Sunday, November 24, 2024

Zvi Kogan Morto nos Emirados e o Antissemitismo Desenfreado - 24/11/2024

 

Como lemos a cada ano na Pascoa, a cada geração alguém se levanta para nos destruir. Na Páscoa de 2023, recitamos este verso como algo passé. Claro, Israel vive cercada por inimigos, mas até outubro de 2023, parecia algo gerenciável.

E aí tivemos a Páscoa de 2024. E nos demos conta que esta geração, é a de agora.

A diferença, desta vez, é ver se conseguimos identificar quem é este “alguém” que se levantou para nos destruir. Isso porque esta geração está sofrendo ataques de dois lados opostos, tentando erradicar o Judaísmo – sim porque não é uma questão de raça, de crença ou território, mas é o mesmo antissemitismo milenar que se levantou novamente com o rótulo de antissionismo e a identificação de qualquer judeu do mundo com o Estado judeu: o primeiro ataque é uma tentativa de destruição física vindo do Irã, não só de Israel, mas dos judeus.

Neste final de semana recebemos a terrível notícia do assassinato do rabino Zvi Kogan, um emissário do Chabad nos Emirados Árabes a mando do Irã. Quanta coragem estes mulás precisaram para sequestrar um religioso e matá-lo? Como o quê? Como retaliação contra Israel pela destruição dos seus depósitos de mísseis? Seria engraçado se não fosse tão trágico. Sim, eles podem matar judeus aqui e lá, mas não poderão erradicar o Judaísmo.

Mas o segundo ataque, é muito mais perigoso e ameaça a própria existência do Judaísmo no Ocidente. E ele é feito não através de guerras ou ataques físicos, mas através de uma ideologia perniciosa e indiciamentos.

Enquanto Israel tem os instrumentos, decisão, e criatividade para lidar com os ataques físicos, ela ignora os ataques ideológicos. Mas o que está acontecendo nos quatro cantos do mundo, da Austrália para as Américas, passando pela Europa e Asia, é uma tentativa do Ocidente de deslegitimar a ideia do Estado Judeu e por tabela, negar a ideia do Judaísmo.

Com a decisão esta semana da Corte Internacional de Justiça, um organismo que tenho dificuldade de chamar de Corte, o inimaginável há apenas um ano, a prisão em massa de judeus na Europa, está tomando forma. Além do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa, Yoav Galant, estes “promotores” que nunca foram para Israel ou Gaza, que nunca entrevistaram ou interrogaram qualquer pessoa, e que tomam a palavra do Hamas como verdade absoluta, emitiram mandados de prisão velados também contra judeus que serviram no exército de Israel, aqueles que vivem ou trabalham na Judeia e Samaria e aqueles que, vejam bem, “apoiam os crimes de guerra” dos judeus descritos acima – em suma, todos os judeus de Israel e provavelmente uma grande parte dos que vivem na diáspora.

É claro que é preciso ter a opinião pública do seu lado para justificar uma ação antijudaica tão chocante. Mas do mesmo modo que isso foi feito na década de 1920, o mundo está repetindo exatamente o roteiro, e culpando os próprios judeus por estas medidas.

Em que mundo um país democrático, com um governo eleito democraticamente, aonde todas as etnias são representadas, que está em guerra, sendo atacado impiedosamente em 7 frentes todos os dias com centenas de mísseis, drones e veículos aéreos não-tripulados, tem seu primeiro-ministro e seu ministro da defesa indiciados por crimes de guerra sem qualquer investigação?

E países iluminados e que se dizem “amigos de Israel” como a França, a Bélgica e outros, já anunciaram que irão obedecer o mandado de prisão contra Netanyahu, Galant e qualquer outro judeu que estiver na lista. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, continua a doutrinar sua população e quem está disposto a ouvi-lo. Ele diz que os judeus de Israel matam mulheres, crianças e bebês. O presidente Biden deu carta-branca ao seu Departamento do Tesouro e de Estado para impor sanções contra judeus que vivem na Judeia e Samaria. E até o Papa pediu uma investigação para determinar se os ataques militares de Israel em Gaza constituem genocídio.

De novo, só para deixar claro. Quando Israel tomou Gaza em 1967, a população árabe era de 60 mil. Hoje é mais de 2 milhões. Se isso é genocídio, Israel é bem incompetente.

