Dizem que o caminho para o inferno é pavimentado de boas intenções.
Nesta última terça-feira soldados libaneses abriram fogo contra uma unidade do exército israelense que estava cortando uma árvore que estava dentro de Israel, entre a fronteira e a grade de segurança construida para evitar aproximação da fronteira.
Israel respondeu ao fogo e o resultado foi a perda de um oficial israelense, Tenente Coronel Dov Harari morto dentro de Israel a 180 metros da fronteira, dois soldados libaneses e um jornalista do jornal Al-Akhbar da Hizbullah!!!
O que é importante deixar claro, é que toda operação próxima da fronteira é primeiramente coordenada com a UNIFIL, a Força Interina para o Líbano das Nações Unidas que informa o exército libanês e dá o ok para o exército de Israel. Assim, já dá para entender que a presença do “jornalista” não era coincidência.
A UNIFIL confirmou que Israel não atravessou a fronteira e que havia dado o ok à Israel para cortar a árvore. E não é fácil atirar do vilarejo libanês Adaisseh em alguém do outro lado da fronteira, numa região montanhosa e cheia de árvores. Mas este franco atirador libanês teve ajuda. Ajuda dos Estados Unidos.
Nos últimos 5 anos, o exército libanês tem sido o segundo maior recipiente da ajuda militar americana per capita, depois de Israel. Um comunicado de imprensa do Departamento de Estado americano de 2008 informou que foram enviados ao Líbano 10 milhões de munição, veículos Humvees, partes de reposição de helicópteros, veículos para suas forças internas de segurança e as mesmas armas usadas pelas tropas americanas na linha de combate, incluindo rifles de assalto, lançadores automáticos de granadas, sistemas avançados para franco-atiradores, armas anti-tanques e as armas mais modernas para luta urbana.
De fato, desde 2006, os Estados Unidos forneceram mais de 500 milhões de dólares em assistência militar ao Líbano e vão fornecer mais. Obama em seu encontro com o primeiro ministro libanes Saad Hariri em Junho disse que estava determinado a fortalecer as forças armadas libanesas e as forças internas de segurança. De acordo com o Los Angeles Times, Obama já separou 100 milhões de dólares para o Líbano em 2011.
A razão dada pelos americanos para tudo isto? A necessidade de proteger a estabilidade interna e as fronteiras do Líbano”. Mas proteger de quem? À primeira vista, e erroneamente, poderiamos pensar que seria proteger o Líbano de outra invasão da Síria, mas não.. A fronteira com a Síria não tem presente absolutamente nenhum aparato do exército que não está nem mesmo marcada por uma grade. Não há qualquer ação para prevenir a transferência de armas da Síria e do Irã para a Hizbullah que se vangloria publicamente de estar em total controle do sul do país e ter hoje 10 vezes mais mísseis do que tinha em 2006, tudo debaixo do nariz da UNIFIL.
A emboscada de terça-feira mostrou que o Líbano está pronto para agredir ilegalmente o maior aliado dos Estados Unidos com as próprias armas fornecidas por Obama. E este não é o primeiro incidente. O jornal Jerusalem Post reportou na quarta-feira que desde 2009 em várias ocasiões, soldados libaneses apontaram armas para soldados patrulhando a fronteira e mostraram seu machismo com tiros de advertência. Era só uma questão de tempo eles começarem a atirar de verdade.
O Departamento de Estado Americano, que através da entrega de todas estas armas espera a estabilidade do Líbano, não fez absolutamente nada quando a Hizbullah tentou armar um golpe de estado contra o governo de Saniora em 2008.
Mas o que os Estados Unidos estão perdendo na visão idílica de Obama, é que o exército libanês está totalmente tomado pelos shiitas adeptos da Hizbullah. Vejam só, na semana passada o Los Angeles Times reportou que as forças internas de segurança libanesas estavam usando o equipamento americano de sinais para ajudar a Hizbullah a encontrar agentes israelenses. De acordo com o Times, este governo libanês está ajudando a Hizbullah a quebrar células de espiões pró-Israel com o próprio equipamento fornecido pelas nações do ocidente para vencer o grupo terrorista.
A ingenuidade Americana às vezes dói. Na mesma reportagem do Times, o assistente secretário de Defesa Alexander Vershbow disse que os Estados Unidos iriam continuar treinando o exército libanês para prevenir ações de milícias e organizações não governamentais. Mas o que fazer se a Hizbullah é membro do governo libanês desde 2005 e desde a tentativa de golpe em 2008, tem o poder de veto sobre todas as decisões do governo libanês?
