O improvável
aconteceu e hoje Donald Trump parece ser o inevitável candidato republicano nas
próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Há apenas alguns meses, os
“especialistas” em política zombavam e descartavam sua candidatura. Hoje Trump
calou a boca não só dos especialistas, mas serviu um grande sapo para os
políticos de carreira em Washington.
Trump está
ganhando em todas. Com mulheres, jovens, idosos, veteranos do exército, brancos,
hispanos e negros, seculares e evangélicos. Se na super terça-feira ele ganhar na
maioria dos estados, o partido republicano não terá escolha a não ser nomeá-lo
para enfrentar Hillary Clinton em novembro.
Qual é a
causa deste sucesso? Trump é um construtor bilionário e apresentador de um dos
mais bem sucedidos reality shows da televisão. Mas sua popularidade não tem
nada a ver com isso. Trump conseguiu canalizar as profundas frustrações que o
público americano sente com as elites políticas e culturais do país.
Em outras
palavras, ele fala exatamente o que as pessoas pensam mas não dizem sob pena de
serem consideradas intolerantes, politicamente incorretas ou atrasadas. Este é
o terror social e intelectual imposto pelo exército de burocratas e acadêmicos inseridos
por Obama nas posições mais críticas do governo americano.
Cada vez
que nos encolhemos ao ouvir Trump falar algo politicamente incorreto, sua
popularidade aumenta. Sua candidatura disparou quando ele prometeu construir um
muro ao longo da fronteira sul e fazer o México pagar por ele e assim combater
a imigração ilegal que está roubando empregos de americanos.
Novamente,
sua aprovação foi para a estratosfera quando, depois do ataque em San
Bernardino, Trump disse que proibiria a imigração de muçulmanos para a América
até desenvolver um método para checar estes imigrantes.
Milhões de
americanos estão fartos de serem chamados de racistas, chauvinistas,
homofóbicos, extremistas, privilegiados, cada vez que abrem a boca. Em Trump
eles encontraram sua voz. E ainda há o sentimento que Obama transformou a
América - como ele prometeu que faria- mas foi da maior potência o ao maior
otário do mundo. Quando Trump descreve o péssimo acordo assinado com o Irã ou a
reaproximação com Cuba sem que os mulás ou os irmãos Castro se obrigassem a
absolutamente nada, ele fala direto ao coração destes eleitores. Seus fãs não
querem saber os detalhes de seu plano para a saúde, defesa, ou a economia. Eles
odeiam os políticos de Washington e querem alguém que não tem o rabo amarrado
com ninguém, que está pagando por sua própria campanha, alguém que
comprovadamente foi bem sucedido em negócios que irá fazer algo diferente e
criar um futuro melhor para os americanos.
Se eleito,
Trump será um presidente muito popular, e porque ele não tem nenhuma agenda
ideológica, ele será o oposto do hiper-ideológico Obama.
Os americanos
não estão sozinhos no mundo com esta frustração e incerteza. Os países do Oeste
Europeu também estão enfrentando uma onda de insatisfação. Partidos populistas
que querem estancar a imigração muçulmana e até sair da União Europeia estão
ganhando cada vez mais eleitores, levando os partidos políticos tradicionais ao
pânico.
Estes
populistas prometem a mesma coisa que Trump: restaurar a antiga glória de seus
países e acabar com a monstruosidade burocrática da União Europeia que
pulverizou o caráter nacional dos seus países e lhes roubou a soberania. Hoje
muitos europeus rejeitam a política de fronteiras abertas e querem a volta de
sua identidade nacional. O próximo 23 de junho será o teste. Neste dia, os
ingleses decidirão se continuam ou não da União Europeia. O popular prefeito de
Londres, o conservador Boris Johnson é quem lidera esta campanha contra a
vontade do Primeiro Ministro David Cameron. Johnson também pôs o dedo na
insatisfação do povo com as elites políticas. E se a Inglaterra sair, poderemos
ver outros países seguirem.
E numa
tentativa de conectar com o povo, Cameron deu um grande passo em falso esta
semana. Ao responder ao parlamentar inglês Imran Hussain que disse ter visitado
a “Palestina” na semana passada, Cameron disse que estava “genuinamente
chocado” com o atrevimento de Israel de construir no leste de Jerusalem. Ele
disse que apoiava Israel mas não apoiava a colonização ilegal. Que “ele não
apoiava o que estava acontecendo em Jerusalém do Leste e... “que é muito
importante que esta capital se mantenha do jeito que era no passado”.
Será que o
primeiro ministro inglês realmente quer que Jerusalém seja “mantida como era no
passado?” Como era então sob o governo Jordaniano, aonde as sinagogas e lugares
sagrados judaicos foram destruídos e queimados? Quando judeus não tinham acesso
ao Muro das Lamentações e seus direitos religiosos básicos foram negados?
Ou talvez
quando os ingleses tinham o Mandato da Palestina, e judeus proibidos de tocar o
shofar na cidade velha para não “incomodar os muçulmanos” e quando judeus eram
proibidos de adquirir propriedade em Jerusalem? Na época não havia rede de
água, esgotos, eletricidade, ruas, escolas, coleta de lixo e tratamento médico
disponível para todos. Que tal Israel suspender todos estes serviços no leste
de Jerusalém? É isso que quer Cameron?
Também não
dá para entender o que ele quis dizer com “o que está ocorrendo em Jerusalem”.
Aparentemente ele não está se referindo aos esfaqueamentos, atropelamentos e
tiroteios promovidos pelos palestinos. Também não creio que ele esteja se
referindo ao progresso econômico, ao parque industrial e tecnológico que
emprega milhares de árabes, ou a liberdade e cultura que permeia a cidade desde
que voltou ao controle judaico.
Aparentemente,
o que escandaliza Cameron é o fato de judeus estarem construindo na cidade.
Numa época em que o Oriente Médio inteiro está sendo destruído por guerra,
inclusive os maiores tesouros históricos e arqueológicos da Humanidade, Cameron
se ofende com construção, porque ela é feita por judeus. Por esta lógica
esquizofrênica, este é o único obstáculo para a paz.
A verdade é
que mesmo assim, até agora, Cameron tem sido o maior amigo de Israel. Ele
emendou a lei que dava a qualquer um o direito de pedir a prisão de supostos
“criminosos de guerra” que alvejaram Tzipi Livni, Shaul Mofaz e Ehud Barak. Ele
também apoiou as mais duras sanções contra o Irã, excluindo Teherã do maior
sistema de transferência de fundos, o SWIFT. Ultimamente, Cameron tomou medidas
contra os ativistas do Boicote, Desinvestimento e Sanções proibindo
discriminação contra produtores Israelenses. É exatamente por isso que foi tão
difícil ouvi-lo condenar Israel por algo tão normal quanto permitir a todos
seus cidadãos de construírem e viverem aonde bem entenderem em sua capital!
Parece que
com o novo antissemitismo permeando a Europa, fica difícil manter uma política aberta
de apoio a Israel, mas esperamos que Cameron reganhe logo a lucidez.
A corrida
dos americanos e europeus em direção aos populistas é resultado de sua crescente
crise de identidade, de fraqueza social, cultural, militar e econômica. Isto
sem dúvida irá causar instabilidade no mundo num futuro próximo. Israel precisa
reconhecer o que está acontecendo e não se deixar pressionar por alguns que
procuram marcar pontos políticos. Não é hora de negociar e de fazer concessões
a terroristas em ternos. Israel tem que continuar a se defender e manter-se
firme até termos um novo presidente na Casa Branca.
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