Neste primeiro dia de 2017 deveríamos
estar recapitulando as conquistas de 2016 e olhar para o futuro com renovada
esperança. Mas o que ficará na lembrança deste ano que passou é a infame e
inaudita abstenção da América na votação do Conselho de Segurança da ONU
condenando Israel às vésperas do Natal.
Durante a última semana, a
avalanche de protestos inclusive entre democratas, impeliu o Secretário de Estado
John Kerry a vir a público para “esclarecer” o porquê da abstenção.
Na quarta-feira, Kerry tomou o
pódio no Departamento de Estado e durante 73 minutos tentou explicar o
inexplicável. Se fosse algo lógico e patente, ele poderia tê-lo feito em dez
minutos, ou não? A conclusão de Kerry refletindo a de Obama, é que o fulcro dos
problemas no Oriente Médio é a presença de judeus inclusive em Jerusalem.
Para parecer equilibrado,
Kerry mencionou o terrorismo palestino, mas vejamos em que dimensão: ele
mencionou o Hamas quatro vezes, a Hizbollah uma vez, a palavra terror ou
terrorismo 15 vezes contrapondo a ocupação
que ele pronunciou 14 vezes – mas mencionou os assentamentos nada menos que 58
vezes! Muito equilibrado...
Tudo, novamente, volta a ser a
culpa de Israel pela falta de paz, pela falta de esperança no Oriente Médio. Nenhum
outro evento, não o ataque químico na população civil da Síria, não à total
destruição de Aleppo, não aos massacres, decapitações e crucificações pelo
Estado Islâmico ou os milhões de refugiados sírios e iraquianos inundando a
Europa foram suficientemente graves para o Secretário de Estado falar por 73
minutos. Mas a presença de judeus em sua
terra ancestral, isto é grave! Imaginem
se alguém fizesse o mesmo com a presença de negros em algum bairro branco da
América!!!
Nenhuma menção sobre o fato de
ter sido Israel a trazer Arafat do exílio em Túnis e oferecer a ele um acordo
de paz. Nada sobre as ofertas de Barak e Olmert de transferir aos palestinos
96% dos territórios em disputa e o que receberam em troca foram intifadas e
guerra. Nada sobre Netanyahu ter de fato congelado toda e qualquer construção
de judeus não só na Judeia e Samaria, mas também em Jerusalem durante 11 meses
sem que os palestinos concordassem em voltar para a mesa de negociações. Nada
sobre o fato de Israel ter evacuado comunidades no Sinai quando do acordo com o
Egito ou de ter arrancado oito mil judeus de suas casas na Faixa de Gaza em
2005 recebendo em troca chuvas de mísseis e morteiros, tuneis e sequestros de
soldados. Nada sobre o fato de que só Israel é pressionada para fazer concessões
enquanto os palestinos se deitam em berço esplêndido sem se mexer um milímetro,
deixando o mundo fazer o trabalho sujo por eles.
A reação imediata de Mahmoud
Abbas ao discurso foi que os palestinos estariam prontos a resumir as
negociações com base nesta resolução 2334. Qual palestino não o faria? Com esta
resolução, que efetivamente revoga a resolução 242, os palestinos recebem
absolutamente tudo, sem concederem absolutamente nada. Assim, o ponto de
partida hoje é a remoção de 600 mil judeus da Judeia e Samaria e outro meio
milhão de Jerusalem e depois o resto eles querem negociar!
Porque esta resolução é um
golpe do qual Israel pode não se recuperar? De acordo com a resolução 242 de
1967, Israel teria que se retirar de territórios suficientes para dar ao estado
judeu segurança, mas não de todos os territórios. Essa resolução 2334 torna
ilegal a presença de judeus em todos os territórios além da linha de
cessar-fogo de 1949, inclusive a cidade velha de Jerusalem, o Muro das
Lamentações, e todos os bairros judaicos ao norte, sul e leste da cidade.
