Sunday, January 3, 2021

As Fake News de Javad Zarif - 03/01/2021

Ontem, o ministro das relações exteriores do Irã, Javad Zarif, seguindo o roteiro das piores novelas antissemitas do passado, postou no twitter que Israel estaria atrás de um “fake casus belli” numa conspiração para empurrar o Irã e os Estados Unidos para a guerra.

O twit dele disse o seguinte: “Nova inteligência do Iraque indica que agentes provocadores de Israel estão conspirando para perpetrar ataques contra americanos – colocando a administração Trump numa situação difícil de um casus belli”. Aí ele avisa: “Tenha cuidado com uma armadilha, Donald Trump. Qualquer fogo de artificio sairá pela culatra de um modo muito ruim, particularmente contra seu melhor amigo.”

Trump avisou que responsabilizaria o Irã por qualquer ataque contra os EUA no Iraque. Desde maio de 2019, milícias apoiadas pelo Irã têm perpetrado dezenas de ataques com mísseis contra as forças americanas especialmente contra a embaixada americana em Bagdá que mataram um americano e três membros da coalizão internacional liderada pelos EUA.

Mas há exatamente um ano, os Estados Unidos mataram o líder da Guarda Revolucionaria iraniana, Qasem Soleimani. E agora, no primeiro aniversário de sua morte, o Irã colocou suas forças em alerta porque grupos pró-Irã podem querer atacar as forças americanas na região ou atacarem Israel para vingar o assassinato.

Javad Zarif há muito tenta culpar Israel pelas tensões com os EUA, acusando Benjamin Netanyahu de querer provocar uma guerra. Zarif, que foi educado nos Estados Unidos (e frequentemente fala em think tanks norte-americanos e é elogiado nas capitais ocidentais), sabe que a linguagem que ele usa é projetada para apelar às conspirações ocidentais que vê Israel por trás de todos os conflitos do globo. Essa conspiração tem raízes antissemitas que datam da publicação dos Protocolos dos Sábios de Sião, um livro fake publicado pelo Império Russo em 1903, que afirmava que os judeus procuram controlar o mundo e os culpa por estarem por trás de todos os males, desde desastres econômicos e guerras.

A alegação que Israel estaria por trás de ataques em nome do Irã para levar os EUA à guerra é parte dessa história de culpar os judeus por conflitos que existe há anos. Em 2003 ela foi usada para culpar Israel pela invasão do Iraque pelos EUA e de outras guerras no Oriente Médio.

O líder antissemita da Malásia Mahathir Mohammed disse à Organização da Conferência Islâmica que "os judeus governam o mundo por procuração, eles fazem com que outros lutem e morram por eles". Essa conspiração antissemita encontrou raízes em grupos islâmicos, incluindo a Irmandade Muçulmana, o Hamas e claro, entre os membros do regime em Teerã.

Alegações de que "o Estado Islâmico foi criado por Israel e os EUA", foi outra conspiração que os membros do regime do Irã espalharam no passado. Essas teorias também encontraram seu caminho nos campus das universidades americanas e inglesas e chegaram até a serem apresentadas por membros de partidos políticos no Ocidente que tentam argumentar que Israel “se beneficia” de conflitos.

Em 2012, um atentado terrorista no Egito foi atribuído a Israel, que teria supostamente “interesse em matar egípcios”.

A teoria da conspiração de Zarif foi projetada para culpar Israel se milícias apoiadas pelo Irã atacarem os EUA no Iraque. É parte de um conceito cuidadosamente projetado para buscar alavancar uma campanha silenciosa contra Israel no oeste que já culpa Israel pela política dura de Trump sobre o Irã, ao insinuar que Israel é o culpado pelas tensões EUA-Irã.

O Irã tem frequentemente levantado esse ponto nos EUA para ganhar o favor de grupos pró-Irã e algumas vozes no Congresso, afirmando que Israel é o problema e que se apenas os EUA estendessem a mão então as coisas seriam melhores com o Irã.

Este ponto de discussão busca usar Israel como bode expiatório para as más relações entre o Irã e os Estados Unidos, ao invés de observar que foi o Irã que manteve os americanos como reféns em 1979, que foi o Irã que ordenou ataques às forças dos EUA na região e que grupos se vincularam ao Irã têm sido responsáveis ​​por ataques a judeus em lugares como a Argentina e ataques a Israel na região e no mundo.

Esta parece ser mais uma tentativa do Irã de espalhar libelos de sangue e conspirações antissemitas inventadas pelo Império Russo para culpar Israel e os judeus pelos seus próprios atos.

Além de estar com uma economia em frangalhos, o Irã está engasgado com os EUA e Israel. O assassinato de Suleimani pela América, os mais de mil ataques aéreos de Israel contra alvos iranianos na Síria, o não reivindicado assassinato do chefe do programa nuclear Fakhrizadeh são contas em aberto que o Irã está desesperado em fechar.

Assim, o Irã parece que está planejando um ataque e já preparou o terreno para culpar Israel. Mas este tipo de acusação só traz mais descrédito ao regime do Irã e ao reino das teorias de conspiração antissemitas. Este último tweet parece dar às milícias do Irã no Iraque um ok para atacar os EUA, para o Irã poder então culpar Israel.

Em contrapartida, apesar da pandemia, Israel fechou o ano com quatro novos acordos de paz que oferecem um potencial econômico enorme para o estado judeu. E tudo com a aprovação do inimigo mor do Irã, a Arábia Saudita, que deve, em algum ponto, também normalizar suas relações com Israel.

2020 impôs muitas mudanças a todos neste planeta. Pessoal e coletivamente. Mas no Oriente Médio, apesar da pandemia, Israel saiu mais forte. A aliança com os Emirados, Bahrain, e Arábia Saudita, envia uma mensagem muito forte ao Irã e um aviso para Biden. Para que a nova administração americana não reverta aos maus hábitos do passado. Eles se uniram a Israel porque Jerusalem não vacilou frente ao inimigo.

Não há respostas fáceis para esta situação com riscos tão altos. Agora dependerá de Biden se Israel escolher tomar uma ação decisiva contra o Irã, mais cedo ou mais tarde.

 

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