O vice-presidente Americano
Joe Biden é mais famoso por suas gafes que por sua proeza política. Dificil
encontrar alguém que o ultrapasse. Nem o finado Ibrahim Sued teve jornais como
o inglês Daily Telegraph e revistas como a Time compilarem listas de suas
declarações disparatadas.
Seus habituais faux-pas se
tornaram lendas políticas. Como quando ele pediu para um senador paralítico do
Estado de Missouri que levantasse de sua cadeira de rodas num comício; quando
não lembrava o nome de seu companheiro de chapa, Barack Obama na campanha para
presidente em 2007 ou quando disse que seu estado tinha o maior numero de
Índios americanos e que não se podia entrar num mercado ou posto de gasolina
sem falar com um sotaque índio. Além da burrice da sentença ele falava para a
comunidade imigrante da India – o país!
Mas na segunda-feira da semana
passada em Washington as declarações de Biden não foram nada engraçadas. Falando
para a organização judaica pró-palestina J-Street Biden lançou críticas
mordazes contra Israel, apenas algumas horas após um ônibus em Jerusalem ter
sido bombardeado.
Enquanto os médicos ainda
tentavam salvar a vida de dezenas de feridos, inclusive do terrorista que
perdera as duas pernas na explosão, e a carcaça do ônibus ainda estava quente
do fogo, Biden escolheu censurar o estado Judeu de uma maneira nunca usada com
um aliado americano.
Biden disse que ele firmemente
acreditava que as ações que o governo de Israel havia tomado nos últimos anos –
(de acordo com ele) a sistemática e contínua expansão dos assentamentos, a
legalização de postos avançados, confisco de terras – estariam empurrando os
Estados Unidos e mais importante, empurrando Israel, na direção errada. Neste
discurso, que pareceu copiado da agenda
do porta-voz da Autoridade Palestina, Biden insistiu que Israel estava criando
uma realidade “perigosa” e revelou sem reservas a esmagadora frustração que a
administração Obama sente com o governo israelense.
Ele disse “temos uma grande
obrigação, apesar de às vezes sentirmos uma frustração esmagadora com o governo
de Israel, de empurra-los com toda a nossa força em direção ao que eles sabem
por dentro ser a única solução: a solução de dois estados, enquanto ao mesmo
tempo, nos mantemos como os garantidores absolutos de sua segurança”.
Se isto não bastasse, Biden se
deu ainda o direito de interferir na política interna de Israel, elogiando
sobremaneira um membro de esquerda da Knesset, desejando à ela “que sua visão
voltasse a ser mais uma vez a opinião majoritária da Knesset”.
Bem, é realmente discutível se
os Estados Unidos, a União Européia ou a ONU – outras que não têm outra coisa a
fazer a não ser marretar Israel – se mantêm como “garantidoras da segurança do
estado judeu”. Não vimos nenhum deles correrem e oferecerem qualquer ajuda
durante as intifadas e todos os comprometimentos de forças de paz, seja no Líbano,
em Gaza ou mesmo em Hebron, foram completos fiascos.
Mas Joe, vamos dividir com
você um pouco da nossa e da frustração que Israel sente com você e a
administração do seu patrão Barack Obama. Sim, aquele que você descreveu em
2007 como o primeiro africano-americano articulado, inteligente, limpo e bem
aparentado.
Que direito tem o
vice-presidente dos Estados Unidos de falar neste tom com seu único aliado
confiável no Oriente Médio, particularmente numa época em que Israel está
sofrendo uma onda sem precedente de esfaqueamentos e tiroteios em suas ruas?
Francamente, os israelenses
não precisam de sermões de um político de um estadozinho como Delaware com um discernimento
em política internacional que no melhor das hipóteses pode ser descrito como
“dúbio”. O próprio secretário de defesa de Obama, Robert Gates, colocou em suas
memórias que Joe Biden “esteve errado em possivelmente todas as questões
envolvendo política externa e segurança nacional nas últimas quatro décadas”.
Um legado impressionante que
Biden está tentando esticar para a quinta década. Sua afirmação que Israel
precisa ser “empurrada com toda a força” é não só paternalista mas
profundamente antidemocrática. E sua arrogância ao dizer poder olhar “por
dentro” dos israelenses e saber o que eles realmente querem é condescendente e
humilhante.
O que os israelenses querem
foi expresso nas urnas das últimas eleições 13 meses atrás quando disseram em
alto em bom tom que rejeitam a esquerda e a solução de dois estados proposta
por ela. Este pequeno fato parece não ter qualquer peso para Biden e ele se
sente no direito de expressar descaradamente, sua esperança que o partido
trabalhista detenha mais uma vez, a maioria da Knesset. Isto é um escândalo.
Alguém já viu algum oficial ou
político sênior de algum país como um vice-presidente expressar quem ele
gostaria que controlasse o Parlamento Britânico, ou a Assembléia Nacional da
França? Ou o Congresso brasileiro? Claro
que não. Isto seria uma ingerência nos assuntos internos do outro país e
completamente inapropriado.
Alguém precisa lembrar a Biden
que Israel não é o 51º estado dos Estados Unidos. O fato dele se sentir a
vontade para se meter na política interna do estado Judeu arremessando sem
reservas críticas violentas ao seu governo, fala muito sobre a arrogância que
caracteriza a administração da qual ele é parte.
Dando-se conta que talvez
teria ido longe demais, Biden tentou assegurar a audiência que “independente de
qualquer divergência política os Estados Unidos poderiam ter com Israel – e há
hoje divergências políticas – nunca houve qualquer questão sobre o
comprometimento com a segurança de Israel”.
Isto se chama jogar a pedra
com a direita e vender o band-aid com a esquerda... Ninguém acredita em você
Joe. Seu tratamento de Israel prova o contrário.
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