Sempre que falamos sobre o Oriente Médio a discussão é acirrada. Mas em geral, com poucas exceções, as pessoas se recusam a discutir a substancia do problema e invariavelmente jogam barragens de insultos, caracterizações e argumentos totalmente sem logica e sem base em fatos.
O argumento número um que escuto é que eu, e pessoas como eu, somos de direita. Nada menos do que da direita radical pois está claro que não gostamos de Barack Obama e para Israel, somos contra a solução de dois estados além de falarmos coisas malvadas sobre árabes e muçulmanos. Assim, tudo o que falamos deve ser ignorado. Recebo muitos emails assim.
Não vou começar a elocubrar sobre aonde me encontro no espectro político, se no meio, à direita ou à esquerda. Isto é irrelevante. Mas quero notar que muitos democratas e a vasta maioria dos independentes nos Estados Unidos que votaram em Obama, estão seriamente descontentes com sua política externa. Em Israel, gostaria de lembrar que o partido trabalhista israelense que é de esquerda, hoje faz parte do governo de Netanyahu que é rotulado de extrema direita.
Rotular as pessoas como radicais é somente uma tática para convencer uma audiência liberal a ignorar críticas. Assim, todas as minhas críticas a Obama devem ser ignoradas porque na opinião destes que dizem que me conhecem, eu sou uma radical de direita.
Sobre Israel então, minhas opiniões de direita não são próprias de um discurso civilizado e cheguei a ser chamada de inimiga dos esclarecidos. O que me deixa mais intrigada, no entanto, é que estes autoentitulados liberais deveriam defender Israel com unhas e dentes. O único país democrático, aberto, com uma sociedade liberal, aliado dos Estados Unidos, lutando contra forças repressivas e agressivas e um país que já fez grandes sacrifícios pela paz.
Israel deveria ser A CAUSA dos liberais. Eles deveria se opor ao estabelecimento de regimes radicais islamicos que destroem os direitos individuais, criam ditaduras cruéis e oprimem mulheres e todos que não são muçulmanos. Além disso, é do interesse nacional dos Estados Unidos e do ocidente em geral, se oporem a uma região dominada pelo Irã e seus aliados, se oporem à queda dos regimes árabes moderados, se oporem à destruição de Israel e ao aumento da violência que isto resultaria.
O segundo argumento que ouço é que eu não gosto de Obama por questões de raça ou credo. Para muitos, Barack Obama é um ícone que está acima de qualquer crítica. Assim, se qualquer um fala qualquer coisa negativa de sua administração, é mau, racista, xenófobo e portanto deve ser ignorado.
Não é nenhum segredo que a administração do presidente Obama está fracassando em todas as áreas de política externa. É só ver o que a opinião pública dos países muçulmanos pensa dele. A simpatia dos árabes que ele queria ganhar ao virar a cara aos seus aliados, simplesmente não aconteceu.
A realidade é que Obama tem que enfrentar o mesmo critério de análise e ser julgado pelos mesmos parâmetros que seus predecessores. Muitas vidas e a liberdade de países inteiros dependem disto.
Dois anos após ser empossado, Obama ainda toca o mesmo disco, culpando Bush pela situação econômica do país e até pelo desastre no Golfo causado pela BP. Isto é típico de alguém que não tem a coragem assumir responsabilidade por falhas.
A terceira coisa que vejo é o abandono da lógica. Ultimamente há um aumento exponencial de argumentos que não são racionais. Muitos acham que sentimentos e não a lógica são prioridade.
Outro argumento que vejo é que os israelenses não confiam em Obama por causa do seu nome do meio Hussein, um nome muçulmano. Quando vejo isto é fácil notar a implicação de racismo. O problema é que a reação original dos israelenses a Obama, de acordo com as pesquisas de opinião da época, era muito favorável a ele. E ele tinha o mesmo nome. O que mudou foi sua política em relação à Israel.
Finalmente, escuto que os israelenses são estúpidos. Vivem com o trauma do holocausto e acham que o mundo inteiro está aí para acabar com eles e que então o mundo deve salvar Israel de si próprio. Este argumento me deixa louca. Além da ignorância mostrada por pessoas tão arrogantes, um dos grandes problemas é que o mundo tem memória curta e esqueceu os massacres de suicidas de 1993 até 2002. Mas os israelenses não esqueceram.
Tentamos um processo no qual bilhões de dólares foram jogados dentro da Autoridade Palestina e muitas concessões, todas unilaterais, feitas por Israel. Território foi passado para o controle palestino e o resultado foi uma violência maciça e a recusa em fazer a paz.
Como resultado de experiência – não de trauma, não de ideologia – o debate em Israel mudou. Hoje não há uma discussão séria em tirar judeus da Judéia e Samária ou de tomar Gaza de volta. Os israelenses gostariam de uma solução de dois estados que lhes dessem paz e segurança.
Mas estão muito duvidosos de concessões unilaterais que colocariam suas vidas em perigo e duvidosos da boa fé da autoridade palestina. A única coisa que os israelenses não duvidam são das intenções do Hamas e dos outros islamistas que deixaram claro que querem a destruição do estado judeu.
Não estamos mais em 1990 ou em 1970. Hoje as opções de Israel são bem menores. Há um parceiro para negociações e cooperação à curto prazo mas não há um parceiro para uma paz compreensiva.
O Irã, a Siria, o Hamas e a Hizbullah não estão aí para negociar com um estado judeu. Mas os líderes de Israel não devem esquecer que os países árabes moderados têm interesses similares, principalmente em relação ao Irã, e devem fazer uso disso, apesar de uma cooperação com eles ser extremamente limitada.
O islamismo revolucionário está avançando no mundo inteiro e os Estados Unidos, devido à política de Obama, não está lutando contra ele. As pessoas aqui sabem que estamos em 2010, que o Irã já obteve ou está prestes a obter armas nucleares mas o resto do mundo parece não entender o que isto significa.
Assim, as pessoas não seguem os fatos ou compreendem como um país pode ou não pode defender sua própria vida. E não é só a sobrevivência de Israel que está em jogo, mas a sobrevivência de muitos outros países, até inimigos declarados de Israel.
Está claro que é preciso repensar a estratégia e educar o povo. Estes que rejeitam qualquer crítica que não se coaduna com o discurso "politicamente correto" de hoje, estão de fato apoiando regimes repressivos islamicos, ditaduras revolucionárias e expansionistas como o Hamas, um filhote do Irã que advoga abertamente o genocídio no Mediterraneo.
Como se o Mediterraneo já não estivesse saturado de sangue judeu.
Assim, se você concordar comigo, chegou a hora de rejeitar estes argumentos tolos e de desafiar os que os repetem a discutir a substancia do problema. Temos que ser ativos. Se cada um de nós tomar para si uma tarefa, por menor que seja como por exemplo se educar a respeitos dos fatos, ou responder à artigos de mídia, etc., podemos causar uma mudança no curso desta história que hoje não promete um final feliz.
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