Isto é, pelo fato de nunca ter
havido um estado palestino anterior na história, e pelo fato da Judeia e
Samaria terem sido ocupadas pela Jordânia numa guerra ofensiva em violação ao
direito internacional, e o fato de judeus terem voluntariamente ido viver
nestes territórios, os assentamentos nunca foram ilegais. Agora o são perante a
lei internacional. Quem não conhece Israel pode pensar que estas comunidades
são remotas mas todas estão a menos de meia hora de carro de alguma cidade
israelense. Tulkarem fica a 16 km de Netanya. Os bairros judaicos de Jerusalem em
questão estão a menos de 10 minutos do centro da cidade!
Kerry veio tentar dizer que é
claro que o direito dos judeus rezarem no Muro das Lamentações deveria ser
defendido. Mas não é isso que a resolução diz! Obama se diz um advogado,
formado em Harvard! Que advogado de meia pataca é esse? Ou será que ele não só leu
esta resolução mas a redigiu e é precisamente o que ele pretendia? Mas a coisa
não para aí.
No dia 15 de janeiro próximo,
outro circo acontecerá em Paris aonde os países do mundo dito civilizado, mais
uma vez se reunirão, não para tentar resolver o caos do Oriente Médio, mas para
empurrar Israel ainda mais fundo no canto da parede. Kerry prometeu não
submeter outra resolução ao Conselho de Segurança antes de Trump assumir a presidência,
mas nada impede que a França ou a Suécia, ou ambos o façam. E Obama não irá
outra vez, vetar tal resolução.
Mas se há algo em que podemos
contar é com a intransigência palestina.
Moustapha Barghouti oficial sênior
da OLP declarou que apesar da votação ter sido algo positivo, “os palestinos
não poderiam concordar com os princípios conclusivos dela”. Em outras palavras,
fora de Israel ter que remover toda a presença judaica além da linha de
cessar-fogo de 1949, ela tem que aceitar trazer para dentro do seu território os
milhões de assim-chamados “refugiados” palestinos. Ele também disse que não há
como reconhecer Israel como um país judaico porque isso seria negar o direito
dos palestinos que hoje vivem em Israel e isso é inaceitável para eles. E para
finalizar, qualquer negociação sobre fronteiras que não sejam estritamente as
de 1967 não será tolerada.
Obama não está usando suas
últimas semanas de presidência para se vingar pessoalmente de Netanyahu. Seu
ataque a Israel é o cumprimento de uma promessa que ele fez para o ativista
palestino e seu amigo Edward Said, e a Mahmoud Abbas, o primeiro líder para
quem ele ligou depois de ser empossado em 2009. É a culminação de uma política
que ele delineou no Cairo em seu primeiro ano de presidência, no qual ele negou
o elo de 3.500 anos dos judeus com a terra de Israel para a plateia da
Irmandade Muçulmana.
A boa notícia é que quanto
mais radical for a posição do mundo e dos palestinos, maior consenso haverá dentro
de Israel de não permitir a criação de um outro estado islâmico terrorista a
cinco minutos do aeroporto de Tel Aviv. Kerry mentiu ao dizer que os
assentamentos expandiram em 40% nos últimos oito anos dando a impressão que
mais terras foram tomadas. Nenhum assentamento pode construir fora de seu
perímetro municipal delineado nos acordos de Oslo.
Agora Israel precisa decidir o
que quer. Está claro que Obama, Kerry, François Hollande e outros decidiram
criar um estado palestino e não se importam com as consequências. Afinal quem
as sofrerão são somente judeus, não é? Se aos olhos do mundo não há diferença
entre o bairro de Ramot e o assentamento em Itamar, então não há porque Israel oferecer
território em troca de paz, porque nunca haverá paz. Temos 19 dias para que
este Haman moderno saia da Casa Branca, mas quem pensa que ele desaparecerá
está muito enganado. Obama é de uma arrogância infinita. Ele se acha o dono da
verdade e não tem nem um por cento da dignidade de Bush que nunca emitiu
qualquer opinião sobre seu sucessor.
Com Trump na presidência,
vamos ter um Obama mais vociferante que nunca tentando salvar seu “legado” e
suas políticas desastrosas. Ele será sim um inimigo mordaz de Trump mas acredito
que o “Donald”, que já demonstrou ter casca grossa, saberá como lidar com este
petulante.
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