O que estamos vendo é uma mentalidade de aceitação da culpabilidade judaica. Como na Idade Média quando todos aceitavam que eram os judeus que haviam provocado a peste negra envenenando os poços de água. Somente se o judaismo e Israel desaparecessem, nada disso estaria acontecendo com eles. Sim. Já vimos este filme antes e esta é uma reprise. Que judeu será o próximo?

Desta vez o ataque aos judeus é mais sofisticado do que na década de 1920. Há 100 anos, os judeus foram acusados de contaminar a humanidade com a sua sub-raça, de ocupar a Europa, apesar de representarem um pouco mais que 1.5% da população total, e de corromper o tecido da sociedade europeia com suas ações malignas. Isso foi suficiente para recrutar a maioria da população europeia e até americanas. Não podemos esquecer que Hitler foi escolhido o Homem do Ano pela revista Time em 1938. A consequência foi a eliminação de 1/3 de todos os judeus do mundo.

Hoje, os judeus são novamente acusados de cometerem crimes contra a humanidade, de ocupar Gaza, de ocupar a Palestina (do rio ao mar) e de desestabilizarem o mundo. E do mesmo modo que em 1920 os judeus foram acusados de causar a primeira guerra mundial, hoje somos acusados de sermos a causa de uma possível terceira guerra mundial com nossas ações contra o Líbano, Gaza, a Síria, o Iêmen, o Iraque e o Irã.

A diferença entre o antissemitismo das décadas de 1920 e 2020 é que hoje ela é mais difundida pela mídia social e pior, é sancionada por organismos como a ONU, a União Europeia, a Corte Internacional de Justiça e principalmente na mídia tradicional.

E apesar de isso estar escancarado para todos verem, e ser inclusive o tema do livro de Gol Kalev “O ataque ao judaísmo: a ameaça existencial que vem do Ocidente”, muito pouca atenção está sendo dada a este problema.

Isto é devido em parte ao fato de muitos judeus na diáspora sentirem que isso não é com eles. É só com os judeus de Israel. Igualzinho como os judeus alemães que se consideravam primeiro bons alemães e que o problema era com os judeus russos.

Mas quando levantamos este problema, a resposta é invariavelmente que temos mísseis atacando o território de Israel todos os dias, os reféns ainda estão em Gaza, famílias separadas morando em hotéis por mais de um ano, seus negócios e trabalhos fechados, e filhos, pais, irmãos, maridos, noivos no exército, todos os dias algum deles dando a vida para defender o país.

Então o foco está na luta física, na guerra contra o Irã e seus proxies.

Mas o veneno já permeou o Ocidente. As passeatas em favor do Hamas dois dias após o massacre de 7 de outubro; os acampamentos nas universidades mais prestigiosas da América e da Europa; o pogrom em Amsterdã; os ataques diários a judeus nos Estados Unidos, de Nova Iorque à California; hotéis na Itália que recusam reservas de judeus e israelenses; ataques em escolas desde o fundamental até o ensino superior. E, como nos anos 1920 e 30, os judeus estão relegados mais uma vez a esconderem sua origem e sua crença judaica.

A lição do século passado é não esperar até ser tarde demais. Tenho certeza que Israel irá atrás de quem matou o rabino Zvi Kogan nos Emirados mas e os outros tantos ataques mundo afora que ficarão impunes? Quem pensaria que os loucos anos 20, dos filmes, do jazz, trariam o Holocausto, que erradicaria a maioria dos judeus europeus, apenas 20 anos mais tarde?

Hoje não precisamos imaginar. Está claro demais. O ataque ideológico ao judaísmo está se expandindo rapidamente e se tornando cada vez mais “normalizado”. Mas para combatê-lo precisamos tomar o primeiro passo: reconhecer que ele existe.

 

 

 

Sunday, November 17, 2024

Os Perigos dos Ultimos Dias de Biden - 17/11/2024

 

Na minha opinião de há duas semanas, eu coloquei que períodos de transição entre presidências americanas podem ser perigosos Israel. Na mesma linha, um artigo da revista Politico publicado depois da extraordinária vitória de Trump, afirmou que o presidente Biden usaria seus dois meses restantes no cargo para "proteger os Estados Unidos de Trump" no âmbito internacional.

Citando "funcionários frustrados do governo Biden", o artigo descreve que eles estavam pensando em como proteger o que eles chamaram de “suas prioridades de segurança nacional” antes que Trump retornasse à Casa Branca. As medidas que estão sendo consideradas, de acordo com o artigo, incluem "impor novas sanções a colonos israelenses extremistas" e "tomar medidas nas Nações Unidas contra os assentamentos israelenses na Cisjordânia".