Mas como sabemos, o exército libanês não é a única organização inimiga de Israel que os Estados Unidos está ativamente ajudando. Tem também a Autoridade Palestina. O exército israelense está profundamente preocupado com o fato de que as forças de Abbas estão cada vez mais se envolvendo em ataques terroristas contra Israel.
O general Avi Mizrahi avisou já em Maio que as forças palestinas treinadas e equipadas pelos Estados Unidos seriam capazes de tomarem pequenos postos do exército e atacarem com sucesso comunidades israelenses fronteiriças. Não só Obama prometeu mais 100 milhões de dólares em ajuda às forças de Abbas, depois de já ter gasto 400 milhões mas ainda quer que Israel o ajude na tarefa. Obama criticou Israel por ter se oposto à transferência de rifles de assalto AK-47 para as forças palestinas e de treinar forças com táticas anti-terror. Ainda, Obama reclamou que Israel não dava liberdade de movimento aos seus conselheiros que estavam treinando os palestinos na Judéia e Samária.
Os Estados Unidos dizem que o que estão fazendo é criar estabilidade. Que a falta dela impediu que forças libanesas e palestinas conseguissem evitar que grupos terroristas atacassem Israel no passado. Em sua lógica, Obama acha que as forças institucionais são contra os grupos terroristas e portanto vale a pena gastar mais de um bilhão de dólares nestes pilares da moderação para que eles ponham os terroristas em seu lugar.
Ninguém, mas ninguém levantou a possibilidade de que os membros destas forças libanesas e palestinas poderiam estar ideologicamente do lado destes terroristas, dividindo com eles os novos treinamentos adquiridos e as armas e equipamentos americanos e que no final, eles também almejam a destruição de Israel.
E Israel? Publicamente, Israel tem dado apoio às iniciativas americanas e ao faze-lo, está usando a mesma lógica usada para aceitar a vinda de Yasser Arafar e a OLP para dentro de Israel em 1993.
Sucessivos governos israelenses disseram que ao agirem assim, eles conseguem uma vantagem política e que no mínimo reduzem as críticas quando Israel se defende. É, realmente... nós vimos como as críticas diminuem.
No Líbano, Israel concordou em não atacar o governo de Saniora na esperança de que houvesse ação para vencer a Hizbullah. Mas isto não aconteceu. Depois do acordo, os Estados Unidos e a UNIFIL, olharam para o outro lado enquanto a Hizbullah literalmente tomava o governo libanes e recebia livremente mísseis e armas do Irã. Hoje, Hariri aje como defensor da Hizbullah junto à comunidade internacional. A lógica do apaziguamento parece sempre ir em uma só direção: a favor dos inimigos de Israel.
O mesmo aconteceu com a OLP. Quando Yasser Arafat ordenou a intifada contra Israel em vez de aceitar um estado, os Estados Unidos, a União Européia e as Nações Unidas todas se calaram e só se manifestaram quando as ações de defesa de Israel pareciam à eles desmesuradas.
O mundo está tão investido na ilusão da paz dos palestinos que ele se recusa a abandoná-la. E assim, o mundo precisa usar de uma lógica demente na qual faz sentido ajudar a treinar e a equipar um exército palestino depois que a vasta maioria do povo elegeu democraticamente o Hamas para lidera-los. E a mesma lógica demente que manda gastar centenas de milhões de dólares no exército libanês totalmente controlado pela Hizbullah.
E aí por diante. A cada vez, sem exceção, que Israel se dispôs a aceitar a mentira sobre a natureza de seus inimigos ela voltou para assombra-la. Nunca, nenhuma vez, Israel ganhou terreno ao fechar os olhos para a hostilidade de líderes como Salaam Fayyad e Saad Hariri.
É verdade. Infelizmente os Estados Unidos estão ajudando e protegendo os que sonham destruir Israel. Mas acho que também é verdade que os Estados Unidos não vão parar com esta insanidade até que Israel exija que parem. E Israel não irá exigir que os Estados Unidos parem de fortalecer seus inimigos até ela própria se dar conta que a lealdade de um aliado se mantém com a verdade e franqueza e não pela aceitação de mentiras contadas por ele.
Muito bom artigo! Parabens!
ReplyDeleteInfelizmente, o governo de Obama comete tantos erros, mostrando fraqueza e ignorancia, que ficou facil para os governos arabes e os radicais islamicos... Ate mesmo uma mesquita sera construida onde eram as torres gemeas!!
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