Tuesday, August 24, 2010

Abbas e o Reconhecimento de Israel

Não deu um minuto do anúncio da secretária de estado Hillary Clinton sobre a retomada das negociações diretas entre Israel e os palestinos sem pré-condições, que a liderança palestina jogou sobre ela um balde de água fria. Abbas convocou uma reunião de emergência do comitê executivo da OLP que controla a Autoridade Palestina e emitiu um comunicado que ele só voltaria à mesa de negociações se Israel extendesse o congelamento de construção nas comunidades da Judéia e Samária.


Mas a história não pára por aí. O anúncio em inglês fala desta decisão da OLP como a âncora da “criação de um estado palestino independente, democrático e viável, vivendo lado a lado em paz e segurança com Israel”. Mas como sempre acontece, a versão em árabe do mesmo anúncio não fala da solução de dois estados. Em vez disso, fala que a Autoridade Palestina está adicionando outras pré-condições, especialmente a rejeição da anexação de Jerusalém do Leste por Israel.

E aí está o fulcro do problema.

Desde os acordos de Oslo em 1993, há 17 anos atrás, a liderança da OLP louva a solução de dois estados para sua audiência ocidental, israelense e que fala ingles. Mas em árabe, esta mesma liderança tem consistentemente negado a idéia de dividir a terra com judeus, descrevendo o processo como um arranjo temporário para cobrir suas necessidades e que acarretará inevitavelmente, o fim de Israel.

Neste aspecto, não há qualquer diferença entre Arafat e Abbas ou entre a Fatah, a OLP e o Hamas: são farinha do mesmo saco pois nenhum deles aceita o direito de Israel de existir e todos estão comprometidos com a destruição do estado judeu.

De certa forma, Abbas é até mais extremo. Hoje ele é rotulado de moderado mas as pessoas esquecem que ele passou sua vida tentando provar uma associação ideológica entre o Sionismo e o Nazismo além de ser um dos proponentes da negação do Holocausto dizendo que os poucos judeus que foram mortos pelos alemães na Segunda Guerra eram deficientes. Estes judeus mortos pelos nazistas contaram com a colaboração dos sionistas que queriam uma raça pura de judeus para criarem seu país.

Depois do desastre de Camp David em 2000 e do lançamento da intifada por Arafat, Abbas se desdobrou para justificar porque o direito do retorno dos palestinos refugiados– uma subversão do direito de retorno judaico - não era negociável e um pré-requisito para qualquer acordo. Dois anos depois Abbas disse que o processo de Oslo foi o maior erro cometido por Israel pois deu à OLP a legitimidade, respeito e aceitação internacional sem que ela abdicasse de qualquer um de seus princípios ou objetivos.

Logo depois da morte de Arafat em 2004, Abbas publicamente jurou seguir nos seus passos e trabalhar duro para realizar seu sonho. Ele prometeu que seu coração não iria descansar até que o direito de retorno fosse alcançado pelos palestinos.

Abbas tem cumprido sua promessa. Num discurso televisado em Maio de 2005, ele colocou que o estabelecimento de Israel como uma injustiça histórica sem precedente e jurou nunca aceitá-la.

Dois anos e meio mais tarde, em Annapolis, Abbas recusou a oferta da criação de um estado palestino em 97% da Judéia e Samária e 100% de Gaza e categoricamente recusou o pedido de reconhecer Israel como um estado judaico que viveria lado a lado com o estado palestino, insistindo na implementação do direito de retorno.

Ele foi igualmente reincidente quando em Abril de 2009 o recém eleito primeiro ministro Netanyahu renovou o pedido de reconhecimento. Abbas disse em seu discurso em Ramallah: “um estado judeu, o que isto quer dizer?” Abbas disse: “Vocês podem se chamarem do que quiserem mas eu não aceito e digo isto publicamente”.

Quando em junho de 2009 Netanyahu quebrou a eterna posição do Likud e aceitou a solução de dois estados se a liderança palestina reconhecesse a natureza judaica de Israe, Saeb Erekat avisou o primeiro ministro que ele teria que esperar mil anos antes de encontrar um palestino que aceitasse seu pedido.

A Fatah foi um passo adiante. No seu sexto congresso geral em agosto do ano passado, os delegados reafirmaram seu antigo comprometimento com a “luta armada” como “uma estratégia, não uma tática... que não chegará à um fim até que a entidade sionista seja eliminada e a Palestina liberada”. Vejam só, há apenas um ano atrás...

E assim vai. Exatamente 10 anos depois de Arafat ter sido arrastado para o encontro em Camp David para rejeitar de modo categórico as concessões feitas por Ehud Barak de transferência de toda Gaza e quase 100% da Judéia e Samária para a criação de um estado palestino (e imediatamente começar uma guerra de terror sem precedentes na população civil de Israel), seu sucessor está sendo igualmente arrastado para a mesa de negociação que ele preferiria evitar depois de um ano e meio de “férias”.

Ele preferiria evitar não por que qualquer acordo com Israel poderá ser considerado inconstitucional pelos palestinos, já que a presidência de Abbas expirou em Janeiro de 2009, ou sua incapacidade de concordar com qualquer coisa que não seja aprovado pelo Hamas, mas por que, como Arafat e o resto da liderança da OLP, sobre a existência de Israel, Abbas nunca poderá aceitar o sim como resposta.

1 comment:

  1. Durante as negociacoes, os arabes palestinos continuarao mentindo sobre suas verdadeiras intencoes. Eles nao querem a construcao de um estado palestino, mas sim a destruicao do Estado de Israel.

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