Nada sobre sanções contra o Hamas, a Hezbollah, os Houthis ou mais importante, uma retomada das sanções contra o Irã. Se essas são as pessoas que têm aconselhado o presidente por quatro anos, não é de se admirar que o governo de Biden tenha sido um completo fracasso.

O presidente que por décadas se autodenominou pró-Israel, o político que elevou Golda Meir como sua mentora, será lembrado como o homem que, nos momentos finais de sua presidência atacou o povo judeu no seu estado mais vulnerável. Ele repetiria a traição de Obama, que em seus últimos dias como presidente trabalhou para que a Resolução 2334 do Conselho de Segurança, que declarou os assentamentos judaicos como ilegais na Judeia, Samaria e Jerusalem Oriental, fosse aprovada com a abstenção americana.

Ninguém lembra de qualquer outra conquista de Obama no âmbito internacional, além dele ter assinado o desastroso acordo nuclear com o Irã, que não só permitiu a manutenção das usinas nucleares, mas deu aos aiatolás bilhões de dólares para serem usados com seus grupos terroristas. Este acordo e suas medidas contra o direito do povo judeu à sua capital, Jerusalém, e às regiões de onde provêm os judeus, a Judeia e a Samaria são as duas ações que estão no centro de seu legado vergonhoso, colocando Obama - que injustamente ganhou 70% do voto judaico americano - como um dos piores inimigos do povo judeu da história.

Biden deveria ser diferente. Ele ainda pode deixar um legado muito maior e consequente do que seus conselheiros estão recomendando. Ele pode, neste último mês apagar sua imagem de presidente senil e ineficaz, jogado fora antidemocraticamente por seu próprio partido, em favor de uma subordinada indigna que perdeu a eleição de modo esmagador.

Biden poderia agir contra o Irã e ser lembrado como o salvador da civilização ocidental. Ele poderia usar da ameaça contra Israel para bombardear as instalações nucleares do Irã e apoiar a insurgência do povo iraniano que quer livrar o país deste regime maligno, desta ditadura teocrata medieval.

Além de libertar o Irã, isso garantiria a vitória para Israel. A eliminação da cabeça do polvo, eliminaria seus tentáculos como a Hezbollah, o Hamas, os Houthis, as milicias xiitas do Iraque e Síria, o terrorismo na Judeia e Samaria e aumentaria substancialmente as chances de recuperarmos os 101 reféns, 10 dos quais têm cidadania americana.

Tal movimento impediria a República Islâmica de continuar a espalhar sua hegemonia xiita do Golfo Pérsico para o Mediterrâneo. Acabaria com a ameaça à navegação internacional causada pelos Houthis, mudaria as relações geopolíticas entre o Irã, a Rússia e a China com o resto do mundo ocidental em favor dos Estados Unidos. E mandaria uma mensagem clara a todos os estados párias, que sejam democratas ou republicanos no poder, não é bom mexer com a América.

Recompensaria e fortaleceria regimes muçulmanos moderados como os Emirados Árabes Unidos, Marrocos e Bahrein, que mantiveram acordos de normalização com Israel de forma impressionante, apesar da pressão de seus irmãos árabes durante esta longa e sangrenta guerra. Encorajaria mais países, como a Arabia Saudita e o Kuwait, a aderir aos Acordos de Abraão e normalizar as relações com Israel.

Biden ainda tem esta oportunidade. E já estamos vendo as reações no Oriente Médio com a eleição de Trump. Desde o último ataque israelense há menos de um mês, a República Islâmica está vivendo um dilema. Por um lado, alguns membros do governo eram a favor de atacar Israel antes das eleições, quando os americanos estivessem ocupados com as campanhas. Por outro lado, havia vozes que afirmavam que um ataque antes das eleições iria aumentar as chances de vitória do presidente Trump.

Os resultados das eleições claramente perturbaram o regime iraniano, De acordo com vários relatos, após as eleições americanas, os apoiadores do regime islâmico dizem que Trump aprendeu muito nos últimos quatro anos. Que ele não só fortaleceu sua base política, mas agora está em uma posição especialmente forte com o Senado e a Câmara dos Representantes sob o controle de seu partido.

