No domingo passado o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad estava inaugurando o primeiro bombardeiro de longa distância operado remotamente, construído no país. Um dia depois da inauguração da usina nuclear de Busheir. E Ahmadinejad não perdeu o passo. Nomeou o bombardeiro de “embaixador da morte” aos inimigos do Irã.
Usando sua retórica absurda, que só pode ser entendida pelos mullahs, ele disse que para os amigos do Irã, o bombardeiro tem uma mensagem de paz e amizade.
Ele ainda disse que o objetivo desta aeronave é de manter o inimigo paralizado em sua base até que “o inimigo da humanidade perca toda a esperança de atacar a nação iraniana”. Quem é o inimigo da humanidade? Israel é claro.
E em seu profundo “conhecimento” do inimigo, Israel é muito “fraco” para atacar o Irã militarmente e “não tem a coragem” de intervir decisivamente no progresso em direção à bomba nuclear.
O presidente do Irã está enganado. Israel não é nem fraco nem covarde. Israel é sim, temperado, humano e pragmático. É também resoluto em qualquer assunto que envolva sua sobrevivência.
Em 1981, Israel relutantemente atacou o reator Osirak do Iraque porque tinha chegado à conclusão que Saddam Hussein, se conseguisse a bomba, um dia poderia acordar e contra toda a razão e análise custo-benefício, poderia decidir lançar um ataque nuclear contra Israel. Em 2007, Israel bombardeou o projeto de reator da Síria, cirurgicamente removendo uma ameaça de um inimigo brutal.
Israel escolheu até agora não desafiar militarmente os mullas em sua marcha para a bomba, porque até agora os Estados Unidos e União Européia repetidamente asseguraram o estado judeu que a defenderiam e Israel deveria dar uma chance à diplomacia. Líderes e o público em Israel estão horrorizados pelos anos de indiferença internacional à crescente ameaça ao mundo livre que apresenta o programa nuclear iraniano. Isto porque diferentemente dos outros inimigos, o Irã não deixa qualquer dúvida de sua determinação em refazer a ordem mundial à sua imagem: fundamentalista, religiosamente desviada, brutal, anti-mulheres, anti-gay e islamista shiita. E acima disto tudo, um mundo sem judeus e sem o estado de Israel.
A capacidade de armas nucleares ajudaria e muito ao Irã alcançar este objetivo.
Em algumas semanas, Ahmadinejad receberá mais uma vez permissão para falar perante a Assembléia Geral das Nações Unidas e mais uma vez avisar as grandes potências, inclusive os Estados Unidos, para que se arrependam ou sejam amaldiçoados.
Ultimamente os Estados Unidos e a União Européia têm comandado uma campanha de sanções econômicas contra o Irã, de modo mais robusto, enquanto Israel, de olho no relógio da bomba, fica quietamente sentindo a perda de tempo, sabendo que é um pouco tarde demais. Mas agora, Israel está sentindo que o momento da verdade está se aproximando rapidamente.
Nos últimos dias vimos uma enxurrada de relatórios governamentais, reportagens na mídia e opiniões de peritos que sugerem que ou Israel já tomou a decisão de atacar o Irã, ou está no ponto de faze-lo.
Jeffrey Goldberg, publicou na Revista The Atlantic um artigo no qual ele diz ter entrevistado uns 40 oficiais israelenses do governo atual e de governos anteriores e a conclusão é que existe mais de 50% chance que Israel atacará o Irã antes de julho do ano que vem. (http://www.theatlantic.com/magazine/archive/2010/09/the-point-of-no-return/8186/)
Goldberg chegou a dizer que o Pentágono teria dado ordem para as tropas americanas na região de não atirar em qualquer avião israelense que atravessar seu espaço aéreo à caminho do Irã.
A escolha do novo chefe de estado maior Yoav Galant, sucessor de Gabi Ashkenazi tem sido atribuída em sua grande maioria à postura confiante de Galant em relação ao Irã. O Jerusalem Post disse esta semana que “considerando que o próximo ano será um ano de decisões, o Ministro da Defesa Ehud Barak sentiu que precisa de alguém que possa tomar a decisão no exército de Israel, se o governo decidir dar a luz verde à uma operação deste tipo”.
O Irã não é um país fácil de analisar estratégicamente ou ao nível de inteligência. Ele realmente atacaria Israel se tivesse a bomba? Será que não tentaria passar a bomba para outro país para que ataque Israel no seu lugar? Ou será que o Irã não fará nada e usará a ameaça da bomba para realinhar o balanço de forças na região enfraquecendo Israel dramaticamente?
Não há uma resposta simples para qualquer destas questões. E ao mesmo tempo, as consequências de uma intervenção militar israelense no Irã são impensáveis. Diferentemente de Saddam Hussein, o Irã poderá reconstruir sua capacidade nuclear rapidamente e retaliar.
Apesar disso, Ahmadinejad está mostrando um perigoso potencial para errar no cálculo. E junto com Nasrallah, a mensagem de Israel para os dois deve ser a seguinte:
Se Israel chegar à conclusão de que as sanções falharam e que o Irã está prestes a obter os meios de levar à cabo sua ameaça de destruir o estado judeu e que só uma intervenção militar poderá impedir um segundo Holocausto, os líderes de Israel não terão outra opção senão agir.
Os judeus não reuniram a maioria do povo em sua terra ancestral, numa entidade soberana, criada pelas Nações Unidas tarde demais para salvar os milhões que morreram nas mãos dos nazistas para simplesmente levantar as mãos para o alto enquanto um novo inimigo genocida está planejando sua destruição.
E Obama em tudo isto? Ele deve deixar sua ideologia de lado e agir decisivamente contra a tirania como o fez o Presidente Kennedy quando da ameaça dos mísseis russos em Cuba.
Goldberg terminou sua matéria para o The Atlantic com uma parábola. Kennedy depois de eleito presidente dos Estados Unidos, recebeu Ben Gurion na Casa Branca e lhe disse: eu fui eleito por causa de seu povo. Por favor me diga como posso retribuir. Ben Gurion respondeu que ele poderia ser um grande presidente dos Estados Unidos. E este é o interesse verdadeiro de Israel: Ela não quer prevalecer sobre o presidente americano. Ela quer que o presidente americano prevaleça sobre seus inimigos.
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