Há três anos, o secretário
geral Ban Ki Moon nomeou Leila Zerrougui, uma advogada da Argélia como a
Representante Especial do Secretário-Geral sobre as Crianças em Conflitos
Armados.
Em março deste ano, ela emitiu
um relatório sobre a situação desesperadora das crianças na Síria. Ela descreveu a violência e as táticas brutais usadas por todos os lados deste conflito, o
uso de gás asfixiante por Bashar Al-Assad mas especialmente o recrutamento de crianças por
grupos como o Al-Nusra (a Al-Qaeda da Síria) e o Estado Islâmico. O relatório detalhou como crianças são sequestradas, doutrinadas e obrigadas a
participar de atos horrendos de assassinatos, decapitações e a queima de
pessoas vivas. Como meninas são estupradas e vendidas como escravas.
Mas o relatório sobre a Síria
não resultou em muita cobertura pela imprensa. Talvez por isso, seu novo
relatório tenha tomado outra direção.
Na última quinta-feira, o
Conselho de Segurança da ONU se reuniu para discutir este novo relatório.
Surpreendentemente, Ban Ki-Moon não teve outro alvo a não ser... adivinharam(?)
Israel! O secretário não mediu palavras para condenar o Estado Judeu pelo
sofrimento das crianças palestinas durante o conflito com Gaza no ano passado. Não
o Iraque aonde o maior número de crianças morreu em conflito, não a Síria, não
o Afeganistão ou o Paquistão - aonde meninas são mortas por irem para a escola.
Ban disse estar alarmado com o
“sofrimento de tantas crianças” como resultado das operações militares e pediu
para Israel tomar passos concretos e imediatos que incluam “rever políticas e
práticas existentes” para proteger e prevenir a morte ou ferimentos a crianças
e respeitar a santidade especial de escolas e hospitais.
A resposta do primeiro
ministro de Israel foi imediata. Netanyahu disse em sua página do Facebook que
“este é um dia cinzento para a ONU que em vez de condenar o Hamas por ter
tomado as crianças como reféns lançando seus mísseis contra Israel a partir de
escolas e hospitais, ela mais uma vez escolheu condenar Israel que manteve os
mais altos padrões morais de combate como foi declarado na semana passada por
generais americanos e europeus.
“Ao mesmo tempo, o Hamas, uma
organização terrorista, recebe imunidade da ONU, mesmo estando provado acima de
qualquer dúvida, que ela cometera crimes de guerra ao lançar mísseis a partir de
hospitais, mesquitas e de dentro dos próprios prédios da ONU. Como sabemos, não
há limites para a hipocrisia”.
Netanyahu tem razão.
Infelizmente, a ONU mudou. Os 51 países que a fundaram em 1945 eram em sua
vasta maioria países ocidentais ou membros da União Soviética. Na época, a ideia
de dar a cada membro um voto nas decisões para evitar o domínio das potências,
era inovadora. Infelizmente, hoje temos 193 membros, a maioria consiste em países subdesenvolvidos,
corruptos e ditatoriais. Isso faz com que uma representante de um país árabe,
que já vem com seus preconceitos e partidarismos, seja nomeada para emitir um
relatório sobre a conduta de Israel.
Não digo que ela não seja
capaz de colocar seus preconceitos de lado e trabalhar profissionalmente, mas
está na cara que este não foi o caso. E a prova está no próprio relatório. Nele, Israel mereceu não menos
que 32 parágrafos, comparados com apenas 8 do Iraque, 15 do Afganistão, 11 de
Darfur e apesar do seu relatório anterior, meros 18 parágrafos sobre a situação
das crianças na Síria.
Numa carta à Ban Ki Moon, o
embaixador Ron Prosor acusou Zerrougui de “conduta tendenciosa ampla,
sistemática e institucionalizada contra Israel afetando a credibilidade do
relatório”.
Prosor notou que Zerrougui
deixou de responsabilizar o Hamas por lançar milhares de mísseis contra Israel
usando civis palestinos, incluindo crianças, como escudos humanos. Ele também
criticou Zerrougui por impedir Israel de verificar incidentes descritos no
relatório, por não ter dado a Israel nenhuma oportunidade de defesa antes que o
relatório fosse finalizado e por ignorar todas as informações e evidências
fornecidas por Israel.
Prosor pediu que o
secretário-geral da ONU “mudasse seu método de trabalho para assegurar um
processo transparente e crível no futuro”.
Ban por sua vez, defendeu o
relatório dizendo que “interesses nacionais não deveriam embaçar o objetivo que
é o de proteger crianças”. Para ele, independente do que faz o Hamas, o impacto
nas crianças de Gaza prova a violação das leis internacionais humanitárias e
imaginem, o uso excessivo de força por Israel!!!.
Mas poderia ser pior.
Zerrougui queria incluir Israel na lista negra das entidades que matam ou ferem
crianças em conflitos armados junto com o Boko Haram e os Talibãs. Ban teve o
mínimo bom senso e recusou a inclusão o que provocou uma barragem de protestos
de grupos de direitos humanos e do mundo árabe.
Este tipo de relatório e
conclusões da ONU é o que tira a credibilidade desta instituição que deveria investigar
quem são os reais culpados pela morte e sofrimento de civis. Não foi Israel
quem começou a guerra, foi o Hamas. Mesmo sabendo que iria atacar Israel, o
Hamas não construiu um só abrigo contra bombas ou qualquer outro lugar de
refúgio para sua população civil. Mas gastou milhares de toneladas de cimento
para construir dezenas de tuneis para atacar civis israelenses.
Estamos numa situação em que
não importa o que Israel faça, ela é acusada de crimes e violações da lei
internacional. Esta semana, o ex-ministro da Defesa e ex-vice-primeiro ministro
Shaul Mofaz teve que ser retirado de Londres aonde ele teria que participar de
uma conferencia porque grupos pró-palestinos tinham conseguido uma ordem de
prisão por supostos crimes de guerra cometidos por ele. Tzipi Livni, líder da
oposição israelense teve que invocar sua imunidade na Inglaterra para evitar
ser presa.
Quer dizer, qualquer um
envolvido no exército ou na política de Israel, seja governo ou oposição, hoje
tem que pensar duas vezes antes de ir para a Europa. Esta intimidação é parte
do movimento que prega o boicote a Israel sem querer saber quem sai
prejudicado.
É realmente muita hipocrisia.
Num momento em que o Oriente Médio está em fogo e crianças são dizimadas
diariamente, a ONU decide acusar e incluir Israel num grupo de países que nega
os direitos civis mais básicos. Ela precisa parar de proteger e dar imunidade ao
Hamas que usa crianças como escudos e parar de condenar Israel a cada vez que
ela é forçada a proteger seus civis. Quem sabe depois que os palestinos
perderem o status de vítima permanente eles se deem conta que este não é o
caminho para obter um estado.
Mas hei (!) um estado não é o que estes
terroristas realmente querem…
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