os
muçulmanos que se dizem não-jihadistas?? Aonde está sua voz que não ouvimos?
Precisamos parar de esconder o denominador
comum entre Mumbai e Nairobi, entre Khobar, a Nigéria, as Filipinas, a Síria e
o Egito. Existe hoje uma campanha mundial de limpeza étnica e assassinato
contra não-muçulmanos e chegou a hora de definirmos isso como um crime contra a
humanidade e não como “militantismo” ou “terrorismo”. Pode não ser
politicamente correto mas certamente é o moralmente correto.
Parcialmente adaptado do artigo de Seth Frantzman publicado no Jerusalem Post em 24/09/2013.
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