O mandato anterior de Trump foi marcado por medidas duras contra o Irã: a retirada do acordo nuclear, o assassinato de Qasem Soleimani e as sanções às vendas de petróleo, que atingiram a economia do Irã de forma particularmente dura. Os movimentos de Trump refletiram sua estratégia de negociação de atacar primeiro e depois forçar concessões do outro lado.

Trump retorna à Casa Branca, com o Irã mais fraco e vulnerável em termos econômicos, sociais e de segurança do que era em 2016 especialmente devido ao 7 de outubro. Israel conseguiu neste último ano desfazer décadas de construção de sistemas e equipamentos militares iranianos e de seus proxies no Oriente Médio.

Em seu novo mandato, alguns esperam que Trump siga uma estratégia semelhante: ações agressivas, pressão econômica sobre as receitas do petróleo e esforços para reduzir ainda mais o dinheiro disponível para os aiatolás patrocinarem seus grupos terroristas. Ainda, as declarações de Trump sobre "acabar com a guerra" levam à acreditar que ele permitirá a Israel efetuar o colapso total do Hamas em Gaza, a Hezbollah no sul do Líbano, e lhe dará liberdade de ação contra o Irã.

Trump é imprevisível e Teerã está reconsiderando seus passos. O medo é que uma nova provocação iraniana, como uma retaliação a Israel, possa desencadear medidas contra o regime islâmico mais danosas. Assim, o regime iraniano deve ter chegado à conclusão de que, nesta nova realidade, ele precisa agir diferente e parou com a retórica ameaçadora de retaliação.

Biden ainda tem tempo para atingir essas metas em coordenação com Israel, que pode fornecer toda a inteligência necessária para garantir o sucesso da operação. A chave seria Biden trabalhar em estreita colaboração com o homem que ele chamou de amigo por décadas, Netanyahu, em vez de trabalhar contra ele como Obama cometeu o erro de fazer.

Se Biden não se mexer até o final do seu mandato, Trump o fará e isso o tornará um herói internacional histórico.  Os conselheiros de Biden citados pela revista Politico disseram que é mais provável que Biden não tome qualquer medida contra Israel porque sabe que Trump a reverteria no momento em que assumisse o cargo. Então por que não tomar as medidas históricas que Trump deve tomar e aproveitar a glória?

Alguém devia dizer isso a Biden. Ele poderia, em seus últimos dias no cargo, realmente assumir um papel histórico como o homem que salvou o ocidente da destruição e da barbárie deste regime islâmico que tem como único objetivo submeter o mundo à sua loucura.

Sunday, November 10, 2024

A Reviravolta da Vitória de Trump - 10/11/2024

 

Foi como ver o mitológico pássaro fênix renascer das cinzas. Foi um tsunami vermelho, a cor do partido republicano. Trump não só ganhou o colégio eleitoral, mas ganhou de longe o voto popular. Não só ele conseguiu se reeleger presidente em dois termos não seguidos, mas também conseguiu eleger a maioria do Senado e da Câmara dos Representantes.

Todos os Estados que estavam com a eleição empatada foram para Trump.

Agora, vemos a elite do partido democrata culpando um ou outro. Mas isso é completamente a culpa deles próprios. Ao esconder a condição física de Joe Biden, eles sacrificaram sua credibilidade. Quem assistiu a Fox, o canal da direita, não ficou nada surpreso quando Biden se mostrou confuso e incoerente no debate.

A verdade é que Kamala Harris já em 2019 não era nada querida em seu próprio estado da California. Ela não recebeu nenhum voto do próprio partido democrata quando concorreu para presidente. E aí ela foi “instaurada” para concorrer nesta eleição.

A verdade é que os Estados Unidos estão cheios desta doutrina esquerdista que tomou o país como refém. 87% são contra permitir rapazes transgênero participarem em competições femininas. A porcentagem é ainda maior quando se trata de compartilhar vestiários e banheiros. Ninguém tem paciência para aqueles que decidem usar outros pronomes e obrigam a sociedade a se dobrar a eles.

A verdade é que Trump conseguiu um recorde sem precedentes de votos de homens negros, dos latinos, especialmente porto-riquenhos e mulheres brancas. E a economia foi a primeira razão do seu voto, a imigração descontrolada que afetou todas as cidades americanas a segunda.

