Em março deste ano, no
interior do estado do Mississipi, um dos mais pobres dos Estados Unidos, foi
inaugurado o Parque de Lembrança das Crianças Desconhecidas do Holocausto. Esta
iniciativa começou quando professoras de história se deram conta em 2009 que a
maioria de seus estudantes nunca havia ouvido sobre o Holocausto ou que
crianças como eles haviam sido mortas. Elas tiveram então a ideia de coletar um
centavo para lembrar cada uma destas crianças perdidas. O resultado, 1.5 milhão
de centavos de dólares, totalizou quatro toneladas. Ao olhar para a magnitude
daquela montanha e se dar conta que cada uma daquelas pequenas moedas
representava uma vida perdida foi chocante. Emudecedor.
Todo ano esta é uma época de
transtorno para mim. Uma parte da minha própria família que vivia na Grécia
pereceu nos campos de concentração. Eu nunca os conheci e mal sei seus nomes ou
sua história, ou como viviam. Mas sei como morreram.
Junto com eles, 1.5 milhão de
crianças, assassinadas por terem nascido de pais judeus. Morreram porque seus
pais acreditavam em Abraão, Isaac e Jacó. E no Rei Davi e no Rei Salomão. E
porque ansiavam pela vinda do Messias e pela reconstrução de Jerusalem.
Quem visita Yad Vashem, ou os
museus do Holocausto mundo afora, não pode não ter seu estômago revirado. Para
mim, a cena mais revoltante foi uma foto de crianças pequenas enforcadas. A
explicação abaixo dizia que às vezes os nazistas lhes davam morfina para evitar
que chorassem ou se debatessem demais. Esta é a imagem que ficará para sempre
impressa na minha memória.
O que levou um país como a
Alemanha, um país desenvolvido, culto, que nos deu Kant, Nietsche,
Schopenhauer, Bach, Beethoven, Handel, Mozart e tantos outros, a trazer para a
terra o inferno de Dante?
A explicação é brutalmente
simples: o incitamento. Primeiro foram alguns discursos antissemitas do
prefeito de Viena, Karl Lueger, colocando a culpa das dificuldades econômicas antes
da Primeira Grande Guerra, nos judeus. Estes discursos inspiraram Adolf Hitler
e ele escreveu Mein Kampf. Seu sucesso foi ter entendido que ele
precisava inspirar a juventude. E nada
como culpar uma conspiração do povo mais odiado do mundo por seus males.
Uma de suas famosas citações
foi “se você contar uma mentira grande o suficiente e repeti-la frequentemente,
ela será acreditada”. Outra, “nunca perguntarão ao vencedor se ele disse a
verdade” e que “a verdade não importa, somente a vitória”.
Seu antissemitismo contaminou
o mundo. Hitler foi escolhido a “Pessoa do Ano” pela revista americana Time em
1938. Dizer que ninguém sabia de suas intenções ou do que iria acontecer, é uma
destas mentiras. Já em 1933, antes de se
tornar famoso escrevendo livros de crianças, o Doutor Seuss que trabalhava como
cartunista, soava o alarme, desbancando a narrativa americana que diz que
desconhecia o barbarismo que estava ocorrendo na Europa.
Se alguém ainda pensa que o
mundo aprendeu com as lições do passado está errado. No meio da noite do dia da
lembrança do Holocausto, aviões de Assad e provavelmente russos alvejaram um
acampamento de refugiados sírios na fronteira com a Turquia. A vasta maioria
das pessoas que dormia em frágeis tendas eram mulheres e crianças que fugiram
do conflito. As imagens que invadiram a mídia social foram devastadoras. Mais
de 30 mortos. E ninguém ouviu qualquer condenação. O sub-secretário geral de
Assuntos Humanitários da ONU, pediu que se abrisse uma investigação. Não o
secretário geral da organização. Um burocrata de quinto nível!!!
Alguém pode ainda acreditar
que a ONU ou qualquer país do mundo se mexa para evitar o próximo massacre?
Alguém pode confiar em qualquer potência que promete garantir sua segurança ou
sobre proteger sua existência?? Acho que não. Ou melhor, pergunto: quando foi
que a ONU ou outro país qualquer impediu o massacre iminente de uma
minoria? Nunca! Eles são bons para
marcar os dias de lembrança, os memoriais para as vítimas e as cerimônias para
mostrar sua solidariedade hipócrita e fazer promessas vazias.
O mesmo incitamento das
décadas de 20, 30 e 40 está sendo usado hoje e o mundo novamente está engolindo
as mentiras.
