Sunday, January 8, 2017

Resoluções, Paris e a Paz - 08/01/2017

Quem acreditou que a transição entre os governos Obama e Trump iria ser tranquila, se enganou redondamente. Obama está usando tudo o que tem nestes últimos dias para cimentar seu legado e atravancar as reformas e a implementação das promessas feitas por Trump e já prometeu ficar em Washington para articular os democratas em oposição ao novo presidente.

Muita classe e dignidade deste presidente não?? Seu esquerdo-fascismo não permite que ele dê ao novo presidente a cortesia que Bush lhe deu em facilitar a transição e depois desaparecer do mundo público e não comentar sobre suas políticas falhas e visões distorcidas da realidade.

Por ordem executiva, Obama nesta semana proibiu a prospecção de petróleo na costa Atlântica, estabeleceu novos monumentos ao meio ambiente, protegeu o patrocínio governamental das clínicas de aborto, ordenou a transferência de terroristas perigosos da prisão em Guantánamo e puniu a Rússia com sanções por seus ataques cibernéticos.

Além disso, desde a eleição, Obama nomeou 103 funcionários públicos para cargos-chaves inclusive nas academias militares. Mas acima de tudo, ele está tentando desesperadamente salvar sua lei que obriga os americanos a comprarem seguro saúde.

E aí temos Israel.

Obama e John Kerry podem acreditar do alto de sua arrogância, estar do lado correto da história ao colocar seu prestigio e poder do lado dos palestinos. Mas nestes últimos momentos os dois estão agindo como locatários que destroem cada canto da casa antes do despejo. E para tanto estão estabelecendo fatos no chão que serão difíceis para Trump desfazer.

Para Obama e também os europeus, a urgência parece estar em dificultar ao máximo a transferência da embaixada americana para Jerusalem. Estes esforços virão à tona na conferência de Paris no próximo dia 15, cinco dias antes de Trump ser empossado.  

Já tendo conseguido tornar ilegal a presença judaica na Judeia, Samaria e Jerusalem do norte, sul e leste através da resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, reiterada pelo patético esforço de Kerry para explicar a abstenção americana, esta conferência de Paris poderá levar a outra resolução do Conselho de Segurança que irá impor os termos de um acordo de paz entre Israel e palestinos antes de Trump assumir a presidência.

Sabemos isto porque o Conselho Europeu de Assuntos Externos, composto de 28 ministros do exterior europeus, marcou uma reunião para o dia 16 em Bruxelas quando irá emitir uma declaração sobre o Oriente Médio.

Ainda, os representantes do Quarteto – os Estados Unidos, Rússia, a União Europeia e a ONU – devem se encontrar uma última vez com Obama antes de ele deixar a Casa Branca.

A Resolução 2334 junto com uma resolução tomada em Paris, e a posição de Kerry que somente a criação de outro estado palestino trará a paz, poderá encorajar estes atores a delinearem os parâmetros de um acordo de paz adotando as exigências palestinas que depois irão querer impor a Israel. Mas apesar da intenção declarada ser supostamente a paz, as resoluções resultantes provocarão exatamente o oposto.

Resoluções que declaram as comunidades judaicas ilegais ou que não reconhecem os perigos de um Oriente Médio em deterioração, a desintegração do Iraque e da Síria, a expansão do Estado Islâmico no mundo árabe e na Europa, e o perigo do Hamas tomar o governo na Judeia e Samaria como o fez em Gaza, dificultarão o retorno das partes para a mesa de negociação.

Se Paris exigir um congelamento da construção judaica ou reconhecer o estado Palestino nas linhas de cessar-fogo de 1949, os palestinos não irão aceitar nada menos que isso como ponto de partida para qualquer negociação. Isto já foi tentado por Obama em 2009 quando ele exigiu e Israel congelou a construção judaica por 10 meses até em bairros judaicos de Jerusalem aonde havia consenso. Nunca antes uma administração americana havia feito tal exigência. Nem mesmo Yasser Arafat havia feito tal demanda como pré-condição para negociações! Mas uma vez que Obama, que um presidente americano o fez, os palestinos não poderiam exigir menos. E desde então, não houve qualquer avanço neste chamado “processo de paz”.  

O ultimo presidente Bush sabia que exigir de Israel congelar a construção de judeus era contra produtivo. Por isso, em sua carta aprovada pelo Congresso em 2004, ele disse que “não era realista esperar que o resultado das negociações sobre o status final seria um retorno completo de Israel para trás das linhas de cessar-fogo de 1949. O que é realista é esperar um acordo negociado com trocas mútuas que refletirá a realidade de hoje”.

O novo congresso americano sabe disso. E por isso, nesta última quinta-feira - enviando uma mensagem a Obama - democratas e republicanos votaram em condenar o Conselho de Segurança da ONU pela resolução 2334. O Senado também irá votar uma medida similar e já conta com o apoio de 11 senadores democratas e todos os senadores republicanos.

Mas somente ações vigorosas e ameaças de cortar o orçamento da ONU poderá obriga-la a largar o osso que é Israel e faze-la cumprir o mandato para o qual esta organização inútil foi criada.  

Mas tudo isso ficará mais difícil se as nações que participarão na conferência em Paris adotarem a posição de Kerry e dos palestinos. Na semana passada vimos o governo da região de Valência na Espanha, declarar ter votado unanimemente para boicotar produtos de Israel. Valência orgulhosamente se declarou “um espaço livre do apartheid Israelense”. Em outras palavras: livre de qualquer coisa a ver com judeus. A Espanha, que liderou o mundo em autos-de-fé, em torturas que envergonhariam o Marques de Sade e perseguição de judeus e cristãos novos durante séculos, deveria criar vergonha na cara e não se envolver em condenar Israel.

Mas não, os espanhóis foram os primeiros a levantar a mão aprovando a Resolução 2334. Eles querem dar aos judeus uma lição de moral!  

Infelizmente somos representados nestes fóruns internacionais por ideólogos arrogantes que se acham donos da verdade. A verdade é que os acordos de paz que deram certo para Israel foram os que ela negociou diretamente, sem pré-condições e sem o envolvimento de terceiros. Não há negociações e não há paz, não porque Israel se recusa ao compromisso. Mas porque os palestinos não querem ceder em absolutamente nada e sua resposta a cada oferta de paz foi uma nova onda de terror.

A Eleição de Donald Trump criou novas oportunidades. Os líderes de Israel já provaram que estão prontos a tomar riscos por uma chance de paz se tiverem o apoio incondicional dos Estados Unidos. Em contraste, a coerção, a crítica e o boicote como esperamos em Paris na semana que vem, condenarão todo este processo infalivelmente ao fracasso.


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