Os democratas finalmente se deram conta que as mulheres vão mais ao supermercado do que à clínica de aborto. Para mim, a maior perdedora desta eleição não foi Kamala, mas Oprah Winfrey. A celebridade que nunca endossou qualquer candidato, resolveu endossar Kamala, ameaçando o povo americano contra eleger um ditador nazista.

Além de não ser capaz de terminar uma sentença de modo coerente, Kamala mostrou zero do seu programa econômico para o país. Ela decidiu que para combater a inflação, era preciso que o governo impusesse os preços, igualzinho como na União Soviética, e vimos aonde ela foi parar. Trump por seu lado, prometeu acabar com impostos sobre gorjetas, sobre horas extra e sobre herança. Ele também quer reduzir os impostos corporativos para incentivar as empresas a contratarem mais empregados. E a Bolsa de Valores está em tremenda alta, desde a vitória.

Mas não só no âmbito doméstico estamos vendo reviravoltas. Quarenta e oito horas depois da sua vitória, Trump ainda não iniciou o seu mandato como presidente, e o mundo inteiro parece estar se alinhando de outra forma.

A China declarou que chegou a hora de sentar na mesa de negociação com os Estados Unidos.

O México decidiu acordar e reativou as medidas para impedir que imigrantes ilegais cheguem à fronteira com os Estados Unidos.

A União Europeia pediu a Trump que iniciasse uma nova fase nas suas relações.

O presidente russo Vladimir Putin parabenizou Donald Trump na quinta-feira por vencer a eleição dos EUA, e disse que Trump agiu como um homem de verdade durante a tentativa de assassinato contra ele.

O Catar, que é um país minúsculo que sua influência no mundo vem do fato de ter uma base naval americana em seu território, informou que não mais será um mediador entre Israel e o Hamas.

O Hamas pede o fim imediato da guerra após a eleição de Trump.

E até os talibãs anunciaram que esperam começar um “novo capítulo” com a administração Trump lembrando o acordo de paz assinado com os Estados Unidos em 2020 e esperam ser retirados da lista de organizações terroristas.

A verdade é que a eleição de Donald J. Trump para a presidência trouxe alívio a muitos regimes árabes. Antes das eleições, eles foram cautelosos em expressar preferência por qualquer candidato, óbvio, mas estava claro que, tirando o Irã, a Autoridade Palestina e o Hamas, os outros favoreceram Trump em vez de Kamala Harris. A reeleição de Trump é uma boa notícia para os estados árabes, mas especialmente para Israel.

Primeiro, vários líderes árabes importantes já conhecem Trump e sua equipe. Fortes laços pessoais foram formados com líderes como Mohammed bin Zayed Al Nahyan, o presidente dos Emirados Árabes Unidos, e Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita. Ao longo de sua campanha, Trump se referiu a bin Salman como um "amigo" e o cobriu de elogios, muito diferente de Biden que começou seu governo chamando o príncipe herdeiro saudita de assassino do jornalista Jamal Khashoggi.

Segundo, durante seu mandato anterior, Trump tinha uma política clara de não interferência nos assuntos internos de países estrangeiros. Ele uma vez se referiu ao presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi como "meu ditador favorito". Espera-se que um segundo governo Trump continue com essa abordagem, evitando criticar regimes em questões como liberdade política e direitos humanos.

Terceiro, há uma expectativa, especialmente entre os estados do Golfo, de que Trump irá adotar uma postura mais dura em relação ao Irã. A crescente confiança do Irã e de seus capangas — como evidenciado pelo ataque do Hamas em 7 de outubro — é vista por muitos no Golfo como ligada à falta de credibilidade dos EUA sob o governo Biden que até agora tenta bajular os aiatolás para retornarem ao falho acordo nuclear.

Além disso, os estados regionais veem Trump como tendo laços estreitos com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e, mais importante, como tendo o apoio da comunidade judaica e evangélica do país.

Os vizinhos de Israel esperam um fim rápido para a guerra de Gaza, que aumentou as pressões sobre eles tanto de seus cidadãos quanto de elementos radicais na região. Eles esperam que Trump pressione Netanyahu a concluir a guerra antes mesmo de Trump assumir o cargo.

Sim, esperamos que a guerra termine com Trump, mas não com a pressão sobre Israel como foi com a administração Biden. Trump sabe que uma guerra se termina quando há um vencedor e um perdedor. Netanyahu deixou claro que quer vencer esta guerra e ela só não acaba por causa da pressão de Biden. Assim, é mais possível que Trump ajude Bibi a ganhar a guerra para terminá-la do que continuar com a política de “defesa sim, vitória não” para Israel. 

