Ontem, o ministro das relações exteriores do Irã, Javad Zarif, seguindo o roteiro das piores novelas antissemitas do passado, postou no twitter que Israel estaria atrás de um “fake casus belli” numa conspiração para empurrar o Irã e os Estados Unidos para a guerra.
O twit dele
disse o seguinte: “Nova inteligência do Iraque indica que agentes provocadores
de Israel estão conspirando para perpetrar ataques contra americanos –
colocando a administração Trump numa situação difícil de um casus belli”. Aí
ele avisa: “Tenha cuidado com uma armadilha, Donald Trump. Qualquer fogo de
artificio sairá pela culatra de um modo muito ruim, particularmente contra seu
melhor amigo.”
Trump avisou
que responsabilizaria o Irã por qualquer ataque contra os EUA no Iraque. Desde
maio de 2019, milícias apoiadas pelo Irã têm perpetrado dezenas de ataques com mísseis
contra as forças americanas especialmente contra a embaixada americana em Bagdá
que mataram um americano e três membros da coalizão internacional liderada
pelos EUA.
Mas há
exatamente um ano, os Estados Unidos mataram o líder da Guarda Revolucionaria
iraniana, Qasem Soleimani. E agora, no primeiro aniversário de sua morte, o Irã
colocou suas forças em alerta porque grupos pró-Irã podem querer atacar as
forças americanas na região ou atacarem Israel para vingar o assassinato.
Javad Zarif
há muito tenta culpar Israel pelas tensões com os EUA, acusando Benjamin
Netanyahu de querer provocar uma guerra. Zarif, que foi educado nos Estados
Unidos (e frequentemente fala em think tanks norte-americanos e é elogiado
nas capitais ocidentais), sabe que a linguagem que ele usa é projetada para
apelar às conspirações ocidentais que vê Israel por trás de todos os conflitos
do globo. Essa conspiração tem raízes antissemitas que datam da publicação dos
Protocolos dos Sábios de Sião, um livro fake publicado pelo Império Russo em
1903, que afirmava que os judeus procuram controlar o mundo e os culpa por
estarem por trás de todos os males, desde desastres econômicos e guerras.
A alegação
que Israel estaria por trás de ataques em nome do Irã para levar os EUA à
guerra é parte dessa história de culpar os judeus por conflitos que existe há
anos. Em 2003 ela foi usada para culpar Israel pela invasão do Iraque pelos EUA
e de outras guerras no Oriente Médio.
O líder antissemita
da Malásia Mahathir Mohammed disse à Organização da Conferência Islâmica que
"os judeus governam o mundo por procuração, eles fazem com que outros
lutem e morram por eles". Essa conspiração antissemita encontrou raízes em
grupos islâmicos, incluindo a Irmandade Muçulmana, o Hamas e claro, entre os membros
do regime em Teerã.
Alegações de
que "o Estado Islâmico foi criado por Israel e os EUA", foi outra
conspiração que os membros do regime do Irã espalharam no passado. Essas
teorias também encontraram seu caminho nos campus das universidades americanas
e inglesas e chegaram até a serem apresentadas por membros de partidos
políticos no Ocidente que tentam argumentar que Israel “se beneficia” de conflitos.
Em 2012, um
atentado terrorista no Egito foi atribuído a Israel, que teria supostamente “interesse
em matar egípcios”.
A teoria da
conspiração de Zarif foi projetada para culpar Israel se milícias apoiadas pelo
Irã atacarem os EUA no Iraque. É parte de um conceito cuidadosamente projetado
para buscar alavancar uma campanha silenciosa contra Israel no oeste que já
culpa Israel pela política dura de Trump sobre o Irã, ao insinuar que Israel é
o culpado pelas tensões EUA-Irã.
O Irã tem
frequentemente levantado esse ponto nos EUA para ganhar o favor de grupos
pró-Irã e algumas vozes no Congresso, afirmando que Israel é o problema e que
se apenas os EUA estendessem a mão então as coisas seriam melhores com o Irã.
Este ponto de
discussão busca usar Israel como bode expiatório para as más relações entre o
Irã e os Estados Unidos, ao invés de observar que foi o Irã que manteve os
americanos como reféns em 1979, que foi o Irã que ordenou ataques às forças dos
EUA na região e que grupos se vincularam ao Irã têm sido responsáveis por
ataques a judeus em lugares como a Argentina e ataques a Israel na região e no
mundo.
Esta parece
ser mais uma tentativa do Irã de espalhar libelos de sangue e conspirações antissemitas
inventadas pelo Império Russo para culpar Israel e os judeus pelos seus
próprios atos.
Além de estar
com uma economia em frangalhos, o Irã está engasgado com os EUA e Israel. O
assassinato de Suleimani pela América, os mais de mil ataques aéreos de Israel
contra alvos iranianos na Síria, o não reivindicado assassinato do chefe do
programa nuclear Fakhrizadeh são contas em aberto que o Irã está desesperado em
fechar.
Assim, o Irã
parece que está planejando um ataque e já preparou o terreno para culpar
Israel. Mas este tipo de acusação só traz mais descrédito ao regime do Irã e ao
reino das teorias de conspiração antissemitas. Este último tweet parece dar às
milícias do Irã no Iraque um ok para atacar os EUA, para o Irã poder então
culpar Israel.
Em
contrapartida, apesar da pandemia, Israel fechou o ano com quatro novos acordos
de paz que oferecem um potencial econômico enorme para o estado judeu. E tudo
com a aprovação do inimigo mor do Irã, a Arábia Saudita, que deve, em algum
ponto, também normalizar suas relações com Israel.
2020 impôs
muitas mudanças a todos neste planeta. Pessoal e coletivamente. Mas no Oriente
Médio, apesar da pandemia, Israel saiu mais forte. A aliança com os Emirados,
Bahrain, e Arábia Saudita, envia uma mensagem muito forte ao Irã e um aviso
para Biden. Para que a nova administração americana não reverta aos maus
hábitos do passado. Eles se uniram a Israel porque Jerusalem não vacilou frente
ao inimigo.
Não há
respostas fáceis para esta situação com riscos tão altos. Agora dependerá de
Biden se Israel escolher tomar uma ação decisiva contra o Irã, mais cedo ou
mais tarde.
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