Nos últimos meses enquanto a
mídia esteve ocupada com a guerra entre Israel e Gaza, a invasão da Ucrânia
pela Rússia, e o avanço do Estado Islâmico na Síria e Iraque as negociações com
o Irã para impedir os mullas de alcançarem a capacidade atômica, tomaram um
lugar secundário relegado a pequenas notas na quinta ou sexta página dos
jornais.
O último prazo para que os
Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia, China e Alemanha chegassem num
acordo com o Irã expirou no dia 24 de novembro último. O resultado desta rodada
foi a determinação de um novo prazo: dia 1º de julho de 2015. Como qualquer
pessoa preocupada com a possibilidade de fanáticos messiânicos convencidos que
cabe a eles trazerem o fim dos tempos adquirirem a bomba atômica, estou
profundamente enojada com a maneira pela qual estes países do ocidente estão
conduzindo estas negociações. Isto porque enquanto eles se reúnem para marcar
as próximas reuniões, o Irã está correndo com seu programa nuclear e talvez, o
próximo 1º de julho já seja tarde demais.
Mas estou particularmente
desgostosa com a notícia que o presidente Barack Obama teria escrito uma carta
secreta para o Supremo Líder do Irã, Ayatollah Ali Khamenei praticamente
oferecendo fechar os olhos para o programa nuclear em troca de assistência na
luta contra o Estado Islâmico. Esta carta não só eleva o status do Irã, mas
coloca o mundo em extremo perigo.
Neste ultimo final de semana,
Hillary Clinton fez um discurso na Universidade Georgetown em Washington no
qual ela disse que era preciso empatizar com os inimigos da América e entender
seu ponto de vista. Realmente a ideologia esquerdista de Obama enlouqueceu toda
esta administração. Um dia depois, a mídia está se perguntando se Hillary sabotou
sua candidatura à presidência dos Estados Unidos antes mesmo de anuncia-la.
O que mais espanta é que esta
é a esquerda que defende o direito das mulheres, dos homossexuais, que critica
severamente a polícia e qualquer forma de discriminação. As diárias violações
do Irã dos direitos humanos deveriam ter feito este país um pária entre as
nações há muito tempo atrás.
No Irã, mulheres vítimas de
estupro são executadas por “adultério”. Ácido é jogado nos rostos de moças que
não estão propriamente cobertas por hijabs ou chadors. Dissidentes políticos,
jornalistas e minorias religiosas são rotinamente presos, torturados e
executados. Homossexuais e muçulmanos que se convertem a outras religiões são
enforcados em guindastes nas ruas. Meninas são forçadas a casamentos arranjados
com velhos pedófilos e qualquer um que for pego roubando, mesmo um pão, tem sua
mão decepada.
De fato, desde que o chamado
“moderado” Presidente Hassan Rouhani foi empossado 14 meses atrás, o número de
enforcamentos de dissidentes só aumentou. Até agora foram 936 execuções.
Além disso o próprio
Departamento de Estado Americano lista o Irã como o maior responsável pelo
financiamento internacional do terrorismo, incluindo a Hezbollah, o Hamas, e o
Jihad Islâmico. Mas os líderes do Irã sabem muito bem negociar. Eles viram que
o discurso franco e direto de Ahmadinejad estava sufocando o país. Declarações
como “vamos apagar Israel do mapa” não eram construtivas. Então eles decidiram
mudar a tática para ao mesmo tempo acabar com as sanções econômicas e manter
seu programa nuclear.
Foi aí que entrou em campo
Rouhani, com seu rosto sorridente e apaziguador, perfeito para ludibriar os
idiotas do ocidente. Mas Rouhani não é um moderado. Em 1979 ele apoiou a tomada
da embaixada americana, o uso de terrorismo contra os Estados Unidos e assinou
a fatwa contra Salman Rushdie, o autor dos Versos Satânicos. Ele participou no
ataque ao centro comunitário judaico em Buenos Aires em 1984 que matou dezenas
de pessoas. Mas tudo isso não deve interferir com a percepção de “moderado” que
Obama tem dele.
Este é o problema com o uso
único da “diplomacia” para resolver os males do mundo. Diplomatas tendem a
fechar os olhos e os ouvidos para o que não se coaduna com sua percepção.
Enquanto o mundo se reúne para
marcar novas reuniões, o Irã continua a perseguir a bomba nuclear vigorosamente
rindo da nossa ingenuidade. A assistência que a administração Obama insistiu em
injetar na economia iraniana vai de 11 a 20 bilhões de dólares.
Foram as sanções que trouxeram
os iranianos para a mesa de negociação. Hoje, sem elas, o ocidente não tem
qualquer vantagem ou poder nestas negociações.
Obama estava tão contente de
conversar com os iranianos que ele inicialmente liberou 8 bilhões de dólares em
bens congelados desde 1979. Depois, quando o prazo de extensão das negociações
foi acordado em 4 meses, os Estados Unidos liberaram mais 2.8 bilhões. Depois
da segunda extensão, a América liberou mais 700 milhões só para os iranianos
continuarem negociando.
Isto teria valido a pena se os
iranianos tivessem brecado seu programa nuclear. Mas absolutamente nenhum
progresso do lado deles foi alcançado. Em sua campanha para presidente em 2008,
em relação ao Irã, Obama enfaticamente declarou que “todas as opções estavam na
mesa”, isto é, se diplomacia e sanções não funcionassem, a América usaria a
opção militar. Alguém acredita nisto hoje??
Em novembro do ano passado,
quando o Plano de Ação Conjunta foi assinado, permitindo os iranianos a
continuarem a enriquecer urânio a um certo grau de pureza, todos aplaudiram.
Esta foi a primeira de uma enxurrada de concessões. Hoje, peritos estimam que os
iranianos podem ter uranio puro suficiente para uma bomba em um mês ou dois. O
Plano ignorou o enriquecimento de plutônio e água-pesada em Arak e o fato que
enquanto o ocidente se concentrava em reduzir o trabalho das centrífugas
avançadas, o Irã estava instalando 5 mil novas centrífugas no país.
Ainda, quando o Irã violou o
teto de exportação de petróleo de um milhão de barris por mês, ninguém falou
nada. Nem a Casa Branca, nem os outros países envolvidos nas negociações. Nem
uma palavra deles também quando a Agencia Internacional de Energia Atômica foi
impedida de conduzir qualquer inspeção no país. E pior, o programa de mísseis
balísticos do Irã, que desenvolve o meio de carregar uma bomba atômica para o
alvo, foi totalmente negligenciado.
Não é de admirar que quando o
Plano foi assinado, Rouhani tuitou que “no acordo em Genebra, as potencias
mundiais se renderam à vontade nacional do Irã”. Também não é surpresa ouvir
Khamenei dizer quando das fracassadas negociações no mês passado que ele “não
discorda com a extensão das negociações como não discordei negociar”. Negociar
desta forma para ele é o melhor dos mundos. As sanções foram levantadas, seu
programa nuclear e balístico está indo de vento em popa, o mundo está contente
em marcar novas reuniões para chegar a lugar nenhum e quando o momento certo se
apresentar, os iranianos procurarão trazer o fim dos tempos bombardeando
Israel, algum país da Europa ou mesmo os Estados Unidos. Como o fez Hitler.
Esta não é uma negociação. É
um apaziguamento. E como Churchill disse, um “apaziguador é o que alimenta o
crocodilo esperando ser o último a ser comido”.
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