Ainda, a normalização israelense-saudita está novamente na mesa. A Arábia Saudita prevê que uma administração Trump 2.0 será mais generosa do que Biden em termos de incentivos oferecidos ao reino em troca da normalização com Israel, e, mais importante para eles, adotará uma linha mais dura em relação ao Irã.

Os laços pessoais e a influência de Trump sobre os principais líderes regionais, sua posição em relação ao Irã e potencialmente a renovação das sanções contra os aiatolás, aumentará a probabilidade de normalização das tensões do Oriente Médio. Até agora os Houthis têm se mantido quietos, e somente a Hezbollah, que hoje está descabeçada, continua a atirar. Israel está confiante que os últimos dias do grupo estão próximos e isso será um presente para Trump antes que assuma a presidência. Só falta o mais importante: o retorno dos reféns. Mas Trump já avisou que é melhor que isso aconteça antes de janeiro.

E é assim que o verdadeiro poder se parece.

Sunday, November 3, 2024

A Reta Final das Eleições Americanas - 3/11/2024

 

As eleições americanas finalmente acontecem nesta terça-feira. Mas uma quantidade astronômica de eleitores já votou em pessoa ou por correio. Por enquanto não há meios para fazermos previsões porque as pesquisas mostram um total empate. Mas independente de quem irá ganhar, Israel deve estar preparada para enfrentar os meses entre novembro e a inauguração do novo presidente em janeiro mesmo esperando uma vitória decisiva de Donald Trump.

Nos últimos 15 anos, esses períodos de transição provaram ser perigosos para a política americana com relação a Israel.

Não podemos esquecer a decisão do presidente Barack Obama em dezembro de 2016, quando ele estava prestes a deixar a Casa Branca após oito anos de pressão, ameaças e intimidação do primeiro-ministro Netanyahu, de dar um último tapa na cara de Israel fazendo aprovar a resolução 2334 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Esta foi a resolução que declarou que as comunidades judaicas na Judeia e Samaria constituem uma violação flagrante do direito internacional.

Em vez de vetar a resolução, Obama desonestamente ajudou a escrevê-la e depois fez os EUA se absterem na votação. Pior que isso, Obama tinha planejado uma segunda resolução que teria imposto um cronograma "irreversível" para um acordo final entre Israel e os palestinos, significando o estabelecimento de um estado palestino completo e descontrolado.

Milagrosamente, e por intervenção de Netanyahu junto à Putin com a ajuda do time de Trump que tinha sido eleito, Israel conseguiu o veto da Rússia. Mesmo assim, o secretário de estado americano da época, John Kerry, fez um discurso violento contra Netanyahu, exigindo que o mundo continuasse a pressionar Israel até ela se curvar.

Uma resolução semelhante no Conselho de Segurança da ONU impondo parâmetros "irreversíveis" para a criação de um estado palestino— com, digamos, um prazo de dois anos — pode ser exatamente o que o governo Biden-Harris está planejando nos próximos três meses.

E isso pode muito bem acontecer apesar do objetivo aberto dos palestinos de destruir Israel; apesar do massacre cometido pelo Hamas em 7 de outubro e do apoio da Autoridade Palestina a esse ataque; apesar do programa de salários para terroristas de Mahmoud Abbas; apesar da tomada de grande parte de Samaria pelas milícias do Hamas.

Outras medidas punitivas contra Israel que o governo Biden poderá tomar incluem o reconhecimento da soberania palestina em Jerusalém Oriental – para tentar compensar a mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém pelo governo Trump; uma rejeição do reconhecimento por Trump de que as comunidades judaicas na Judeia e Samaria não são “inconsistentes com o direito internacional” e outras sanções adicionais inclusive junto ao Tribunal Penal Internacional.

O pior de tudo, no entanto, é a continua ameaça de um embargo de armas dos EUA a Israel. Em 13 de outubro último, o Secretário de Estado Antony Blinken e o Secretário de Defesa Lloyd Austin deram a Israel um aviso de 30 dias para deixar mais ajuda humanitária entrar em Gaza, ou então enfrentar "implicações" não especificadas.

O aviso se referiu a um memorando do Conselho de Segurança Nacional dos EUA que permite rever a assistência militar se o país não estiver cumprindo as garantias anteriores de permitir a entrega de assistência humanitária.