Considerações econômicas
fizeram os principais líderes ignorarem as declarações do Irã de apagar Israel
do mapa. Mein Kampf e os Protocolos dos Sábios do Sião são os únicos
best-sellers do mundo árabe e se tornaram pano de fundo para as horríveis
mentiras sobre o povo judeu. Mentiras que começaram com a negação do
Holocausto! Fico boba de ver acadêmicos, políticos e líderes do mundo afora negarem
ou minimizarem o Holocausto. A tese de doutorado de Mahmoud Abbas – nosso
“parceiro da paz”- na Universidade Patrice Lumumba de Moscow foi sobre o “mito”
criado pelos sionistas dos 6 milhões de judeus mortos. Nossa sorte é que os
alemães eram ultra meticulosos e registraram cada um que matavam.
Ninguém pergunta, se o
Holocausto não tivesse realmente ocorrido porque nenhum dos acusados em
Nuremberg levantou esta defesa? Alguém é acusado por chacinar uma família. E um
suspeito é preso. Só que a família aparece viva. Não é esta a primeira defesa
do suspeito dizer que a chacina nunca ocorreu? Houveram uns 200 réus julgados
em Nuremberg e outros 1.600 julgados por canais tradicionais de justiça
militar. Nenhum deles – nem um - em sua defesa, disse que o Holocausto não
ocorreu.
Hoje, israelenses são acusados
de tentar esterilizar os palestinos, de injetá-los com vírus da AIDS, de
envenenar a água para Gaza, de alvejar propositalmente crianças palestinas - e
outras pérolas. Na esteira destas mentiras temos iniciativas como as da UNESCO,
no mês passado, para erradicar qualquer vínculo dos judeus e de Israel com
Jerusalem, o Templo de Salomão e o Muro das Lamentações. 33 países votaram a
favor desta resolução absurda, incluindo a França, a Suécia, a Espanha, a Rússia,
a Eslovênia, além da China, Índia, México e o nosso Brasil.
No meio tempo, tivemos membros
do parlamento inglês, oficiais sêniores da Suécia, formadores de opinião na
França, todos vomitando seu antissemitismo fantasiado de anti-sionismo.
Esta nova onda de ódio chegou
a criar alianças estranhas. As elites europeias – que supostamente representam
a razão e o progresso – se uniram aos piores bárbaros da terra, aqueles que
executam gays, apedrejam mulheres, decepam mãos e cabeças e destroem milenares
tesouros culturais. As mesmas elites que acenam a cabeça em concordância quando
esta raspa da humanidade chama os judeus de descendentes de porcos e macacos.
Netanyahu nesta semana
convidou os oficiais da ONU a participarem em um seminário sobre a histórica ligação
do povo judeu com a Terra de Israel e Jerusalem. O enviado especial da ONU,
Nickolay Mladenov foi rápido em recusar o convite. Ele disse que “os oficiais
da ONU conhecem muito bem a história da região, seu povo e as religiões”.
Netanyahu disse que o
seminário irá acontecer e que ele estará presente. E que se os oficiais da ONU
não vierem isto será mais do que esclarecedor, pois “a verdade não deve ser
controversa, a negação da verdade deveria ser controversa”.
O famoso sobrevivente do
Holocausto e ganhador do Premio Nobel Elie Wiesel disse uma vez, “porque eu
lembro, eu me desespero. E porque eu lembro, tenho o dever de rejeitar o
desespero!”.
Mas como lidar com o ódio
milenar que está de volta com toda a força na Europa? Inclusive em países que
lutaram ferozmente contra Hitler, como a Inglaterra? 70 anos atrás, estes
mesmos países juraram “Nunca Mais”. Hoje eles fecham os olhos para cada
pronunciamento venenoso e incitamento daqueles que voltaram a culpar os judeus
e Israel por seus males.
80 anos atrás o Estado de
Israel era apenas um sonho, uma fantasia para os judeus. O que eles não teriam
dado para fazerem parte deste país!
Hoje, os judeus estão vivendo
este sonho. Um país em que são livres para eles e seus filhos continuarem a
acreditar em Abraão, Isaac e Jacó, e no Rei David e no Rei Salomão, no Messias
e na Reconstrução de Jerusalem. E nas promessas de seus profetas. Este sonho
tem apenas 68 anos, mas tem também 3 mil anos de história e 2 mil anos de
exílio e de esperança.
A paz que todo o mundo diz
ansiar no Oriente Médio só pode acontecer com respeito e compreensão. A ONU e a
maioria de seus membros se recusam a mostrar respeito pela História, ou
compreensão para com o povo judeu. Todos têm direito à sua opinião mas não aos
seus fatos. Fatos que a ONU e seus
membros não se cansam de distorcer em prol de palestinos que nunca foram um
povo, nunca tiveram um estado e sua única contribuição ao mundo foi o
terrorismo institucionalizado. Isto me faz lembrar as palavras dos nossos
sábios que disseram: aquele que tem piedade do cruel será cruel com o piedoso.
É o que infelizmente está acontecendo hoje e com a complacência de todos.
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