Outras legislações que poderiam ser invocadas contra Israel incluem o Ato de Assistência Estrangeira e o Ato Leahy, que impedem o governo americano de fornecer assistência militar a países que restrinjam a ajuda humanitária.

Isso mesmo que a tal ajuda humanitária seja tomada por terroristas e sirvam somente aos seus fins.

Até agora, antes da eleição, o governo Biden-Harris se limitou a atrasar a entrega de algumas peças de reposição militares essenciais e tipos de munições sofisticadas. Mas dá para sentir como, em seus últimos dias, o governo Biden-Harris, permeado por burocratas da administração Obama, irá agir de acordo com seus impulsos mais "progressistas" como submeter a insolente Israel e redefinir a política americana para o Oriente Médio, afastando-a de Israel.

Isso pode incluir uma proposta de última hora e precipitada ao Irã para mais um acordo nuclear suave e perigoso com a eliminação de outras sanções.

Muitas dessas ações hostis podem ser revogadas por decreto presidencial ou corrigidas por sábios secretários de Estado e defesa em um próximo governo americano mais amigável e estrategicamente sensato, se, como prevemos e esperamos, Donald Trump for eleito.

Mas reparar os danos de longo prazo de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU com parâmetros e prazos imperativos será muito mais difícil.

Somente o precedente de uma declarada suspensão no fornecimento de armas e munições para Israel seria terrivelmente prejudicial, mesmo que seja posteriormente anulado e generosamente supercompensado por transferências adicionais.

Trump pode ser capaz de evitar algumas das piores medidas e planos da equipe Biden-Harris, deixando claro já no dia 6 de novembro que não irá tolerar tais interferências.

Ele pode e deve declarar que, quando assumir o cargo em 20 de janeiro, agirá rapidamente para anular quaisquer desvios radicais na política dos EUA em relação a Israel (ou ao Irã) e que consertará a coordenação entre os dois países.

Mas o futuro presidente eleito Trump poderá realmente ajudar utilmente a pôr fim às guerras atuais de Israel. Guerras terminam quando há um vitorioso e um vencido. Não quando há apenas um cessar-fogo que pode recomeçar a qualquer momento. Trump deve dar a Israel a oportunidade de obter uma vitória esmagadora e inequívoca sobre seus inimigos.  

Isso seria uma mudança radical em relação à queixa constante, deletéria, ambígua, fraca e melosa da administração Biden-Harris de que a(s) guerra(s) “deve(m) acabar”, “deve(m) acabar agora” e “deve(m) acabar imediatamente” e que “precisamos de um cessar-fogo imediato”. Ah, e que, embora Israel “tenha o direito” de se defender, os EUA “deve(m) defender” a lei internacional (que aparentemente se aplica apenas a Israel e de forma distorcida) enquanto luta contra seus inimigos, incluindo o Irã.

Mas tudo não é Israel para os eleitores americanos. A primeira razão pela qual os eleitores estão escolhendo Trump é por causa da economia. Trump, com sua pergunta simples de “você está melhor financeiramente hoje do que há 4 anos?” ressoou com o eleitorado. A segunda razão foi a política desgovernada de imigração, que trouxe mais de 15 milhões de imigrantes de mais de 100 países, inclusive, doentes mentais, criminosos e gangues da Venezuela que tomaram a cidade de NY. Para os evangélicos, as políticas de aborto e transição de sexo para crianças, a inclusão de atletas que nasceram machos nas competições femininas, enfim, as políticas radicais de esquerda do partido democrata são as razões para pôr um fim a este governo e não o estender por mais 4 anos com Kamala Harris.

É bom lembrar que Kamala era a senadora mais esquerdista de todo o Congresso. E isso é apavorante mesmo para alguns democratas.

Trump não quer que a América afunde econômica ou socialmente. Ele também não quer ser arrastado para uma guerra em grande escala no Oriente Médio. Por isso acreditamos que ele dará a Israel a melhor defesa, tanto em armas como diplomaticamente.  Os mais de 250 mil americanos que moram em Israel e têm o direito de votar nos Estados Unidos, já mostraram sua preferência, votando em massa em Trump. Agora, só resta rezar para que uma América forte e decidida restaure seu poder de dissuasão o suficiente para que os povos sujeitos à ditaduras, como o Irã, a Venezuela e outros, consigam a coragem para se livrar dos seus líderes e retornarem à democracia.